domingo, 7 de junho de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 Capitulo 21-22-24 A aventura da Dança.


- Nando -
─ Pessoal! ─ Dona Daisy entra na sala do escritório ─ quero que vocês dêem boas vindas para seu novo companheiro de trabalho ─ ela anuncia um rapaz meio baixo com pouco cabelo e cavanhaque que entra logo atrás dela ─ este é o Sailon.
Todos acenamos para o rapaz meio tímido, Daisy indica uma das mesas ao meu lado liga o computador e vai para o seu escritório.
─ Prazer ─ eu estendo a mão para o recém chegado ─ Eu sou Luiz Fernando Tuk ─ falo.
─ Peregrin Took? ─ ele fala apertando a minha.
─ Ah cara se você vai me comparar com um hobbit não aceito nada menos que o Merry, o Pippin é um metidinho que só atrapalha ─ ele ri.
─ Sou Sailon Roberto Waise ─ ele repete seu nome agora o dizendo completo ─ nossa nunca imaginaria que encontraria alguém que fosse entender minhas referencia de Tolkien neste escritório ─ ele parece aliviado.
─ Olha, a dona Daisy também entende ─ eu volto a atenção para a tela do meu computador.
─ Assistiu o filme do Hobbit que saiu no fim do ano passado? ─ ele me pergunta entusiasmado.
─ Vi ─ falei mal contendo o entusiasmo ─ muito bom, não vejo a hora de ver o ultimo.
─ Espere! Você não viu a batalha dos cinco exércitos? ─ ele me pergunta.
─ Sim ─ respondi o olhando ─ o que saiu no fim do ano passado, mas na parte boa do filme acabou! ─ eu falo indignado ─ não vejo a hora de sair o próximo para ver o fim.
─ Cara, mas a batalha dos cinco exércitos é o ultimo filme! ─ ele teima.
─ Da onde, o fim ficou incompleto! ─ eu também teimo.
─ Será que você não saiu no intervalo? ─ ele fala.
─ Intervalo? ─ repito.
─ É tipo, quando o filme é muito comprido o cinema divide em duas partes ─ ele disse.
─ Não pode ─ eu olho por cima do computador na outra mesa Marcelo finge olhar o computador ─ O Marcelo me disse que isso não acontecia nos cinemas daqui! Quando o povo começou a sair da sala nós saímos junto ─ Marcelo repara meu olhar, ele sorri.
─ Cara, me admira depois de todo esse tempo em que nos conhecemos, você ainda acredita nas coisas que eu falo.
─ Você sabia seu idiota! ─ eu explodo.
─ Luiz Fernando ─ dona Daisy fala ríspida ─ isso é jeito de tratar um colega de trabalho? ─ eu não tinha reparado nela ─ os dois já para minha sala!
─ Não acredito que você fez isso ─ eu resmungo para ele.
─ Me admira você que é fã daqueles filmes idiotas, não saber que aquele era o ultimo!
─ Por isso que aquela guria da bilheteria que você saiu depois disse que poderia perder o emprego...
─ Por sair antes Dã! ─ ele completa.
─ O dona Daisy ─ Marcelo entra na sala ─ pintou o cabelo é? Que chique!
─ Ai você reparou! ─ Daisy fica toda cheia de si ─ fez mais do que aquele pulha do meu marido, mas não venha de galanteio para o meu lado, vocês dois ─ ela aponta para mim e meu primo ─ tem que aprender a trabalhar juntos ─ ela pega uma pilha de papeis de cima da mesa, eu quero os dois trabalhando nisto aqui! Hora de pararem com essas intriguinhas ─ ela levanta e contorna a mesa coloca uma mão no meu ombro e a outra no de Marcelo e nos envolve em um abraço ─ vocês são família gente! Quero os dois debruçados nestes arquivos hoje mesmo!
─ Mas... ─ eu começo.
─ Mas nada! ─ ela nos solta de nosso abraço.
─ É que hoje a tarde é minha folga! ─ eu falo.
─ Folga? Quem é que inventou de te dar isso? ─ ela senta-se em sua cadeira.
─ Você mesma ─ respondo sem graça.
