segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

série - historias de músicas


               os dois amores de um pescador.

 Carlos não era tão velho ainda estava em seus dezesseis anos, mas desde muito cedo aprendeu a falar com o mar, Carlos era órfão de pais fora criado por seus tios, pescadores também, moravam em uma casinha que dava para o mar ficava perto das pedras construída na areia, da praia da enceada o ano era 1970, ainda podia ter construções a beira mar.Estava calor, muito calor como fazia esses dias em São Francisco do Sul, no litoral norte de santa Catarina, era março, dava no jornal que a culpa do calor era por causo das erupções solares, não haviam turistas, as praias eram deles, daqueles que sempre viveram naquela cidade maravilhosa. Dos pescadores.
 Carlos adorava a vida que levava, acordava sempre muito cedo ia com o tio pescar, saia com o barco antes mesmo de o sol sair do horizonte, tanto antes que quando o sol despontava a leste eles já estavam em mar aberto, a praia não passava de um borrão branco.
- vamos jogar aqui hoje! – disse seu tio, ele sempre dizia isso, e sempre jogavam no mesmo lugar, jogavam a rede e viravam para fitar o sol, ficavam horas olhando o sol em silencio, não conversavam sobre nada, só ouviam o som do mar as gaivotas que cercavam o barco, o balançar do barco era o que Carlos mais gostava,
 Seu tio puxava uma reza antes de puxar a rede, pedia a Deus que tivessem enchido sua rede, mas não era por isso que Carlos rezava, Carlos pedia por ela, ela que era o amor da sua vida.
 Todas as noites Carlos pegava o barco do tio e saia a navegar pelo mar, não tinha a permissão para isso, sua tia iria o acorrentar ao pé da mesa se descobrisse o que ele fazia, ela dizia ser perigoso o mar, principalmente de noite, mas Carlos não tinha medo, ele sabia quando o vento iria virar, conhecia o mar ele era seu único amigo chegou a pensar antes de conhece-la que ele era seu único amor, conversava com as ondas como se elas fossem sereias, quando já estava bem longe, deitava no pequeno convés cruzava os braços atras da cabeça e olhava as estrelas e a lua, e adormecia ali mesmo em auto mar. voltava no meio da madrugada, e ancorava o barco aonde seu tio deixava e voltava para a casa antes de sua tia acordar para fazer o café, assim ela não descobria seus passeios noturnos e assim a vida prosseguia, todo dia era assim, menos naquele.
 Carolos puxava o barco de seu tio para a praia, quando ouviu uma risada, seu rosto penicou, ele se virou rápido.
- quem está ai? - perguntou ele fechando a mão em punho - tú, aparece antes que eu grite.
- shii! - veio a resposta de trás das arvores - nós viemos em paz, só queríamos ver o nascer do sol - três meninas saíram do escuro uma morena, outra ruiva, e a outra loira, a lua iluminou a pele da loira deixando sua pele branca mais branca seus olhos castanhos se destacaram, ela sorriu, ele soube que sua vida agora era ela.
- chegaram quase para ver o pôr do sol de tão cedo - disse ele.
- como? 
- as gurias chegaram muito cedo - explicou ele - o sol só arriba depois das 6 horas, e agora não são nem quatro.
- como você sabe? - perguntou a morena.
- eu sei! - respondeu ele sem tirar os olhos das loira, ele sabia não sabia explicar.
- eu te falei rebeca - falou a loira - é muito cedo.
- eu sei Jana, mas era sair agora ou não sair, tua mãe não ia deixar nós sairmos de madrugada por ai sozinhas e a ale ia ir em bora sem ver o nascer do sol.
- sua mão tem razão - disse Carlos - é muito perigoso para três gurias sozinhas andarem por ai, tem muito neguinho safado por ai, e também tem os maconheiro.
- nós não temos medo - disse a morena rebeca - e você veio do mar a essa hora, você não tem medo?
- não! - respondeu ele - o mar é meu amigo.
- você podia levar nós contigo na próxima vez! - pediu Jana. 
- o que? - disse a ruiva ale.
- é podia? - perguntou rebeca. 
- eu não sei!
- ué ta com medo do mar? - desafiou rebeca.
- não! o mar é meu amigo - repetiu Carlos.
- então prove! - desafiou rebeca novamente, caminhando para perto do barco.
- por favor! - pediu Jana.
- amanhã! - disse Carlos - as 9:30 da noite, quando meus tios estiverem dormindo.
- amanhã! por que não hoje?
- por que minha tia tá acordando, e ela me mata se sabe que eu saio de noite com o barco do tio.
- tá bom amanhã - disse rebeca - vamos meninas - ale  foi junto com rebeca, mas a loira ficou um pouco mais.
- então até amanhã! é...
- Carlos! - disse ele - meu nome é Carlos.
- então até amanhã Carolos - e saiu correndo atras das amigas.
- até amanhã - sussurrou Carlos.
No outro dia as nove e trinta, Carlos ficou sentado na popa do navio olhando para o céu, quando ouviu elas o chamarem.
