domingo, 29 de março de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 capitulo (08-09-10) –A Aventura de Páscoa - conclusão –

- Marcelo -
Chego em casa, vovó já esta acordada, tive que pular cedo da cama, pois ao chegar da rodoviária na noite passada descobrimos que a companhia de viação tinha trocado a mala de dona Cristalina, por uma cheia de produtos de sex shop.
─ Cheguei! ─ anuncio ao bater a porta, o cheiro de peixe frito chega a minhas narinas, “Droga hoje é segunda... nada de carne” no mesmo momento que esse pensamento se forma, minha boca se enche de saliva “carne”.
─ Bom dia neto! O café esta quase pronto! ─ Vovó responde da cozinha ─ Conseguiu a minha mala?
─ Sim ─ respondo deixando a mala encostada no sofá e vou para a cozinha.
─ Acho que os outros não acordaram ainda ─ falou ela quando entro na cozinha, “e nem vão acordar tão cedo”, a mesa esta posta, com aquilo que será a refeição durante aquela semana inteira, pão peixe e água ─ Eu tive que improvisar uma frigideira, não consegui encontrar a de vocês.
─ Nem sei se temos uma ─ respondo tomando acento em uma cadeira ─ quase não cozinhamos aqui.
─ É eu notei que faltam bastantes utensílios domésticos aqui ─ ela responde sentando-se também, levo a mão ao pão ela me da um tapa cujo o estralo viaja pelo apartamento.
─ Ai.
─ Para onde foram seus modos meu neto? ─ ela pergunta juntando as mãos a frente dos olhos ─ primeiro a oração.
A campainha toca bem a hora.
─ Eu atendo ─ falo me levantando ─ que estranho nem sabia que tínhamos campainha ─ falo para mim enquanto vou para a porta.
─ Daí cara? ─ Marlon salta para dentro do apartamento quando eu abro a porta ─ tudo sossegado? ─ ele aperta minha mão com tanta força que sinto minhas articulações rangerem.
─ Que novidade é essa? ─ pergunto a ele.
─ A vovó não esta aqui? ─ perguntou ele fungando sentindo o cheiro de fritura ─ eu acho que sim ─ ele mesmo se responde.
─ Quem era filho? ─ pergunta ela da cozinha.
─ É o Marlon ─ respondo e depois diminuo o tom da voz ─ o que faz aqui?
─ Já não disse?Vim ver a vovó ─ ele responde indo para a cozinha ─ relaxa eu já entrei no personagem no corredor, docinho.
Essa não”
─ Bom dia dona Cristalina! ─ falou ele ao entrar na cozinha.
─ Bom dia querido, mas pode deixar o dona e o Cristalina, me chame de Cris, por favor.
─ Como quiser, combina mais com uma pessoa tão jovem mesmo ─ minha vó ri.
─ Está com fome? Acabei de preparar o café já acho um pratinho a mais.
─ A sim, muito obrigado.
─ Marcelo, congelou ai na sala? ─ minha avó me chama, só então me movo “Relaxa eu já entrei no personagem no corredor... docinho” a voz de Marlon soa em minha cabeça.
─ Eu torço seu pescoço... ─ entro na cozinha, eles continuam a conversar como se eu não estivesse ali.
─ Vó eu vou ter que trabalhar, só chego a noite, o Nando acho que depois de acordar não sai hoje, acho que pode ficar contigo.
─ Não se preocupe, filho pode ir trabalhar sossegado.
E volta a conversar com Marlon, tomo meu café e pego a marmita que vovó preparou para meu almoço, na saída para o trabalho encontro com Daiane que vinha dos quartos.
─ Eu mato seu amigo ─ resmungo para ela.
─ Bom dia para você também ─ ela responde, eu saio para o trabalho.
***
- Daiane -
─ Olha só quem acordou! ─ Dona Cristalina, levantou da mesa e veio para cima de mim com os braços abertos ─ Minha mais nova netinha ─ ela me abraça eu demoro para entender, a ficha só cai quando Marlon abre a boca em um sussurro inaudível ele diz:
─Nando...
─ Ah! ─ me lembro que agora namoro ─ Bom dia, Vovó? ─ respondo sem jeito.
─ Sente-se, sente-se ─ ela puxa uma das cadeiras para mim ─ aproveitando que o Marcelo saiu, quero que vocês me respondam uma coisa ─ ela fala de costas para Marlon e eu, nós nos entreolhamos com os olhos arregalados, ele coloca a mão na testa e sussurra na mesma fala inaudível:
─ Ela descobriu, ah deus...
