— Por que não ouvi ela? —
resmunguei para mim mesmo, o ar condicionado do ônibus gelava até os ossos de
tão forte.
Eu chego a rodoviária de Curitiba, e o
ônibus para em um solavanco suave, as luzes do interior se acendem, e todos
ficam em polvorosa para sair dele, a senhora do acento ao meu lado é carregada
pela multidão vinda dos acentos de trás do ônibus cabine a dentro e depois
escada abaixo. Parecia uma debandada o que me lembrou de uma épica cena do Rei
leão.
Espero o povo sair depois
mais tranquilo eu começo a sair, passando a fronteira entre a porta do ônibus e
o ambiente externo um mormaço me atinge quase me ocasionando um choque térmico,
por fim pego o mochilão no bagageiro e me viro para o portão de desembarque
fico ali paralisado por alguns momentos nunca tinha visto tanta gente junta
desde que meu primo pisou em um formigueiros (ou seja eu nunca tinha visto
tanta gente junta, pois do formigueiro saíram milhares de formigas e não
pessoas #lógico) a estação rodoviária era um verdadeiro formigueiro humano,
centenas de pessoas andando de um lado para o outro e dentre elas nenhuma
conhecida.
— Essa não!
Sai do portão hora
arrastando a mala hora a carregando uma mala enorme daria para esconder duas
crianças e uma família de cachorros e ainda sobraria espaço, eu parei Novamente
ao lado do portão muitas pessoas passavam por mim sem olhar outras resmungavam
que minha mala estava atrapalhando o trafico ali, mas eu fiquei por ali por uns
vinte minutos depois resolvi procurar alguém de conhecido (por que mesmo eu fiz
isso? #Fica-a-dica: quando você esta perdido não se mova do único lugar onde as
pessoas que você procura sabem onde te encontrar, eu sai...)
Andei arrastando aquela mala
abrindo caminho por pessoas estranhas, contornei a rodoviária e não achei
ninguém e o pior se perdi ainda mais, agora nem sequer me lembrava em qual
portão tinha desembarcado, fiquei parado por mais um tempo quando resolvi fazer
uma coisa, depois de contornar a rodoviária cheguei ao guichê da mesma
companhia rodoviária a qual eu tinha vindo de minha cidade natal até aquele mar
de gente, e ali eu iria fazer a única coisa que eu achava possível se fazer
naquelas condições antes que o ultimo ônibus partisse eu iria comprar uma
passagem de volta para minha casa, pois eu havia me perdido em uma rodoviária.
eu cheguei a frente para o vendedor que me perguntava:
—Em que posso lhe ser útil?
Eu estava pronto para pedir
uma passagem de volta quando ouvi. Uma moça falou por cima do barulho da
multidão, a voz vinha dos alto-falantes da rodoviária.
— Sr. Luiz Fernando Tuk. Seu
primo o espera na central de informação...
— Hã sim — respondi para o
vendedor — você saberia me informar aonde fica a central de informações da
rodoviária?
O rapaz
me explicou o caminho e lá fui eu arrastando minha mochila, quando eu cheguei
no corredor que levava a central de informação uma cabine de vidro, lá podia-se
ver um balcão com um computador no qual a moça do auto-falante ficava e sentado
em umas cadeiras a frente estava meu Primo Marcelo Tuk mexendo em seu celular
quando ele desviou o olhar da tela do celular e me viu se levantou da cadeira
dirigiu-se até a moça falou qualquer coisa para ela que sorriu, depois a beijou
por cima do balcão e saiu.
—Ei
primo! — gritou ele da porta — por onde você andou? Te procurei por toda parte,
pensei que você tinha ido em bora de novo — eu sorri nervoso.
— Estava te procurando
também — falei, agora ele já estava a poucos passos de distancia, quando ele
saiu correndo em minha direção.
— Quanto tempo Nando — falou
ele correndo de braços abertos em minha direção, “ah não, não, não você não vai fazer isso... sim ele vai fazer isso” quando
nós éramos mais crianças Marcelo sempre fora maior do que eu e quando nós nos
encontrávamos ele sempre fazia o que ele estava fazendo agora diante de todos
que passavam pelo corredor, ele me abraçara e erguia me deixando com metade do
corpo para cada lado de seu ombro.
— É bastante — respondi com
o pouco do ar que tinha nos pulmões então ele me colocou de novo no chão.