─ Ah! ─ ela tira os óculos ─ é mesmo, bom começam amanhã então! Dispensados.
******MAIS TARDE*****
Chego em casa pouco depois das uma da tarde, passei na banca e deixei metade do meu salário para o dono dela, tenho planos de passar o dia deixando a leitura em dia. Encontro com Daiane na sala ela me olha com uma melancolia.
─ Boa tarde! ─ ela cumprimenta.
─ Ola ─ eu cumprimento ─ Tudo bem? ─ falo deixando as sacolas no sofá e sentando ao lado dela.
─ É ─ ela da de ombros ─ chegou cedo! ─ ela fala.
─ Estou de folga ─ falo para ela abrindo um sorriso, ela também sorri.
─ Ah! Então já tenho companhia para ir buscar os figurinos! ─ ela fala alegre, havia me esquecido que o espetáculo de dança dela era no fim de semana, penso em negar, mas como posso dizer não aquele sorriso com as covinhas que ela dizia não existir?
─ Pode ser ─ eu falo ─ não tenho planos para hoje ─ ela me abraça.
─ Ai que bom ─ ela fala.
Depois de dez minutos de ido se arrumar Daiane volta e nós saímos no carro dela, ela me puxa pela porta suas unhas cravam fundo na minha carne com a força.
Part2
***
- Marlon -
A porta está aberta.
─ Ai Jesus! ─ murmuro para mim ─ entro não entro? ─ estico a mão depois a recolho como se a porta estivesse pegando fogo! ─ Coragem Ma-mah! ─ dou um tapa na minha cara respiro fundo e entro ─ Olá! ─ eu grito ─ Ane? ─ chamo, ouço um gemido de resposta do sofá.
─ Ane? Você está bem?
─ Hão É ─ Ouço o gemido novamente e se aproximo.
─ Desculpe, não entendi... Marcelo o que você faz aqui? Não devia estar no trabalho? ─ não acredito, Marcelo tem fugido de mim desde o dia das mães, mas agora está sentado no sofá, tem um termômetro na boca uma bolsa de água quente enrolada por uma faixa na cabeça e estava enrolado em um cobertor mesmo hoje fazendo um dia quente, ele soava rios ─ Você está bem?
Eja a hurperhanhuhah ─ ele balbucia.
─ Ai deve ser grave, ta com a língua presa, não consigo entender o que você diz docinho. ─ falo pegando o termômetro da boca dele.
─ Não boco, pedi para você ver a temperatura ─ ele fala agora sem o termômetro ele fala normal, eu olho o nível de mercúrio.
─ Não, febre você não tem, sua temperatura está normal, o que você está sentindo?
─ Cara, to muito mal ─ ele muda o tom de voz para um tom doentio ─ pedi até despensa do trabalho, não sei o que acontece comigo.
─ Nossa, amor o que você tem? Conte para mim.
─ Eu já venho sentindo isso há um tempo ─ ele começa puxando o cobertor mais para perto do pescoço ─ acontece quando estou tratando alguém bem.
─ O que? ─ eu começo a ficar preocupado.
─ É... hoje eu estava sendo, como se diz... Gentil com uma senhorinha na rua, e ela me tratou bem, e eu senti ─ ele faz uma pausa e arregala os olhos ─ bem aqui ô ─ ele coloca a mão tremula no peito ─ senti um comichão no peito! Tipo uma cosquinha sabe? ─ eu fiquei esperando, “quando é que ele vai começar a falar os sintomas?” penso eu quando ele recomeça ─ será que é grave? Deve ser algum tipo de vírus ou... sei lá um parasita! ─ ele fala assustado, eu o avalio decidindo se ele esta falando sério ou curtindo com minha cara, não consigo decidir.
─ Você está dizendo de algo como um calor no peito? ─ pergunto.
─ Sim!  ─ ele concorda.
─ Deve ser o ultimo resquício de humanidade reagindo a este ato de gentileza e colocando uma das mãos para fora do buraco negro que é seu peito ─ ele é rápido, me pega pela gola da camisa e me puxa para ele.