─ Como faço para chegar ao centro? ─ Vovó pergunta.
─ Ah é isso ─ Marlon sussurra claramente aliviado.
─ O taxi é mais fácil ─ respondo.
─ Hum ─ ela se vira com um prato nas mãos ─ Bom mais à tarde, precisarei ir.
─ Ah eu levo à senhora ─ Marlon fala ─ vou ter que ir para aquelas bandas também.
─ Não precisa se incomodar querido, eu tenho que resolver uns assuntos por lá...
─ De jeito maneira, eu já perdi a senhora uma vez, Marcelo me mata se o fizer de novo, eu vou e está decidido ─ falou Marlon sério “Como ele é um bom ator” eu rio por dentro.
─ Está bem, mas eu apreciaria se não falassem disso para o Marcelo ─ falou ela para Marlon depois de uns segundos em silencio ela se vira para mim ─ Ah, e pro Nando também não.
─ Pode deixar ─ respondo mordiscando o pedaço de pão.
            **************Enquanto isso na sala de Justiça**************
- Marcelo -
- Ao meio dia -
Eu estou no refeitório do escritório, nunca tive tanta fome na vida eu acho, começo a desembrulhar o almoço que vovó preparou para mim, um sanduíche de pão seco e um pedaço de peixe.
─ Ah como eu odeio a páscoa ─ falo para mim mesmo ─ na verdade eu não sou fã do seu gosto ─ começo a falar para o pedaço de peixe.
─ Está de regime Marcelo? ─ dona Daizy fala passando por mim.
─ Não, é que é Semana Santa ─ respondo, ela que nem tinha esperado minha resposta volta de costas para dentro do refeitório.
─ Nossa, Marcelo ─ fala ela ─ não sabia que você era ligado as tradições católicas ─ eu não respondo, fico calculando por onde começo a morder o pão “Muito pedaço de peixe... ou pouco peixe... ah, nenhum é melhor” quando vejo que ela esta sentada a minha frente me olhando como esperando uma resposta.
─ Desculpe, disse alguma coisa? ─ pergunto com um sorriso no rosto.
─ Esta esperando você terminar as orações ─ falou ela ─ Bom, como dizia, não sabia que você era ligado as tradições católicas, isso fez você crescer no meu conceito ─ falou ela beliscando minha bochecha ─ sabe do que mais, você trabalha até quarta essa semana, pode tirar o resto dela de folga.
─ Obrigado senhora ─ respondi pego de surpresa ela começa a se retirar ─ Deus seja louvado!
─ Amém ─ responde ela.
********** Mais tarde***********
- Marlon -
─ Taxi ─ eu chamo o carro encosta próximo a calçada, eu abro a porta, para a dona Cris.
─Oh, muito obrigado! ─ ela sorri quando entra no carro.
─ Para onde? ─ o motorista pergunta.
─ Centro De Oncologia do Paraná ─ ela responde, sinto uma queimação na boca do estomago ─ Lembre-se esse é o nosso segredinho filho!
A queimação explode pelo peito.
“COMO ASSIM, QUE ESPECIE DE SEGREDO É ESSE? O MARCELO VAI FICAR ARRASADO, E... EU NÃO SOU BOM EM GUARDAR SEGREDOS!!!!! AHHH”’
Eu quase grito, mas algo em meu cérebro puxa um freio de mão e as palavras ficam entaladas na garganta.
Seja homem mulher, seja homem”’.
Eu engulo em seco, observo que o motorista nos observa pelo retrovisor.
─ Ma-mah? ─ ele pergunta em uma voz fina “essa não... é o Pietro”
─ Desculpe? ─ Cristalina se aproxima do banco do motorista, eu começo a passar a mão no pescoço como se estivesse o serrando em um gesto que se ele não entendesse meus olhos gritavam em reforço“ CALA A BOCA”.
─ O que tem aprontado sua louca... ─ eu tusso como se tivesse afogado e engrosso a voz.
─ Acho que está nos confundindo senhor ─ falo, graças ao bom deus Pietro entende meu recado e não fala mais nada pelo resto do trajeto.
************ SEXTA-FEIRA**************
- Nando -
Estamos todos sentados no sofá e assistimos a transmissão da missa do vaticano na tevê, vovó nos obrigou a pular as cinco da matina para ver isso, Daiane dormiu já no que se sentou no sofá com a cabeça no meu ombro, Marcelo esta piscando miúdo desde então ao lado da vovó, mas este morreria antes de dormir tudo para fazer as vontades dela.
