quinta-feira, 11 de outubro de 2012

projeto "O livro do fim do mundo"


Imagine receber a notícia de que o mundo acabará em APENAS uma hora.
O que você faria?
O Livro do Fim do Mundo é o último capítulo da sua vida e de outros 7 bilhões de pessoas que vivem no Planeta Terra.
E se cada uma delas contasse a história de sua última hora precisaríamos de aproximadamente 800 mil anos para ouvi-las. 
Regras:
1. Não revele a Causa do Fim do Mundo. Seu personagem pode saber (ou não), mas a causa não pode ser explicada no seu texto;
2. o mundo acabará exatamente ás 17h15mim do dia 21/12/2012 e seu personagem só tomará conhecimento disso uma hora antes, ou seja, 16h15 mim. O que você fará?


Eu metido a escritor fiz uma historia fictícia que se trataria do "fim do mundo" na minha cidade, segue a minha historia.

No Fim você se Lembra do Começo - por M. Alexandre E.

O dia tinha começado frio e cinzento como era de costume mesmo estando no verão em União da Vitória, uma cidadezinha no sul do estado do Paraná, Brasil, tudo indicava que mais um dia normal, mas quando o sol saiu de trás das nuvens, vermelho, um arrepio agourento desceu a espinha de Márcio.
O decorrer do dia fora monótono, tinha atravessado a ponte de ferro para trabalhar, o Iguaçu corria ruidoso contra os pilares lá em baixo, passara o dia com aquela sensação horrível de que algo estava para acontecer, quando fechava os olhos via a imagem do sol vermelho no céu.
Olhava as outras pessoas, todas com seus afazeres, Ariane, a moça da padaria, tinha lhe cumprimentado quando passou para o trabalho o carteiro tinha lhe dado a correspondência errada "isso deve ser coisa da minha cabeça" pensava ele. O dia estava normal, mas ás 16:10h veio a confirmação de que aquele 21/12/2012 não seria um dia normal.
Ele olhava a televisão sem prestar atenção no que passava na tela, pensando em qualquer coisa, quado a música do plantão da globo o acordou de seu devaneio.
- Boa tarde - falou a repórter  - interrompemos nossa programação para um comunicado da excelentíssima presidente da republica, direto do Itamarati - ela se virou para o monitor que estava atrás de si no estúdio e a tela se encheu com a imagem da presidente.
- Boa tarde - ela pigareteou - é do conhecimento do conselho de segurança da ONU, de que o mundo realmente acabará nesta sexta - um fleche refletiu no tecido da bandeira nacional atrás da presidente  - os repórteres gritavam perguntas e a presidente ignorou todas - eu e os demais líderes mundiais resolvemos preservar os civis enquanto procurávamos uma solução, mas não há o que fazer - ela hesitou - o mundo conhecerá seu fim ás 17:15h.
Involuntariamente Márcio levou o olho ao pulso o relógio marcava 16:15h "uma hora para o fim do mundo" seus lábios se abriram em um sorriso desdenhoso.
- E em que vocês se basearam para esta informação? - gritou um repórter - qual será a causa? - a tevê desligou-se, a luz tinha apagado, o ventilador do teto tinha parado "acabou a energia".
Um trovão ribombou de fora da loja, Márcio saiu e olhou para o céu, o sol tinha desaparecido em nuvens carregadas, um homem gritou um insulto a sua frente e jogou uma pedra no monitor da televisão de uma loja mais a frente, a pedra deixou uma cratera na tela por onde saia fumaça, e o homem saiu correndo avenida acima, o posto Ravanello que ficava a menos de trezentos metros de onde ele trabalhava, se consumiu em chamas laranjas e negras, depois da explosão o entulho voou até onde Márcio estava.
- Por Deus, o que foi isso? - perguntou a si mesmo - Genésio! - chamou ele, o amigo trabalhava naquele posto, correu para lá, seu chefe gritava atrás dele, mas ele não parou.
Não pôde chegar muito perto do posto, o calor era muito grande, se escondeu atrás de um carro capotado que estava na esquina, rezou para que o amigo não estivesse ali quando a explosão aconteceu, pois o posto todo estava laranja agora, as bombas de combustível não estavam mais lá "devem ter voado na explosão"o teto começou a ruir, em segundos aquilo tudo estava no chão.
pessoas do comércio ao redor começaram a se aglomerar em volta dele.