─ Exatamente! ─ ele quase grita, parece estar mesmo preocupado ─ como é que eu me curo disso? ─ os olhos deles piscam aceleradamente como os de um louco.
─ Shiii! ─ eu lentamente abaixo as mãos dele ─ Você vai ficar bem, querido você vai ficar bem... ─ ...você está além de qualquer salvação.
─ A Ane ta? ─ pergunto, ele se encosta no sofá ainda tremendo e piscando.
─ Não, encontrei com ela arrastando o Nando para a garagem mais cedo.
─ Ah, sim, eu falo com ela depois então ─ saio se afastando sem fazer movimentos bruscos ─ melhoras viu!
─ Obrigado! ─ ele responde colocando o termômetro novamente na boca. Fecho a porta e me encosto na porta fechado suspirando.
─ Ele parece ter perdido o juízo de vez! ─ falo para mim mesmo ─ acho que melhor eu nem tentar arrancar a verdade sobre o carnaval dele neste estado.
**** À noite ****
- Nando -
O apartamento esta sombrio. Marcelo foi para o quarto mais cedo que o normal, não parecia estar muito bem, estava lendo no meu próprio quando começo a ouvir uma musica instrumental vinda do corredor dos quartos.
─ Olá? ─ pergunto em voz alta da porta do meu quarto, a musica está mais alta ali, não o volume me intriga, pois a Ane vive com o som no ultimo, mas musica clássica? Geralmente é Charlie Brow.
Começo a andar pelo corredor e confirmo que a musica vem do quarto dela, a porta está entre aberta, reparo pela primeira vez ali dentro, durante o tempo em que moro ali nunca tinha visto o cômodo.
O quarto de Daiane é enorme pelo que posso ver pela fresta da porta, todo espelhado, vejo um vulto correndo por ele, me aproximo mais, e reconheço Ane está dançando ao ritmo da musica, ela saltita de um pé ao outro, rodopia e faz gestos com as mãos, todo seu corpo em movimentos muito bem ensaiados. Ela está vestindo uma roupa colante, e uma saia de bailarina e sapatilhas, tudo em negro. Ela vai de um lado a outro do cômodo a passos largos e com a cabeça erguida e de postura ereta, um passo, dois passos no terceiro a perna dela não suporta seu peso e ela cai no chão.
─ Droga! De novo! ─ ela grita de raiva e dor. Eu por impulso entro no quarto quando os pratos da orquestra explodem no auto falante.
─ Ane! ─ eu chamo, ela se vira assustada vejo que está a beira das lagrimas ─ você está bem? ─ pergunto me aproximando.
─ Sim ─ ela fala virando a cara levando as mãos ao rosto para limpar as lagrimas, ela se levanta e vai para perto do som.
Eu então reparo no quarto inteiro, como tinha reparado pela porta ele é enorme, uma parede dele é coberta por espelhos, e uma barra daquelas que vi em escolas de dança, de um lado a outro. A cama, muito espaçosa, está encostada na parede oposta, ao lado na parede uma estante com um som muito potente e uma TV. No chão de frente da estante ao lado da cama espalhadas dezenas de almofadas, e nas paredes pôsteres do Charlie Brow e da Maria Gadu.
─ Desculpe a invasão ─ eu falo sem jeito, ela desliga o som e aumenta as luzes ─ É que eu a vi caindo e pensei que tinha se machucado, não precisa parar por mim eu já vou...
─ Não ─ ela fala se jogando no chão em cima das almofadas ela abraça as pernas em frente do corpo ─ Fica.
─ Você está bem? ─ pergunto de novo me aproximando ─ notei que você está meio triste esses dias.
─ Não é nada ─ ela da de ombros ─ são os “ajigejigenas” ─ ela responde.
─ O que? ─ pergunto.
─ Você sabe, pessoas verdes que vivem nos céus, Ajigejigenas.
─ Ah ─ respondo sentando ao lado dela ─ Alienígenas.
─ Isso ─ ela concorda ─ eu não consigo falar isso, e eles vivem aqui ─ ela aponta para a própria cabeça ─ a musica alta espanta eles ─ ela sorri ─ mas agora estava só repassando os passos do espetáculo.