─ Amém! ─ vovó responde ela parece estar chorando, Daiane acorda bem na hora.
─ Amém ─ ela responde no susto ─ o que eu perdi? ─sussurra ao meu ouvido.
─ Nada.
Nós dois saímos da sala.
─ Nada dos pombinhos tomarem café juntos hoje ─ falou vovó enquanto saímos.
─ Sim vó ─ respondemos em uníssono.
─ Ela tem que ir embora! ─ Daiane se joga em uma das cadeiras ─ Não é justo, como é que não comer nos deixa mais santos? ─ ela pergunta rosnando.
─ Não deixa ─ Marlon responde, eu dou um pulo não tinha visto que ele entrou no apartamento e nos seguiu para a cozinha ─ mas nos deixa mais magros! ─ ele começa a dar palminhas ─ Eu estou adorando essa semana, perdi dois quilos.
─ Hora, hora, olha só que resolveu aparecer ─ falo, Marlon tinha sumido desde segunda-feira quando voltou do passeio com a vovó.
─ Espera por que você não esta comendo carne também? Você quase nem veio aqui esta semana! ─ Daiane pergunta.
─ Estou me convertendo ─ ele responde.
─ Sabe que para isso você teria que deixar de ser gay não sabe? ─ falo, ele me olha sério.
─ Detalhes ─ responde.
─ E por que desapareceu? ─ Daiane perguntou.
─ É, eu tive que hum, resolver uns problemas ─ falou ele ficando sério, depois faz uma cara de sério, não aquela máscara hetero que ele mantinha quando vovó estava por perto, mas a cara de quem esta querendo esconder alguma coisa, ele olha em volta disfarçadamente tira um papel do bolso desliza ele por cima da mesa e deixa na minha frente ─ Bom, eu acho que já vou indo ─ fala então saindo da cozinha.
Eu pego o papel, Daiane junta sua cabeça a minha para poder ler o bilhete de Marlon, no papel esta escrito a mensagem em uma caligrafia quase ilegível:
“4B45T3C1 4 G3L4D31R4 C4RN3 4V0NT4D3 O D14 T0D0”
─ Abasteci a geladeira...
─ Ah! Gloria ─ murmura Daiane, indo para fora, eu espero mais um pouco e saio em seguida.
O apartamento de Marlon é bem mais modesto do que o nosso, havia uma sala com uma poltrona uma TV antiga em preto e branco, uma geladeira branca igualmente antiga em outro canto uma mesa com três cadeiras, a pia depois um corredor que provavelmente levava ao quarto e o banheiro.
─ É incrível ─ fala Daiane com a boca cheia com um pedaço de hambúrguer ─ isso aqui parece à coisa mais deliciosa do mundo.
─ Não sei por que estou com tanta vontade ─ falei eu que tinha uma pão em cada mão ─ se venho comendo carne a semana inteira escondido da vovó.
─ Tudo que é proibido, nos deixa com mais vontade ─ responde Daiane ─ é uma das regras não ditas da Matrix.
Depois de devorarmos um farto café da manhã nós ligamos a TV.
─ O que há com você Loco? ─ Pergunta Daiane para Marlon ─ você esta tão estranho.
─ Não é nada ─ responde ele.
O dia passa lento e monótono, tudo que passa na TV é relacionado a paixão de Cristo.
─ Eu não agüento mais ─ Marcelo me agarra pelo colarinho e me pressiona na parede ─ Eu preciso de carne vermelha, ou eu morro.
Eu olho ao redor vovó está dormindo no sofá.
─ Shiii ─ eu levo o indicador a boca pedindo silencio ─ me siga ─ depois que saímos para o corredor, Marcelo me segue aos tropeções ─ não acredito que você esta sem comer o dia todo ─ eu sei que ele não come Peixe.
─ Por que?você não?
Chegamos a porta do apartamento de Marlon, eu sorrio.
─ Bem vindo ao mercado negro da páscoa ─ eu falo girando a maçaneta.
─ A VOVÓ ESTA COM CANCER AHHHHHHHHHHHH─ Marlon grita, ele esta de costa para a porta e grita enquanto pula como se estivesse em cima de brasas, Daiane sentada na poltrona arregala os olhos ao nos ver entrando ─ ai acho que eu iria explodir se não contasse para alguém.
Vejo o corpo de Marcelo caindo em câmera lenta antes de eu mesmo ficar tonto e ter que me escorar na parede.
─ Fecha a matraca sua bicha linguaruda ─ falou Daiane se levantando da poltrona.