- O que aconteceu? - perguntou Jaison um homem gordo e moreno de voz grossa - Márcio o ignorou, pois não tinha a resposta, avançou mais um pouco - a onde vai! Ei volte aqui - gritou Jaison.
A um metro dali uma mulher estava gemendo, Márcio a trouxe para perto do carro, a respiração da mulher estava fraca, ela tinha algo atravessado na perna que sangrava, o rosto estava chamuscado, ela abriu as pálpebras, revelando, olhos azuis.
- O que aconteceu? - perguntaram Jaison e Márcio em coro.
- Foi Horrível  - a voz da mulher quase sumiu - eu estava conversando com um amigo quando ouvi gritos - ela fez uma longa pausa - quando eu olhei o caminhão pipa estava colocando a gasolina no poço - outra  pausa - um homem estava próximo a bomba, eu não vi o que ele fazia lá, "ele esta jogando gasolina no corpo?" perguntou meu amigo - os olhos azuis da mulher viajaram de Jaison a Márcio que estavam de testas franzidas - e ele estava mesmo, depois ele... - desta vez  a pausa não pareceu que foi para tomar fôlego - ele ateou fogo no corpo - uma lagrima escorreu do olho da mulher - e depois se jogou no poço gritando algo como "o mundo vai acabar".
- Só um louco acreditaria nisso - falou Márcio bufando.
-Acreditar em que? - perguntou Jaison.
-Que o mundo vai acabar - disse Márcio, sem se preocupar - Está em todos os canais. você não viu?
- Não, eu estava fazendo entregas.
-Seja como for o mundo não vai acabar - "se bem que olhando em volta sou bem capaz de acreditar nisso" completou Márcio para si mesmo, ele olhou no relógio 16:20, marcava os ponteiros.
O celular vibrou no bolso de Márcio, o susto o fez pular, retirou o aparelho do bolso no visor leu "mãe".
- Oi mãe - disse quando atendeu.
-Onde você está? Você está bem? Você viu o que passou na tevê?
-Calma mãe! - ele teve que gritar, como sempre, sua mãe falava afobada no telefone - escute, eu estou bem - "ela parou de falar?" isso nunca tinha acontecido antes - mãe você esta bem?- nenhuma resposta - mãe?! - ele olhou para o visor do telefone não tinha sinal "quando mesmo que isso foi um bom preságio?" voltou a olhar ao redor, as chamas continuavam altas, por entre elas, enxergou do outro lado, havia uma briga generalizada, toda a cidade até onde a vista alcançava estava se matando. Começou a se afastar devagar para o outro lado, descendo a Manoel Ribas sentido ponte dos arcos, ouviu o som de um motor atrás e olhou, um Verona beje subia a avenida fazendo voar os pedestres que andavam de um lado para o outro.
"é o Verona do Carlan" reconheceu ele, um homem careca que há anos teve câncer no cérebro, os médicos tiveram que retirar a metade do cérebro dele, era um milagre ele estar vivo ainda, mas de vez em quando ele "apagava",pois, às vezes, lhe faltavam os neurônios. tinham tirado a carteira de motorista dele, mas mesmo assim ele dirigia, o carro vinha ganhando terreno rápido demais.
- Cuidado - gritou Márcio, por instinto de jogou em cima de uma moça e a tirou do meio da rua instantes antes de o carro passar.
-Obrigada! - disse ela Márcio estava sem folego com o cotovelo raspado por onde saia sangue.
- Só posso dizer que salvei uma alma do inferno agora - ele riu, pessoas atravessaram o fogo e vinham correndo, estavam loucas em pânico, brandindo, paus, pedaços de placas, quebravam tudo que estava pela frente, Márcio viu um homem alto, parecia ser moreno, com uma camisa branca com um gavião desenhado, esmagar a cabeça de um outro com um pedaço de paralelepípedo.
-Se eu vou morrer daqui a pouco vou matar a maior quantidade de porcos eu encontrar - não conseguiu muitos, pois logo um outro lhe abriu a têmpora.
Márcio se arrastou no chão e saiu correndo aos tropeções, correu o mais rápido que pode, pessoas o perseguiam, algumas paravam para saquear ou destruir as lojas no caminho. Passou pelo posto Ochove, na corrida uma cratera se abriu no bueiro,Márcio nem queria saber como aquilo aconteceu, uma pessoa caiu lá em baixo e desapareceu nas águas marrons.
Ele continuou a avançar tudo estava um caos, gritos por todos os lados, explosões, o ar ficou frio, um raio atingiu lá na frente a Eletro Car. O trovão foi um rugido furioso e fez tremer a terra, Márcio caiu de joelhos, olhou novamente para o relógio.