─ Estava lindo ─ falo, ela sorri mais ─ mas conte para mim, estes tais de ajigejigenas por que estão te incomodado? ─ ela suspira ─ vamos lá, a boatos de que eu sou um bom amigo, um ouvinte excelente ─ eu a encorajo.
─ Certo ─ ela dobra as pernas ao lado do corpo uma mão apóia em um dos joelhos a outra coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha ─ é que ─ ela começa para um pouco me olhando nos olhos ─ eu estou saindo com uma garota ai ─ apesar de a dor me fustigar o peito consigo sorrir.
 ─ Acho que já passamos por essa faze ─ eu falo ─ eu sei que você gosta de meninas ─ ela sorri.
─ Não bobo, acho que com essa é sério ─ ela continua ─ estamos nos conhecendo mais acho que gosto realmente dela.
─ Hum ─ eu murmuro ─ e isso não devia ser bom?
─ É sim ─ ela parece procurar as palavras certas ─ mas é que agora que estou bem com ela a outra quer voltar.
─ Desculpe! Tem duas? ─ ela sorri com malicia.
─ Bom sabe como é né? ─ resisto o impulso de responder “não, não sei” ─ a outra é uma ex, tipo eu gostava muito dela, gosto ainda, mas eu sofri muito por ela sabe, quando eu era louca por ela, ela me esnobava agora fica me atentando, por que as coisas são assim? Por que a pessoa espera a gente encontrar outra, uma que te faz bem, espera você estar bem, para vir confundir a cabeça da gente? E pior por que a gente só se apaixona pela pessoa errada!
─ Olha se você que é mulher ─ eu paro a frase para pensar como ela soa estranha, mas ela parece não notar, continuo ─ não entende a cabeça das mulheres, quem dirá eu que nunca namorei! ─ eu rio ─ mas uma coisa eu digo, vejo muito por ai ─ eu continuo ela me olha atenta achava impossível ela ficar mais bela, mas estava ela agora, seu cabelo não tinha reparado antes, mas estava solto e molhado de suor e, acho que por isso, tinha ficado meio crespo, parecia, outra pessoa diria que ele estava rebelde, mas para mim estava lindo,e é nesta hora que eu penso “pare com isso seu idiota, a guria ali dizendo a você que está namorando COM OUTRA GURIA e você pensando em planos mirabolantes de ficar com ela!” respirei fundo “já passou da hora de você se conformar em ser o que ela precisa não é?... um amigo”.
“ O mundo é cheio de gente que não consegue ver outra pessoa feliz, e faz de tudo para estragar a felicidade dos outros, aposto que essa outra ai, nem gosta de você ─ eu digo a ela, e franze o nariz ─ esperou te ver com outra para correr de atrás de ti! Tivesse valorizado antes. Esqueça ela, e seja feliz, e sobre se apaixonar pela pessoa errada, ouvi uma vez que nós escolhemos o amor que achamos que merecemos. E você mereço muito, você merece ser feliz ─ falo a ela.
─ Ual, quem falou isso? ─ ela pergunta.
─ Ah o Marido da Phoebe do Friends ─ respondo sorrindo, não sei por que disse aquilo ela não iria entender nenhuma das duas referencias, afinal ela era a Daiane, como esperado ela não responde, em vez disso me abraça.
─ Obrigado acho que era isso que eu precisava ouvir ─ depois ela se separa do abraço me segura pelos ombros e me olha no fundo dos olhos ─ se você contar isso para o Marcelo eu te mato! ─ ela fala ─ estou há anos luz a frente dele no quadro, mas uma, conta uma vez só! Não posso perder a faixa este ano!
─ Pode deixar por mim ele não fica sabendo.
Part3
*****No espetáculo****
─ Escute aqui ─ eu barro a passagem de Marlon, um tanto estranho esta cena, pois ele com meio corpo de altura a mais do que eu e o dobro de massa muscular se encolheu todo diante de mim, continuei ─ a Ane está uma pilha de nervos, não quero você e o Marcelo brigando pela verdade do carnaval, pelo menos por hoje esqueça esta história.