─ Cruzes, você é que me ficou enchendo as paciências para que eu contasse, o dia todo ─ falou ele, que ainda não tinha reparado que nós estávamos no apartamento.
─ Marcelo você está bem? Acorda! ─ Daiane corre para socorrer meu primo.
─ SOCOCORRO, BOMBEIROS EU MATEI O MARCELO ─ Marlon começa a correr desesperado sem saber o que fazer depois que nota a nossa presença ─ Bicha burra, bicha burra, bicha burra ─ ele corre para a pia e pega um pano para abanar meu primo ─ acorda, por favor, acorda.
─ Nando ─ Daiane deixa Marcelo com Marlon e passa as mãos em meu ombro ─ você esta bem? ─ eu não falo nada, parece que perdi essa capacidade ─ venha sente-se aqui ─ ela me coloca na poltrona depois se ajoelha na minha frente e segura minhas mãos entre as dela ─ você está bem? Você vai ficar bem!
Enquanto isso Marcelo acorda se senta no chão leva a mão a cabeça, balbucia algo que não compreendo e então sai correndo do apartamento.
                        *********DOMINGO DE PASCOA***********
- Marlon -
─ O Marcelo não apareceu ainda? ─ pergunto para Daiane.
─ Lá em casa não ─ ela me responde.
─ Ai meu deus, então já é caso de chamar a policia...
─ Relaxa ai Ma-mah ─ ela responde ─ ele tava na casa da Mi.
─ Mas ela esta viajando...
─ Ela deixou a chave lá em casa para uma emergência.
─ Ah ─ eu suspiro aliviado ─ por que você não me avisou?
─ Ele não queria ver ninguém ─ ela responde ─ mas agora ele pediu para que você fizesse um favor.
─ hã? Qual?
─ Ele quer que você diga para a Cris que ele já sabe de tudo.
─ O que? Eu não posso fazer isso, ela vai me odiar se eu fizer... ─ eu penso por um minuto ─ aquele miserável, ele ta com ciúmes não ta? ─ ela não responde, não precisa.
Eu êxito um pouco na entrada do apartamento. Conto até dez e entro.Eu encontro a vovó sentada no sofá, ela olha rápido, na certa pensando que era Marcelo quem iria ver passando pela soleira da porta.
─ Oi, Cris ─ falo ─ como vai?
─ Oi, filho ─ ela me olha com o olhar triste ─ ah eu vou preocupada sabe, meu neto sumiu, todo mundo fica falando que não é pra me preocupar, mas como é que eu faço isso pois agora? Ninguém me diz onde ele esta.
─ Eu posso dizer ─ falo ─ melhor, posso te levar até ele, vamos? ─ falo oferecendo o braço.
─ Ah sim ─ ela se anima.
Eu levo ela para o elevador, aperto o botão que diz “Terraço”, depois no corredor que da para o terraço do prédio eu começo a falar.
─ Me desculpe Cris, eu não queria trair sua confiança, mas é que eu não vi que o Marcelo estava entrando no meu apartamento bem na hora que eu contava sobre a sua doença para a Daiane.
─ Tudo bem ─ ela sussurra acariciando minha mão depois de um momento.
─ Ele ficou transtornado quando descobriu ─ começo a falar ─ em todos os anos que eu o conheço, acho que a senhora foi à única pessoa pela qual ele demonstrou o mais humano dos sentimentos, acho que a senhora é a pessoa que ele mais ama no mundo, e...
─ Eu sei ─ ela responde ─ Isso foi até bom, ele merecia saber.
─ É aqui ─ falo eu ao chegar na porta que da para o terraço.
***
- Marcelo -
A brisa ali é fria, muito fria, estou só com uma blusa de manga comprida, mais ela de nada adianta para fazer frente ao vento, mas pelo menos as estrelas do asfalto deixam a paisagem linda, já se aproxima das nove, mas a cidade ainda brilha.
─ Marcelo? ─ vovó me chama, eu me viro.
─ Oi Vó ─ respondo indo ao encontro dela ─ Vem ver ─ falo conduzindo ela para mais perto da mureta ─ é lido aqui não acha?
─ Sim ─ ela concorda ─ Muito.
Ficamos em silencio por longos minutos.
─ Filho...
─ Só me responde uma coisa ─ eu a interrompe ─ é muito grave? ─ela fica em silencio ─ por favor diz que não é...
─ Não ─ ela mentiu ─ o medico disse que eu vou viver ─ ela responde ─ pelo menos até ver meus bisnetinhos.
─ Tu via ser imortal então ─ eu a abraço forte como se ela fosse fugir ─ vamos? ─ falo então ─ eu fiz a janta.