16:25h


O cotovelo se abriu mais sangue jorrava vermelho úmido e quente, uma pedra o atingiu de raspão na orelha esquerda, um filete de sangue escorreu em seu rosto, voltou a correr, passou onde o raio tinha caído, pessoas jogadas mutiladas e queimadas, moribundas, gemendo de dor.

Continuou a correr não olhou para trás, coisas explodiam gente morria. "será assim o fim do mundo?"  Márcio tinha dificuldades para respirar. Chegou até a esquina do Super Pão, se apoiou na grade para recuperar o fôlego, descendo a Bento Munhoz, vinham pessoas correndo e gritando sendo perseguidas por cães. ele ouviu os latidos dos cachorros, viu de longe uma mulher tropeçar e ser cercada pelos vira-latas.
Voltou a correr, desta vez não ouvindo o apelo dos pulmões, não parou mais de correr, olhou de novo no pulso.

16:30h


Já se encontrava em frente da Igreja da Nossa Senhora da Boa Morte, pensou por um momento em entrar e rezar, mas ha muito tinha deixado de acreditar em qualquer religião "tenho a impressão de que vou me encontrar com Deus daqui a pouco mesmo" não era disso que precisava, não era essa a razão do vazio em seu peito.

Gelou por um momento, quando reparou o que se passava dentro da igreja.
- Deus nos abandonou - gritou um homem que saiu de lá com a cabeça de um santo na mão e jogou-a no asfalto na frente de Márcio, a cabeça se espatifou e o asfalto se tingiu de branco, lá de dentro veio o clamor das orações dos fiéis. 
"ave Maria, cheia de graça;
  O senhor é convosco;"
As vozes dos fiéis iam aumentando, muitas pessoas entraram na igreja, e Márcio viu, lá de fora, que elas jogaram as velas no chão e nos bancos, tudo se incendiou, os fiéis continuaram a rezar, Márcio deu as costas à igreja e recomeçou a correr quando o fogo cercou os fiéis lá dentro e a oração morreu:
"agora e na hora de nossa morte;
amém."
Correu, pela rua que estava cheia de gente que também corria, outros bebendo, chorando. carros ziguezagueavam por entre os pedestres uma criança sem mãe se agarrava a uma árvore e gritava por ela, Márcio não parou, ele foi cercado por dois homens e uma mulher quando passava por uma casa com o muro alto e cinza, uma garoa fina começava a cair, uma garoa fria.
- O loirinho é meu! - disse a mulher, que umedeceu os lábios, o coração de Márcio parou por um instante, mas recomeçou a bater em seu peito feito um martelo quando ela começou a se aproximar gargalhando.
- Não nesta vida! - disse um homem o negro que estava a sua esquerda, ele puxou a mulher para trás pelo cabelo negro em caracóis, ela gritou e deu um tapa no rosto negro do homem arranhando a carne - Sua vadia! - o homem levou a mão e acertou a mulher com as costas da mão, "eles já não são humanos" pensou Márcio "viraram animais por causo do pânico", um vira-lata com a carne viva se aproximou do negro farejando, o homem fez o cão voar com um chute com a ponta da bota.
Uma dor explodiu na face de Márcio, não tinha visto, mas o outro homem se aproximou dele e lhe deu um murro no rosto partindo o nariz, aquela sensação quente e pegajosa lhe dizia que estava sangrando.
- Não toque nele - rugiu o negro - eu quero acabar com ele.
Em instantes, os dois rolavam na calçada aos murros e ponta pés.
Márcio recomeçou a correr uma perna em frente a outra com o risco de cair a cada passo, algo vibrou em seu bolso, ele demorou um pouco para notar, se esquecera do celular desde que a chamada de sua mãe tinha caído, mas o aparelho estava lá em seu bolso, ele o tirou, a luz fraca do dia brilhou no dourado da capa do celular, a garoa tinha embaçado sua visão, ele jogou os caracóis castanhos para trás e seus olhos focalizaram no nome que aparecia no visor.
"Tatiana Lima" dizia o visor e neste instante ele entendeu o vazio que sentia no estomago, era medo, ele sabia agora porque que sentia um aperto no coração, "o mundo podia até acabar, mas eu não me importo se estiver do meu lado" tinha lhe dito ela, Tatiana, a mulher que amava desde o ginásio, a mulher dos cabelos loiros e olhos castanhos e sorriso fácil.
- Alo! - a voz de Márcio saiu rouca quase não a reconheceu, mas Tatiana sim.
- Amor! - a voz dela lhe acalentou a alma - onde você esta? eu tentei falar com você antas, mas estava sem sinal.
-Eu estou bem! E você?
-Eu também - ela respondeu - mas aonde você está? tome cuidado, a cidade parece que esta em guerra! 
- Acredite em mim isso aqui é pior ainda, mas onde você está?
- No morro do Cristo! - ela respondeu - eu tinha um trabalho da faculdade para fazer aqui.
- Eu já estou a caminho! Eu te amo! - disse ele, ela não respondeu a linha caiu antes.
Ao desligar o telefone olhou no relógio digital no canto da tela.