Marlon faz a cena de alguém jogando o cabelo para trás mesmo ele não tendo cabelo para jogar, suspira e diz.
─ Rum, tudo bem seu baixinho invocado, agora pode me dar licença? ─ eu saio da frente da porta ele entra no apartamento ─ ah ai esta você, que linda nossa bailarina! ─ ele fala Daiane nem esta vestida com o figurino, apenas maquiada, manda beijinhos para ele de passagem.
─ E já vou indo, estou atrasada! ─ ela passa por mim correndo ─ vejo vocês mais tarde!
─ Nós já vamos indo? ─ Milena fala, levo um susto, não havia reparado em sua presença silenciosa, ela se veste toda de preto o cabelo meio azulado preso por uma tiara roxa ela explode uma bola de chiclete depois de falar.
─ Acho que sim ─ respondo ─ Marcelo vamos! ─ eu grito.
─ Rum, não vai dar um piti agora ─ Marlon fala saindo do apartamento, Marcelo, vem dos quartos, esta vestido com a roupa de dormir e meias brancas.
─ Ah podem ir, eu não estou afim ─ ele fala coçando a barriga e indo para o sofá.
─ Que história é essa? ─ eu grito ─ a Ane está esperando por nós, reservou lugares e...
─ É até sei, mas ver um monte de meninas de colante saltando de um lado para o outro feito macaquinhos treinados não é muito meu estilo, hoje tem futebol na TV.
─ Seu egoísta miserável ─ falo entrando no apartamento ─ você vai nem que eu tenha que arrastar você até lá ─ ele me olha sério aponta o indicador para o meu nariz estreita os olhos e fala:
─ Do que me chamou?
─ Egoísta...
─ Isso! ─ ele salta ─ eu consegui! Estou curado! Não havia com o que me preocupar afinal, isso é algo natural meu!
─ Do que você esta falando? ─ pergunto a ele ─ ah esquece dez minutos e quero você lá em baixo! ─ falo saindo do apartamento e bato a porta atrás de mim, Marlon e Milena estão me olhando assustados de olhos arregalados.
─ Cruzes, a Ane deixou ele sem focinheira ─ sussurra Marlon, Milena estoura outra bola de chiclete.
─ Vamos? ─ falo aos dois, eles concordam.
Part4
Uma hora mais tarde estamos na fila na frente do Teatro Municipal, cartazes anunciam o espetáculo, o Tetro esta lotado, pessoas com roupas elegantes preenchem as cadeiras e esperam o inicio da apresentação.Nós encontramos nossos acentos e esperamos.
As luzes se apagam e uma musica suave começa a soar dos alto-falantes. A cortina se abre o cenário de um quarto de menina está preparado,um holofote se acende no meio do quarto iluminando uma mulher toda vestida com um figurino de prata está de pé parada em uma pose de bailarina, ela está na ponta dos pés, de pernas cruzadas, braços erguidos, um em arco acima da cabeça e o outro na frente do corpo, com a cabeça meio inclinada.
Começo a ouvir sons de mastigação muito altos.
─ Tem gente que não tem educação mesmo ─ resmungo, naquela escuridão não consigo ver quem é o mal educado que com certeza esta comendo de boca aberta...
─ Amendoim? ─ Marcelo que está sentado ao meu lado me oferece um saquinho.
─ O que? Tinha que ser você mesmo, onde arranjou isso.
─ Ah! Tava aqui no banco quando sentei ─ vejo a sombra dele dar de ombros ─ deve ser brinde...
─ Shiiiii ─ duas senhoras que estão na fileira de frente a nossa nos repreende pelo barulho.
─ Não faz Shiii pra mim ─ Marcelo resmunga de volta.
─ Cala a boca Marcelo, e vê se mastiga de boca fechada!
A narradora do espetáculo já conta a história da apresentação, algo que me lembrou a história do Pinóquio, a mulher de prata era na verdade uma boneca de lata, que queria virar uma menina de verdade para poder brincar com a menina dona daquele quarto. Depois a “Boneca” inicia uma jornada estilo Alice no pais das maravilhas e mágico de Oz.