Nós chegamos ao apartamento, vejo que os outros trabalharam bem durante a nossa conversa, a mesa está toda arrumada, o peru está pronto, as saladas, frutas, o vinho já esta respirando.
─ Foi uma trabalheira fazer tudo isso ─ na verdade eu conhecia uma auxiliar de cozinha que me ajudou a fazer tudo, ela era uma seis, mas valeu a pena ─ o jejum realmente vale a pena...
─ Nossa que mesa linda ─ vovó fala admirada então se vira para mim ─ Mas neto, você sabia que o peru é só no natal não é? ─ “é claro, seu burro, peru é de natal”.
─ Todo mundo me chamou de louco no mercado ─ mentira, não encontrei nenhum cristão com bom coração para me lembrar deste pequeno detalhe “pensa, pensa...” ─ Mas como ano passado eu não fui passar o natal com a senhora pensei de nós comemorarmos tudo hoje ─ “Boa garoto!”
************ Na despedida************
- Marlon -
─ Tchau Vó! ─ Nando abraça Cris ─ Faça boa viagem.
─ Tchau, neto ─ responde ela ─ Se cuida viu, e cuide desta belezinha aqui também ─ ela abraça Daiane.
─ Vou descer com as malas ─ Marcelo vai na frente.
─ Cris! ─ eu a abraço ─ Até mais ─ eu digo beijando ambas as bochechas dela.
─ Até meu filho ─ ela me abraça.
─ Vovó o elevador está chegando ─ a voz de Marcelo vem do corredor.
─ Já vou ─ ela responde ─ só mais uma coisa querido ─ ela abaixa o tom de voz ─ acho legal você ser amigo do Marcelo eu amo de mais aquele guri ─ ela olha ─ e aproveitando que você é todo grandão, cuide dele pra mim viu ─ ela revira os olhos ─ eu vi na novela que estão batendo nos gays na rua ─ o freio de mão puxou mais rápido desta vez, consegui manter a voz fria junto com mascara do rosto.
─ Pode deixar Cris.
Eu dou tchau para ela do corredor, depois fecho a porta, olho para Daiane e Nando.
um... dois... três”’.
─ ELA ACHA QUE O MARCELO É GAY!!!!!! HAHAHAHAHA.


“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 capitulo 07 – A Aventura de Páscoa (part 4)

ANTERIORMENTE EM AVDTGLSSAG: Marcelo, o Garanhão continua a procura de sua avó que está perdida na rodoviária de Curitiba, depois de seu primeiro plano para encontrá-la falhou, afinal era esperar muito da parte dele que um "ex-caso complicado" fosse o ajudar nesta tarefa, ele vai até a central de vigilância do local atras de informações, no que isso vai dar?:
(...)
- Marcelo-
Cheguei a central de vigilância que estava cheia de gente, uma mulher desesperada gritava:
─ Pelo amor de Deus, ela está doente, vocês tem que me ajudar a encontrar ela!
─ Calma, querida ─ um homem passou o braço no ombro dela e falava ao seu ouvido ─ Nós vamos encontrar ela.
─ Com licença ─ falei ─ eu preciso de ajuda, eu... ─ engoli em seco ─ perdi minha avó e...
─ Calma ai colega, vai ter que entrar na fila ─ respondeu um brutamontes que estava com um uniforme de segurança, a voz dele parecia um arroto de tão grossa.
─ Mamãe! Olha ─ falou uma garotinha que também estava na sala, ela apontava para um dos monitores que estavam na parede ─ é a vovó ali ô!
─ Ai meu deus, com o seqüestrador!
─ Atenção todos os agentes, temos um seqüestro em andamento, todos para o corredor três, cuidado vitima é uma senhora com Alzheimer, o suspeito parece ser perigoso, repito, todos os agentes para o corredor três ─ falou um homem barrigudo com camisa azul e gravata preta que tinha um radio preso ao ombro igual ao que os policiais usam.
O homem que havia falado comigo saiu da sala correndo junto com um outro do mesmo tamanho que ele, a mulher saiu correndo logo em seguida o homem que estava com ela foi de atrás levando a criança no colo.
─ Hã ─ eu pigarreei para chamar atenção do cara do radio que era o único que ainda estava na sala ─ com licença senhor, é que eu perdi minha avó mais cedo e...
─ Amigo não vê que estamos no meio de uma crise, aqui? ─ falou o homem que nem tirou os olhos do monitor.