- psiu! - veio de trás da arvore - a barra ta limpa? - era a voz de rebeca. 
- tá! - respondeu ele, e as três amigas saíram de atrás da árvore, rindo como no dia anterior.
- já tava saindo sem vocês.
- tú não era nem loco - disse rebeca - nós abria um berreiro que acordava tua tia,a se abria.
- é mentira dela, moço - disse a loira - então vamos?
- ah claro, só um minuto - Carlos começou a empurrar o barco quando a maré já o encontrava ele saltou para dentro - todos abordo? - ele tinha visto o capitão de um barco de turistas falar isso antes de sair para visitar as ilhas.
- claro que não ainda estamos aqui - as meninas tiveram dificuldades para vencer a maré, era como se o mar soubesse que ali estava a moça que iria roubar o amor que Carlos tinha pelo mar, e estava com ciumes. 
ele deu a mão para que elas subissem no barco.
- fede a peixe! - disse rebeca quando subiu.
- calada rebeca - disse jana. 
- então para onde vocês querem ir?
- não sei para aonde você sempre vai.
- está bem.
Carlos levou o barco para onde sempre levava, não falou com as ondas desta vez e nem reparou, quando elas começaram a bater muito forte contra o barco foi que ele as reparou, e começou a falar com suas amigas as "sereias".As ondas se acalmaram, e as meninas riam dele.
- o que ele esta fazendo? - perguntou ale baixinho.
- o mar é amigo dele - respondeu Jana - eles devem estar conversando.
Um tempo depois ele parou.
-é aqui! - Carlos disse. 
- o que?
- é aqui que eu sempre venho.
- ah não parece grande coisa - disse rebeca - quero voltar.
- voltar? - repetiu jana.
- sim não aguento esse cheiro de peixe podre - e não á nada para ver aqui esta tudo escuro quero voltar.
- mas!
- mas nada eu quero e nós voltamos agora.
 - nós podemos voltar? - perguntou jana.
- hã.. claro - respondeu ele.
voltaram e logo que chegaram as três saíram correndo, nem se despediram.
no outro dia as 9:30 jana voltou sozinha, Carlos já estava levando o barco para a água. quando ele o chamou.
- ei espere! - disse ela - eu posso ir junto desta vez?
- para que? - perguntou Carlos - não á nada para se ver lá, é tudo escuro.
- tá brincando se estiver  metade estrelado quanto ontem já vai ter muita coisa para ver.
- se é assim - ele ajudou ela subir no barco.
novamente só falou com suas sereias quando elas quase tombavam o barco.
- com que você fala?- perguntou a menina.
- com elas hora!
- elas quem?
- as sereias! 
- que sereias?
- essas que vem de encontro ao barco.
- ah - ela fingiu entender - e o que elas falam?
 Uebaruê iô - respondeu Carlos.
- e o que isso significa.
- isso eu não sei.
-ah.
- pronto chegamos. - anunciou ele.
- puxa esta mais bonito que ontem.
- está mesmo. 
- o que você faz quando fica aqui? 
- eu? hã - ele pensou um pouco - não faço nada.
- como é?
- eu deito ansim ó - ele se esticou no pequeno convés como sempre fazia e ficou a olhar as estrelas.
- parece legal eu posso? 
- claro! hã deixa eu chega um pouquinho para o lado.
- não assim esta ótimo - ela deitou ao lado dele e ali eles ficaram em silencio, olhando para o céu, foi assim naquele dia e nos outros que se seguiram, conversavam de nada e falavam de tudo, não sabiam o que aconteciam entre eles por que não conheciam o amor ainda.
- então quem eram as meninas que vieram no primeiro dia com você?
- elas ah são minha amigas.
- vocês são daqui mesmo?
- eu e a rebeca somos! - respondeu ela - só a ale que não ela veio passar as ferias por aqui.
- ferias em março? pensei que os turistas saíam fora daqui da ilha no máximo em fevereiro.
- pois ela está de ferias até a páscoa.
- ah.
o mar começou a se revoltar, as sereias de Carlos as quais a dias ele não falava jogavam o barco de um lado para o outro, Carlos levantou do convés e começou a acalmar elas, jana se levantou também, e uma onda acertou o barco fazendo com ela perdesse o equilíbrio caísse nas águas escuras do mar.
- jana! - gritou ele que se jogou atrás dela mergulhou mas não encontrou nada não enxergava nada no escuro, pedia para que as sereias se acalmassem, e quando elas se acalmaram gritou por janaína desesperado, quando ouviu a gargalhada dela vindo do barco.olhou para lá e seus olhos encontraram com os dela.
- qual é a graça? - perguntou ele.
- você acha que é o único que sabe nadar por aqui? eu também nasci em são chico dã!
depois daquele dia, não ficavam apenas a conversar olhando as estrelas, agora nadavam também a luz das estrelas de são chico.
outro dia o céu se fecho, e o mar ficou violento. foram três dias de tempestade e eles não puderam fazer seus passeios.no amanhecer do quarto dia o sol nasceu novamente e tudo voltara ao normal, Carlos fora pescar com seu tio, e pegaram tantos peixes que seu tio pediu para que Carlos o ajudasse a levar eles para o mercado de peixe.