16:45h 


"e agora como é  que eu vou chegar lá em cima?" se perguntou, olhou para o céu na direção do morro, o Cristo se escondeu em uma nuvem branca.
"Tin" veio o barulho de trás de Márcio, olhou para para aquela direção um bondinho estacionou ali.
"claro, o bondinho"  tinha se esquecido, o bondinho levava ao topo do morro, tinha sido  recém inaugurado pelo prefeito da cidade visando as eleições de 2012.
Ele entrou no bonde, o chão estava pegajoso, mas ele fingiu não reparar, pressionou o botão que dizia "sobe" a porta se arrastou até metade e emperrou, ele teve que puxá-la. Com um solavanco o bondinho começou a subir, a chuva já batia forte nos vidros do bondinho, olhou para o celular e começou a escrever uma mensagem para seus melhores amigos. "se o mundo não acabar eu vou parecer um palhaço "  terminou de escrever a mensagem de despedida e uma lagrima escorreu de seu olho, salgada como o mar, franziu a testa e a enxugou, não iria chorar na frente de Tatiana.
Os cabos de aço que conduziam o bonde rangiam, na estrutura de metal do bonde escoava o barulho, passou a mão no vidro que estava embaçado,  a chuva não deixava a visão ir tão longe.
se lembrou das mensagens, tentou enviar "não tem sinal, droga me enganaram" o bondinho parou na metade do caminho, começou a balançar. Os cabos que antes rangiam estavam rugindo, um raio caiu longe mas clareou o dia, e o trovão fez tremer os órgãos de Márcio. 
O vento aumentava e investia contra o bondinho. Márcio passou a bater no painel com o pé.
- Funciona bosta! - de repente o vento parou,e o som das engrenagens do bondinho encheram os tímpanos de Márcio, a chuva tinha parado quando o bondinho chegou no ponto, logo abaixo da escadaria do Cristo que subia com seus 219 degraus, lá, pelo que parecia, o inferno não tinha chego ainda.
Se precipitou para fora do bonde, o céu se abriu o sol brilhou forte, ele avançou um pouco "maldição" o que tinha pensado antes fora por água a baixo, quando viu ao lado das escadas as capelas da via sacra estavam pichadas com xingamentos, desafiando, questionando Deus por tudo aquilo que estava acontecendo.
subiu os degraus, de dois em dois, escorregou umas cinco vezes porque eles estavam molhados, se agarrava ao degrau de cima e se levantava. Chegou ao topo da escadaria.
-Tatiana! - gritou ele, tinha guardado aquele resto de fôlego  para aquilo, nenhuma resposta.seu grito foi engolido pelas árvores, foi correndo para frente da estatua do Cristo, a cruz já não esta lá, a foto do santo sudário estava em cacos, e o Cristo estava todo pichado até no topo.
"como é que conseguiram fazer isso?" não importava, voltou a gritar, não havia sinal de ninguém, se virou para fitar a cidade, mal teve tempo de olhar lá para baixo, o barulho de passos fez ele virar novamente para a direção da estatua.
- Márcio! - Tatiana gritou ao lhe ver, seu sorriso iluminou seu belo rosto.
- Tati! - ele correu ao seu encontro, quando se encontraram, ele a envolveu em seus braços, só assim ele se convenceu de que ela esta ali de verdade, deu-lhe um longo beijo, por ele, o mundo poderia acabar ali mesmo- como você esta? - ele falou como eles se separaram.
- Eu estou bem, quando aqueles vândalos chegaram eu me escondi - ela disse - você viu o que fizeram com a cruz? Mas você esta sangrando? O que aconteceu?
Ele passou a mão no rosto o sangue havia secado.
-Isso não é nada, só um acidente, eu estou bem.
-Mas o que esta acontecendo com a cidade? - perguntou ela, a curiosidade relampejou em seus olhos- isso está parecendo o...
-Fim do mundo - completou ele - foi o que a presidente falou na TV.  
- como assim?
- Ela falou que o mundo irá acabar - ele olhou o relógio 17:10h - que o mundo vai acabar em cinco minutos. 
Ela entrelaçou  os dedos da mão direita na mão de Márcio.
-Então é isso? O fim do mundo? 
-Pelo menos assim como nós o conhecemos.
- se eu morresse hoje, e o mundo não acabasse algo iria mudar para você - perguntou ela.