— Como
foi de viagem? — perguntou ele começando a andar.
— Foi boa...
— Santo
cristo — praguejou ele — que mala pesada, você trouxe sua mãe junto com você? —
e gargalhou.
— Não —
eu ri — então namorando é?Vai ser um alivio para sua mãe, ela sempre
achou que você fosse Gay — eu ri, mas ele ficou sério.
— Uol! Primeira
regra do apartamento, sem piadinhas de Gays — ele me repreendeu — e não, não
estou namorando, se esta se referindo aquela moça só estava retribuindo o favor
que me prestou, e ela era gostosa — ele riu dando de ombros —– vamos pegar o
taxi para ir para casa nós temos muito o que conversar.
Quase
uma hora depois nós chegamos ao apartamento de Marcelo.
- Lar
doce lar – falou ele ao entrar pela porta, eu entrei logo atrás e joguei a
mochila no chão e me sentei em um sofá ao lado de Marcelo – aqui é a sala –
falou ele, eu reparei era bem espaçosa tinha uma TV LED um som um sofá em forma
de L na estante nenhum livro “que pena” em
um canto um computador – ali nesta porta é a cozinha, do outro lado são os
quartos o banheiro.
— Ual! —
exclamei — bem grandinho até, isso que minha mãe me assustou que os
apartamentos são uma fortuna aqui que provavelmente nós dividiríamos uma
sala/quarto/cozinha.
— Mas
ela não esta errada — falou ele ligando a TV — o aluguel aqui custa uma fortuna
minha companheira de quarto paga a maior parte dele — ele falou, no momento que
alguém gira a chave do outro lado da porta — ah! deve ser ela chegando, Ta
aberta — gritou ele.
Então a porta se abriu,
pareceu uma cena de cinema em minha cabeça até uma trilha sonora tocou ao
fundo, pela porta entrava a mulher mais linda que eu já vira na vida, morena de
cabelos lisos e negros que se agitavam como se um vento sobrasse forte do
corredor para dentro do cômodo, pele cor de chocolate, perfeitinha em um corpo
escultural. Senti meu queixo caindo
devagar, meu coração se acelerou, eu tinha me apaixonado a primeira vista, e
então meu primo sussurra ao meu ouvido.
— Ela é Gay Nando — minha
boca se fechou, meu mundinho se quebrou como se fosse de vidro, ele se levantou
do sofá.
— Daiane peguei mais uma na
rodoviária hoje minha conta já fecha em 20 neste começo do ano — falou.
— Pegou é? — falou a moça —
que nota ela?
— Uma 8.
— Até acredito — falou ela
fazendo pouco caso, fechando a porta e indo para o sofá.
— Não ta acreditando é? —
meu primou fez a cena de um cara que esta sofrendo um ataque cardíaco, levando
a mão ao peito — Nando conte a ela, que nota você daria a ela?
— 8 ou mais – respondi
depois de um tempo.
— Ah Daiane, esqueci de
apresentar, esse é o Nando meu primo que vai morar conosco.
Mais barulhos vindos da porta, Interrompem a resposta de Daiane. Então a
porta fica escancarada e um cara bombado cai de quatro, uma menina baixa toda
vestida de preto e o cabelo azul petróleo montada em cima dele. Ambos brigando
por algo nas mãos do rapaz:
— Devolve agora meu rímel!
— Não! Eu preciso para minha última peça de teatro...
— AH não vai devolver... — a garota pega um batom do bolso. Prende os joelhos nos braços do garoto numa pose para lá de quente. Tira a tampa e passa no rosto dele que grita inconformado. Satisfeita levanta decidida, arranca o rímel da mão dele e diz para mim um oi gélido e depois sai pela porta. O garoto balbucia algo atrás da maquiagem vermelha borrada. “É” penso “Vou gostar daqui”
— Devolve agora meu rímel!
— Não! Eu preciso para minha última peça de teatro...
— AH não vai devolver... — a garota pega um batom do bolso. Prende os joelhos nos braços do garoto numa pose para lá de quente. Tira a tampa e passa no rosto dele que grita inconformado. Satisfeita levanta decidida, arranca o rímel da mão dele e diz para mim um oi gélido e depois sai pela porta. O garoto balbucia algo atrás da maquiagem vermelha borrada. “É” penso “Vou gostar daqui”
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