O cenário mudava a cada vez que acortina se fechava, e representava uma parte diferente de uma floresta, Daiane apareceu três vezes dançando como uma das personagens que a Boneca encontrava em sua trajetória, a cada vez que ela aparecia meu coração saltitava no peito. Nunca tinha assistido um espetáculo de dança antes, mas estava achando aquilo tudo, mágico.
─ Ainda bem que eu me convenci em vir ─ falou Marcelo como se para si mesmo.
─ Ah foi você? ─ Milena ri de deboche ─ a cena do Nando quase te mordendo não teve nada a ver com sua decisão?
─ O que? ─ Marcelo parece confuso ─ não, na verdade nem ouvi o que ele me disse, me convenci quando eu mesmo disse: “ Meninas de colante saltitando” ─ não vejo, mas posso prever o sorriso malicioso de Marcelo se desenhar em seu rosto.
A história acaba com a boneca conseguindo virar uma pessoa de verdade, e todos as bailarinas surgem no palco e acabam dançando ao som de uma musica da Xuxa.
Todo o teatro ficou de pé para aplaudir, aplaudimos por dois minutos inteiros. A cortina se fechou e o pessoal começou a esvaziar o teatro.
─ Vamos lá no camarim?  ─ Marlon salta da poltrona, está tão entusiasmado que mal cabe em si.
─ Mas é claro! ─ Marcelo passa na frente de Marlon e sai em disparada.
─ Tarado! ─ Marlon grita quando ele passa.
Quando chegamos atrás das cortinas Daiane vem correndo em nossa direção e tenta nos envolver a todos em um único abraço.
─ O que vocês acharam? ─ ela pergunta animada.
─ Lindo ─ responde Marlon aplaudindo.
─ É... ─ Milena da de ombros sorrindo.
─ Maravilhoso ─ eu falo, ela sorri ─ só não gostei que você apareceu bem pouco ─ continuo.
─ É o coreografo me tiro de umas partes por que ele disse que eu não tinha comprometimento só por que eu não aparecia em alguns ensaios ─ ela da de ombros depois começa a gritar ─ Viu Jonathan meus fãs sentiram minha falta seu recalcado!
─ Será que eu posso dar os parabéns também? ─ ouço uma voz feminina vinda de trás, os olhos de Daiane chegam a brilhar.
─ Claro que pode ─ Daiane responde indo abraçar a recém chegada ─ o que achou Bru?
Olho para a moça a qual Daiane se aproxima, um moça bonita de cabelos rubros e curtos, do mesmo tamanho de Ane, quando ela se aproxima as duas se beijam em um selinho rápido, mas o suficiente para atrair a atenção e os murmúrios de reprovação das outras bailarinas e suas famílias.
─ Você esteve linda, toda produzida na “seducência” ─ a ruiva fala, nesta hora ouvimos gritos vindos do camarim, Marcelo vem de lá na defensiva.
─ Foi mal, porta errada moças! ─ ele grita em resposta.
─ Bruna deixe eu apresentar você ao pessoal! ─ Daiane trás bruna para junto de nós.
─ Pessoal essa é a bruna, minha hã... ─ ela olha para Marcelo ─ amiga.
─ Oi ─ respondemos todos acenando.
─ Eu acho que vou indo ─ digo ─ vou chamando o taxi.
─ Não precisa, eu levo vocês ─ Daiane responde.
─ Eu, tenho que passar em um lugar antes, vejo vocês depois ─ e começo a me afastar, já estou atrás descendo do palco quando Marcelo me alcança.
─ Nando! Espere ai ─ ele vem correndo ─ Viu você que é mais reparador nestas coisas ─ ele olha para onde os outros estão ─ aquela não é uma das guria que saiu do quarto da Ane no carnaval?
Agora que ele me pergunta, a memória volta a minha mente, sabia que já há tinha visto antes.
─ Acho que é ─ concordo, ele sorri e começa a estalar os dedos.
─ Nesse lugar que você disse que vai ─ ele fala ─ me da carona? ─ ele pergunta ainda rindo.
─ Para onde você vai? ─ pergunto.
─ Qualquer festa que encontrar ─ ele olha novamente para trás ─ está na hora do papai tomar a frente no quadro.