- Hoje você vai conhecer o homem mais rico da ilha filho, o dono do mercado, se existe homem mais rico que ele aqui em são chico eu não conheço.
 levaram os peixes com o barco ao mercado, la chegando foram recebidos pelos amigos do tio, Carlos nunca tinha visto tanta gente chamar por seu tio, ele era conhecido no mercado como "são Pedro", pois não tinha pescador que pegasse mais peixe que ele, os outros diziam que ele fazia milagre, contavam tantas historias, contavam que os peixes saiam voando do mar para seu pequeno barco, seu tio concordava com todas as historias e aumentava tanto elas que se Carlos não tivesse ido jundo com ele pescar todos esses anos era capaz de acreditar nas historias por ele contadas.
enquanto seu tio ia negociar os peixes que eles tinham trazido, Carlos foi andar pelo mercado, e quase não acreditou no que viu, mais a frente rindo de alguma coisa qualquer, estava jana, quando ela o viu, seu sorriso morreu e ela ficou preocupada, olhou em volta, Carlos acenou e ela saiu correndo, ele não entendeu nada e a seguiu, ela parou em um lugar distante na saída do mercado ele a alcançou.
- o que você esta fazendo? - perguntou ela.
- eu só queria falar com você, estava com saudades, não parei de pensar em você nem por um momento.
- eu também - ela falou em um sussurro - mas aqui não dá para nós nos falarmos, se meu pai pega nós dois aqui, e minha amigas então! não não podemos nós falar aqui.
- ah ai esta você jana, te procurei por todo o canto - era rebeca - o que ele esta fazendo aqui? - ela perguntou quando viu que Carlos estava ali também.
- ela ah nada ele já estava indo em bora, só me reconheceu e veio me pedir algum - rebeca gargalhou alto.
- você é muito boazinha jana - disse rebeca - anda cai fora daqui, vai trabalha seu vagabundo - disse rebeca para Carlos - seu pai esta te chamando jana, vamos.
Carlos voltou cabisbaixo para perto do barco.
- ah ai esta você - seu tio disse ao lhe ver - venha aqui Carlos, a uma pessoa que quer lhe conhecer, seu Leonardo - disse o tio, este é o meu sobrinho Carlos.
- ah ai esta o famoso guri que conhece o mar como a palma de sua mão!
- seu Leonardo vai abrir uma companhia de turismo Carlos.
- e estou procurando gente daqui, que conheça o mar que o trate como alguém da família, filho seu tio disse que você é um desses, você é?
- o mar é meu amigo senhor! - respondeu ele.
- ótimo então, temos que começar a treiná-lo você terá que ir para a escola, minha filha poderá lhe ajudar, aonde esta ela? ela estava bem aqui, você vai gostar dela, vão ser grandes amigos - Leonardo olhou em volta - jana - gritou.
- o que pai? - janaína veio correndo para onde eles estavam.
- ah ai esta ela, jana quero que conheça seu novo colega de aula, Carlos essa é janaína - os dois ficaram tão surpresos que suas feições gritavam isso, mas ninguém reparou.
Carlos voltou para a casa, sem falar nada, naquela noite não saiu de barco, pois janaína não veio em vez disso, foi a nado até um pedaço e ficou boiando olhando dali as estrelas ouvindo o lamento do mar. O mar estava calmo de mais naquela noite, no outro dia quando seu tio voltou do mercado disse, voltou com o barco todo cheio de peixe, pois o mercado estava fechado.
- uma tragédia - disse seu tio - a filha de seu Leonardo, aquela guria bonita, que você conheceu ontem sabe?
- janaína?! o que tem ela?
- não vê que ela foi com as amigas e uns guri lá para as banda do forte, e o mar se abriu em um buraco, não é que a guria morre afogada.
Carlos se desmanchou em lagrimas, pensou em todas as conversas que eles tiveram, pensou no sorriso dela, e odiou o mar, por isso  mas não se pode odiar o mar por muito tempo, ainda mais quando toda a vez que ele saia para pescar com o tio ouvia o mar pedir desculpas.
Carlos, soube, o mar lhe contou, que talvez não foi nesta vida,mas ela ia ser a sua minha vida ainda, então eles iriam fugir para o mar que não ia interferir mais, ele vai pedir para namorar, ela irá dizer que vai pensar, mas no fim vai lhe beijar, sem ter mais mentiras para lhe ver, sem amigos para esconder, tinha fé que tudo vai dar certo. Uebaruê iô, "sou pescador sonhador", ia dizer isso toda vez que fosse rezar para deus nosso senhor, que ela é o amor de sua vida, pois não dá para viver nesta vida morrendo de amor, ai uma abelhinha vai faze o mel, estrela Dalva vai cruzar o céu, e o vento certo vai soprar do mar, e tudo vai dar certo, uebaruê iô, ele acredita em um outra vida só os dois.Mas o mar nunca mais ia ter o amor dele, não estava mais bravo com ele pois não dava para ficar bravo por muito tempo, mas seu amor era para ela, nesta vida ou em outra.