- O mundo seria o mesmo - respondeu ele mais sombrio do que queria - Mas com menos razões para se viver - ele a beijou de novo, ela entrelaçou a mão esquerda em seus cabelos.

- Eu gosto do seu cabelo - disse ela.
ele a abraçou e os dois viraram para a cidade.

17:11h 

 Marcio olhou para o centro da cidade em chamas ainda ardiam vermelhas, ele podia lembrar dos carros capotados, gente brigando e mais fogo.

17:12h


Ele olhou para perto da ponte dos arcos, agora que o bondinho tinha descido novamente a área desmatada por ele dava uma visão da empresa que o pai trabalhava a vinte e tantos anos, também estava em ruínas.


17:13h 


Olhou para as serras, lá longe estavam vermelhas, parecia que as árvores todas tinham sido derrubadas e agora só eram cobertas por barro vermelho, desceu o rio com o olhar, o Iguaçu parecia estar em chamas.

Olhou para os bairros da cidade que já não existiam, estavam ou em chamas ou "virados do lado avesso".
Passou o olhar para a pracinha onde ele e Tatiana tinham ficado pela primeira vez junto ao colégio, e por fim descansou os olhos na casa de sua infância, agora que a igreja estava  no chão ele pode vê-la " espero que estejam todos bem".
Algo se moveu la em baixo, o rio estava transbordando, "e a cobra adormecida no fundo do iguaçu um dia acordará e quando isso acontecer a cidade toda vai ficar de baixo d'água" não soube porque, mas se lembrou daquela profecia, mas era tanta água que ele não sabia de onde vinha, a água estava no aero-porto em menos de segundo.

17:14h


Tatiana se aquietou em seus braços.

-Eu te amo - sussurrou ele em seu ouvido.
-Eu também - ela murmurou em resposta.
-Se o mundo acabar não me importo e estou feliz por ter você ao meu lado - disse ele, ela sorriu.
 -Estou com medo.
- Eu também - admitiu ele. 
 -Então me abraça forte e diz que já estamos longe de tudo isso - ele a abraçou.
O céu escureceu, não foram nuvens por algum motivo o "sol se apagou" ficou frio, ele fechou os olhos com força que suas pálpebras chegaram a doer, sua vida passou diante de seus olhos em fleches.
Sua visão se embaçou, desta vez ele deixou a lágrima correr por seu rosto aconchegou sua cabeça no ombro de Tatiana e sentiu seu cheiro.

17:15h.                     
                     

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