Eu olhei para aquele monitor então, nele estava o numero 3 em verde no canto da tela, e a imagem de Marlon de braços dados com a dona Juraci.
─ Ai caramba! ─ Falei, os agentes que estavam a pouco na sala de vigilância apontavam seus cassetetes para Marlon que saiu correndo de braços para o ar.
─ Daí já conseguiu, encontrar a vovó? ─ ouvi a voz de Nando vindo de trás de mim, tinha recém chegado a sala.
─ Não, hei senhor mande os agentes pararem, eu conheço o rapaz ali, ele não seqüestrou aquela senhora, foi um mal entendido, não o machuquem ─ falei, o policial se virou na cadeira e olhou fundo nos meus olhos.
─ Oh pereira ta na escuta? ─ falou ele. Eu desviei o olhar para o monitor, na tela com o numero 5 estava Marlon imobilizado no chão.
─ Senhor? ─ a voz de arroto soou do radio em resposta, fora difícil ouvir o que ele dizia, pois alem da estática do rádio Marlon gritava desesperado “AHHHHHH ME SOLTEM, ALGUEM ME AJUDA! POLICIA, OS BOFES ESTÃO ME AGARRANDO A FORÇA”.
─ Pode trazer esse individuo pra cá, parece que houve um mal entendido, copiou?
─ Sim senhor! ─ agora mais fácil de ouvir a resposta, pois no lugar dos gritos de Marlon, bem ao fundo ouvi a voz de dona Juraci falando:
─ Eu me enganei filho, a Bete é minha filha não minha neta, que cabeça a minha, fique bem viu!
Pelo monitor vi que a velinha passava pelo lado de Marlon com toda a sua família. Alguns segundos depois os agentes trouxeram para a sala, ele resmungava:
─ Eu vou processar vocês por uso abusivo de violência! Eu sou um lírio sensível, seus ogros! ─ Daiane o calou com uma cotovelada na boca do estomago.
─ Muito bem! ─ aquele que parecia ter o comando ali disse ─ acho que vocês podem me explicar o que esta acontecendo aqui!
Depois de eu contar toda a história para ele, o comandante colocou as mãos no inicio do nariz bem entre os olhos e suspirou fundo.
─ Já estou quase no fim do meu turno, já são quase onze horas, eu não vou nem me dar ao trabalho de perguntar, como raios vocês conseguiram armar uma confusão dessas! ─ ele olhou para mim ─ que horas era o ônibus da sua avó?
─ Sete e quinze ─ gritou Marlon, Daiane deu mais uma cotovelada nele.
─ Quinze para as sete ─ respondi.
─ Muito bem ─ falou o guarda digitando no computador ─ horário difícil este, portão?
─ 12 ─ respondemos todos em uníssono.
Uma das telas se encheu com a imagem do portão doze, o relógio marcava 18:40, a câmera filmava de costas para a saída de passageiros e mostrava aqueles que estavam os esperando.
─ Ali vem a gente! ─ falou Marlon apontando para a tela, ele e Daiane apareciam andando como pingüins no vídeo acelerado ─ credo, não acredito que eu ando assim em publico, não é a toa que estou solteiro.
─ Não burro, todo mundo parece andar assim em câmeras de segurança ─ murmurou Daiane em resposta.
Os dois ficam parados por um instante depois começam a discutir, Daiane começa a falar no telefone e Marlon começa a pular feito uma cacatua, depois, Daiane se aproxima de um dos guichês.
─ A Daiane tava querendo te trair ali sabia, Nando? ─ falou Marlon.
─ Cala a boca ─ Daiane o repreendeu ─ e sobre isso ai, não quero mais brincar, não sou namorada de ninguém.
─ Ah não ─ Marlon teimou ─ foi você mesmo que escolheu, podia ter ficado com o Marcelo, mas não, ta certo que o Nando é meio charmozinho e tal...
─ Calem a boca os dois! ─ gritei, na TV eles apareciam segurando um papel com a escrita de ponta cabeça.
─ Agora sabemos por que dona Juraci não pode ler, vocês estavam segurando a placa de ponta cabeça ─ notou Nando.
─ Eu sabia que eu tinha que segurar aquilo ─ falou Daiane.
─ Mas é você... ─ começou Marlon.
─ Calado.
No vídeo, dona Juraci se aproxima deles fala qualquer coisa e eles seguem para fora do campo de visão da câmera, segundos depois vovó aparece.
─ Ali esta ela! ─ falou Nando reconhecendo ─ não sai daí vovó.