música:
Outra Vida,
Armandinho

talvez não seja neta vida ainda,
mas você vai ser a minha vida ainda
então agente vai fugir pro mar
eu vou pedir pra namorar, 
você vai dizer que vai pensar,
mas no fim, vai beijar.

talvez não seja nessa vida ainda
mas você ainda vai ser a minha vida
sem ter mais mentiras pra me ver
sem amor antigo para esquecer
sem os teus amigos para esconder
pode crer que tudo vai dar certo

uebaruê iô,
sou pescador, sonhador
vou pedir para Deus nosso senhor
que tu és o amor da minha vida 
pois não da para viver nessa vida morrendo de amor

talvez não seja nessa vida ainda
mas você ainda vai ser a minha vida
e uma abelhinha vai fazer o mel
estrela Dalva vai cruzar no céu
e o vento certo vai soprar do mar
pode crer tudo vai dar certo

uebaruê iô
sou pescador, sonhador
Vou dizer pra deus nosso senhor
que tu és o amor da minha vida
pois não dá para viver nessa vida morrendo de amor

uebaruê iô
sou pescador, sonhador
vou dizer para deus nosso senhor 
que tu és o amor da minha vida
pois não da para viver nessa vida morrendo de amor

uebaruê iô,
uebaruê iô,
uebaiô oooô

você acredita em uma outra vid, só nós dois?
pode crer, que tudo vai dar certo...

                               

domingo, 11 de janeiro de 2015

As aventuras de Um Tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e sua amiga gótica - SINOPSE-

A arte frequentemente imita a vida, e com a literatura não é diferente, acompanhe a rotina deste grupo de amigos, que tem a aventura de serem jovens na Capital Paranaense. Venha rir, chorar, se apaixonar e por que não dizer odiar, na companhia de Fernando, Marcelo, Daiane, Marlon e Milena.
Nos moldes dos Folhetins dos antigos escritores Românticos e em Series de TV Americanas, um capitulo inédito a cada mês (a periodicidade pode variar com a agenda dos autores), uma narrativa rápida e engraçada contando uma série de contos do cotidiano desses personagens.
Os textos ficaram no Marcador "As aventuras de um Tímido, do Garanhão, Da lésbica, do sensível e sua amiga gótica (AVDTGLSSAG) deste Blog, para acompanhar a cada episodio inédito curta a pagina no facebook 
https://www.facebook.com/AVDTGLSSAG