─ Nossa Daiane, como você foi confundir? A dona Juraci é simpática mais parecia ter uns trezentos anos, a vovó de verdade parece ser tão nova ─ Marlon sussurra, no vídeo vovó Cris para e fica olhando em volta, pega a placa do chão com o nome dela e fica parada. O vídeo se acelera.
─ E parece que ela continua lá ─ anuncia o guarda.
─ Boa vovó, é isso ai, nunca saia do único lugar onde as pessoas sabem onde te encontrar! ─ Nando explode de orgulho.
Eu saio correndo da sala em direção ao portão 12, o único lugar onde eu sabia onde encontrar minha avó e o único onde não procurei, mas que ela continuava a me esperar.
─ Vovó! ─ chamei ela que estava sentado em um banco de frente para o portão 12.
─ Marcelo! ─ falou ela levantando ─ eu sabia que você não tinha esquecido de mim, meu neto!
─ Não vovó, desculpe eu não esqueci, é que eu tive que trabalhar daí aconteceu um monte de outras coisas, e... desculpe ─ falei abraçando ela.
─ Tudo bem. Foram o que? só umas três horas sentada aqui ─ ela deu de ombros.
─ Vamos para a casa então? Essas são as suas malas?

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 capitulo 06 – A Aventura de Páscoa (part 3)

ANTERIORMENTE EM AVDTGLSSAG: Depois de chegar em casa do trabalho ansioso por rever sua avó, Marcelo descobre que seus amigos Daiane e Marlon que não a conheciam, tinham pego " a avó errada" agora ele corre contra o tempo para encontrar sua avó que está perdida na rodoviária da cidade de Curitiba.
(...)
─ Meu, vocês não sabem a raiva que eu estou dos dois! ─ falei enquanto olhava pelo espelho do carro vendo o reflexo de Marlon e Daiane que estavam no banco traseiro do carro.
─ Ah, desculpe ai amigo ─ começou Marlon.
─ Não briguem meus filhos ─ respondeu a senhora que estava ao lado dos dois no banco de trás.
─ A senhora quer falar o que? Por que disse que era quem nós estávamos procurando? ─ quis saber Daiane.
─ Hora mocinha, vocês estavam lá parados chegaram para mim e perguntaram “Hei, a senhora é a vovó?” ─ ela deu de ombros ─ bem eu sou avó.
─ Ah é? ─ murmurou Marlon.
─ Aham, tenho a foto deles aqui em algum lugar ─ falou ela começando a remexer na bolsa.
─ Eu não acredito que vocês pegaram a velha errada ─ Nando gargalhou no banco do carona.
─ Ah achei! ─ falou a senhora ─ Veja, essa é a Bete ─ passou uma foto para Daiane ─ esse rapagão é o Augusto ─ passou outra ─ Julia, Juliana, e esse aqui ─ ela ficou olhando para essa foto admirada ─ é o caçulinha da família, Julian.
─ Ain que coisinha mais linda do Tio ─ falou Marlon quando recebeu a foto do ultimo.
─ É lindo não? ─ Concordou a senhora.
─ E por que raios você não leu a placa com o nome que estávamos segurando? ─ quis saber Daiane.
─ Vocês estavam?... ─ a senhora começou.
─ Ou seu nome também é Cristalina?
─ Cruzes, não! Me chamo, Juraci ─ falou ela ─ e desculpe não pude entender o que estava escrito no papel que seguravam.
─ Juraci?! ─ repetiu Daiane.
─ Shiii, não fala mais nada, coitadinha não sabe ler ─ sussurrou Marlon no ouvido de Daiane.
─ Tem idéia de como vamos encontrar a Vovó Cris lá na rodoviária? ─ Perguntou Nando.
─ Da mesma maneira que encontrei você, Nando ─ Respondi seguro de mim.
***
─ De jeito maneira! ─ Gritou a moça ─ Depois que você fez? Me usou depois jogou fora, seu canalha! Eu fiquei esperando sabia? Você disse que ia comprar pão no dia seguinte e sumiu! Agora me aparece aqui com a maior cara de pau e vem pedir um favor!
─ Gente será, que devemos avisar que o microfone está ligado? ─ Murmurou Marlon escondendo a boca.
─ Kátia, eu posso ex...
─ Kátia?! Nem meu nome se lembra? ─ gritou a moça ─ é Caroline, não vê está bem grande no crachá, C-A-R-O-L-I-N-E!
Um barulho de microfone com mal contato foi ouvido dos auto-falantes da rodoviária, Caroline olha para a sua mesa, Nando esta com uns cabos nas mãos.