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Season 01 Capitulo 01 – "Piloto" - (OFICIAL)


Eu estava com o rosto contra o vidro frio do ônibus que veio dos Campos Gerais, o vidro embaçado pela minha respiração um arrepio subiu minha espinha, aquele ônibus estava frio, a voz de minha mãe ecoou em minha mente, “vai de calça, no ônibus é frio” eu ri dela “da onde mãe olha o calorão que está aqui”.
— Por que não ouvi ela? — resmunguei para mim mesmo, o ar condicionado do ônibus gelava até os ossos de tão forte.
Eu chego a rodoviária de Curitiba, e o ônibus para em um solavanco suave, as luzes do interior se acendem, e todos ficam em polvorosa para sair dele, a senhora do acento ao meu lado é carregada pela multidão vinda dos acentos de trás do ônibus cabine a dentro e depois escada abaixo. Parecia uma debandada o que me lembrou de uma épica cena do Rei leão.
Espero o povo sair depois mais tranquilo eu começo a sair, passando a fronteira entre a porta do ônibus e o ambiente externo um mormaço me atinge quase me ocasionando um choque térmico, por fim pego o mochilão no bagageiro e me viro para o portão de desembarque fico ali paralisado por alguns momentos nunca tinha visto tanta gente junta desde que meu primo pisou em um formigueiros (ou seja eu nunca tinha visto tanta gente junta, pois do formigueiro saíram milhares de formigas e não pessoas #lógico) a estação rodoviária era um verdadeiro formigueiro humano, centenas de pessoas andando de um lado para o outro e dentre elas nenhuma conhecida.
— Essa não!
Sai do portão hora arrastando a mala hora a carregando uma mala enorme daria para esconder duas crianças e uma família de cachorros e ainda sobraria espaço, eu parei Novamente ao lado do portão muitas pessoas passavam por mim sem olhar outras resmungavam que minha mala estava atrapalhando o trafico ali, mas eu fiquei por ali por uns vinte minutos depois resolvi procurar alguém de conhecido (por que mesmo eu fiz isso? #Fica-a-dica: quando você esta perdido não se mova do único lugar onde as pessoas que você procura sabem onde te encontrar, eu sai...)
Andei arrastando aquela mala abrindo caminho por pessoas estranhas, contornei a rodoviária e não achei ninguém e o pior se perdi ainda mais, agora nem sequer me lembrava em qual portão tinha desembarcado, fiquei parado por mais um tempo quando resolvi fazer uma coisa, depois de contornar a rodoviária cheguei ao guichê da mesma companhia rodoviária a qual eu tinha vindo de minha cidade natal até aquele mar de gente, e ali eu iria fazer a única coisa que eu achava possível se fazer naquelas condições antes que o ultimo ônibus partisse eu iria comprar uma passagem de volta para minha casa, pois eu havia me perdido em uma rodoviária.
eu cheguei a frente para o vendedor que me perguntava:
—Em que posso lhe ser útil?
Eu estava pronto para pedir uma passagem de volta quando ouvi. Uma moça falou por cima do barulho da multidão, a voz vinha dos alto-falantes da rodoviária.
— Sr. Luiz Fernando Tuk. Seu primo o espera na central de informação...
— Hã sim — respondi para o vendedor — você saberia me informar aonde fica a central de informações da rodoviária?
            O rapaz me explicou o caminho e lá fui eu arrastando minha mochila, quando eu cheguei no corredor que levava a central de informação uma cabine de vidro, lá podia-se ver um balcão com um computador no qual a moça do auto-falante ficava e sentado em umas cadeiras a frente estava meu Primo Marcelo Tuk mexendo em seu celular quando ele desviou o olhar da tela do celular e me viu se levantou da cadeira dirigiu-se até a moça falou qualquer coisa para ela que sorriu, depois a beijou por cima do balcão e saiu.
            —Ei primo! — gritou ele da porta — por onde você andou? Te procurei por toda parte, pensei que você tinha ido em bora de novo — eu sorri nervoso.
— Estava te procurando também — falei, agora ele já estava a poucos passos de distancia, quando ele saiu correndo em minha direção.
— Quanto tempo Nando — falou ele correndo de braços abertos em minha direção, “ah não, não, não você não vai fazer isso... sim ele vai fazer isso” quando nós éramos mais crianças Marcelo sempre fora maior do que eu e quando nós nos encontrávamos ele sempre fazia o que ele estava fazendo agora diante de todos que passavam pelo corredor, ele me abraçara e erguia me deixando com metade do corpo para cada lado de seu ombro.
— É bastante — respondi com o pouco do ar que tinha nos pulmões então ele me colocou de novo no chão.
            — Como foi de viagem? — perguntou ele começando a andar.
            — Foi boa...
            — Santo cristo — praguejou ele — que mala pesada, você trouxe sua mãe junto com você? — e gargalhou.
            — Não — eu ri — então namorando é?Vai ser um alivio para sua mãe, ela sempre achou que você fosse Gay — eu ri, mas ele ficou sério.
            — Uol! Primeira regra do apartamento, sem piadinhas de Gays — ele me repreendeu — e não, não estou namorando, se esta se referindo aquela moça só estava retribuindo o favor que me prestou, e ela era gostosa — ele riu dando de ombros —– vamos pegar o taxi para ir para casa nós temos muito o que conversar.
            Quase uma hora depois nós chegamos ao apartamento de Marcelo.
            - Lar doce lar – falou ele ao entrar pela porta, eu entrei logo atrás e joguei a mochila no chão e me sentei em um sofá ao lado de Marcelo – aqui é a sala – falou ele, eu reparei era bem espaçosa tinha uma TV LED um som um sofá em forma de L na estante nenhum livro “que pena” em um canto um computador – ali nesta porta é a cozinha, do outro lado são os quartos o banheiro.
            — Ual! — exclamei — bem grandinho até, isso que minha mãe me assustou que os apartamentos são uma fortuna aqui que provavelmente nós dividiríamos uma sala/quarto/cozinha.
            — Mas ela não esta errada — falou ele ligando a TV — o aluguel aqui custa uma fortuna minha companheira de quarto paga a maior parte dele — ele falou, no momento que alguém gira a chave do outro lado da porta — ah! deve ser ela chegando, Ta aberta — gritou ele.
Então a porta se abriu, pareceu uma cena de cinema em minha cabeça até uma trilha sonora tocou ao fundo, pela porta entrava a mulher mais linda que eu já vira na vida, morena de cabelos lisos e negros que se agitavam como se um vento sobrasse forte do corredor para dentro do cômodo, pele cor de chocolate, perfeitinha em um corpo escultural.  Senti meu queixo caindo devagar, meu coração se acelerou, eu tinha me apaixonado a primeira vista, e então meu primo sussurra ao meu ouvido.
— Ela é Gay Nando — minha boca se fechou, meu mundinho se quebrou como se fosse de vidro, ele se levantou do sofá.
— Daiane peguei mais uma na rodoviária hoje minha conta já fecha em 20 neste começo do ano — falou.
— Pegou é? — falou a moça — que nota ela?
— Uma 8.
— Até acredito — falou ela fazendo pouco caso, fechando a porta e indo para o sofá.
— Não ta acreditando é? — meu primou fez a cena de um cara que esta sofrendo um ataque cardíaco, levando a mão ao peito — Nando conte a ela, que nota você daria a ela?
— 8 ou mais – respondi depois de um tempo.
— Ah Daiane, esqueci de apresentar, esse é o Nando meu primo que vai morar conosco.

           Mais barulhos vindos da porta, Interrompem a resposta de Daiane. Então a porta fica escancarada e um cara bombado cai de quatro, uma menina baixa toda vestida de preto e o cabelo azul petróleo montada em cima dele. Ambos brigando por algo nas mãos do rapaz:
           — Devolve agora meu rímel!
           — Não! Eu preciso para minha última peça de teatro...
           — AH não vai devolver... — a garota pega um batom do bolso. Prende os joelhos nos braços do garoto numa pose para lá de quente. Tira a tampa e passa no rosto dele que grita inconformado. Satisfeita levanta decidida, arranca o rímel da mão dele e diz para mim um oi gélido e depois sai pela porta. O garoto balbucia algo atrás da maquiagem vermelha borrada. “É” penso “Vou gostar daqui”