─ Foi mal ─ disse ele ─ é que o microfone estava ligado, e eu não sabia como desligar, mas parece que deu certo, podem continuar ─ ele acenou com as mãos.
─ Arr ─ rosnou Caroline ─ Fora daqui, vocês todos, vamos caiam fora ─ ela começou a expulsar todos da pequena sala que já atraia muitos curiosos.
─ A Carol, me desculpe ─ tentei ─ é caso de vida ou morte...
E ela fechou a porta da sala na minha cara.
─ É parece que o plano B Falhou, tem um C? ─ perguntou Nando atrás de mim.
─ Meu Deus, o que é que eu vou fazer? ─ Levei as mãos a cabeça.
─ Cara essa é a guria que tu pegou quando veio buscar o Nando, e depois... ─ Daiane me perguntou.
─ É sim por que? ─ respondi.
─ Amigo, se te serve de consolo ─ ela colocou a mão em meu ombro ─ eu agora acredito que era uma oito!
─ Ah Ane, hora e lugar né cara.
─ Aff, vocês dois se merecem ─ bufou Marlon.
─ Desculpe atrapalhar, mas vocês ainda querem encontrar a outra senhora não é? ─ perguntou Dona Juraci.
─ Sim, por que alguma idéia? ─ falei aflito.
─ Bom eu reparei agora, mas tem câmeras aqui! ─ ela falou apontando para um dos cantos do corredor de frente a sala de Caroline.
─ É claro! Por que não pensei nisto antes? ─ sai em disparada pelo corredor.
─ Hey seu mal educado! não se abandona uma dama falando sozinha! ─ gritou Marlon, eu olhei para trás por um instante, ele estava de braço dado com Juraci ─ Vamos senhora eu a acompanho falou ele, eu continuei a caminho da sala das câmeras... 

domingo, 15 de março de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 episodio 05 – A Aventura de Páscoa (Part) 2

ANTERIORMENTE EM AVDTGLSSAG:
Marcelo, o garanhão anunciou a seus amigos que sua avó viria passar a semana de pascoa com eles, e baixou ordens no apartamento, pouco tempo antes de ir buscá-la na rodoviária recebe uma ligação do escritório onde trabalha, ele teria que ir a reunião dos diretores da empresa e não iria poder apanhar sua avó...

Domingo 29/03 por volta das 18:30 Rodoviária de Curitiba.

 — Ok! Então como é mesmo que vamos encontrar a Divina senhora? — perguntou Marlon — Vamos ficar segurando aquelas plaquinhas com o nome da... ai meus deus como é mesmo o nome da vovó?
— Problema A, a plaquinha esqueci no porta luvas do carro, Problema B pensei que você tinha perguntado Cabeção — Daiane socou o braço do amigo.
— E agora? O que faremos? O Marcelo vai nos matar...
— Calma! Calma, vamos pensar... Nando!
— Hã... não muito masculino.
— Não, bocó vou ligar pro Nando, ele deve saber.
— Boa, faz isso.
Primeiro toque... segundo toque... terceiro toque... caixa de mensagem.
— Droga não ta atendendo.
— O que, qual é a hora do ônibus?
— Não sei, quinze para as sete cala a boca.
Primeiro toque... segundo toque... terceiro toq...
Alô! Diga rápido to na aula, não posso falar.
— Ah Nando graças a deus, viu só me responda qual é o nome da tua avó?
— Ele atendeu? Ah gloria ele atendeu — Marlon começou a pular de alegria e abraçou um turista que passava por ali.
Cristalina. Mais alguma coisa?
— Não, Obrigado, Problema B resolvido agora o A...
— Vamos lá no carro se é as Quinze para as sete nós temos tempo.
— Mas tu é burro mesmo né? Não tem plaquinha nenhuma.
— Ah!
— Vamos — falou ela andando para um dos guichês de informação — Boa noite, eu preciso de dois papeis e uma caneta, será que você pode me ajudar?
— Claro — a moça de trás do guichê passou as folhas.
— Agora o seu telefone talvez...
— Jesus, direta assim? — falou Marlon, a moça sorriu.
— Hm quem sabe, o que vocês fazem aqui?
— Ah viemos, buscar a avó do namorado dela, e se nós não nos apresarmos nunca mais achamos ela aqui nessa muvuca.
A moça arqueou as sobrancelhas, Daiane rangeu os dentes — Longa história — falou para a moça, e escreveu no papel Dona Cristalina — E o telefone? Rola assim só por curiosidade — a moça revirou os olhos — Não? ta obrigado — agradeceu ela e depois virou para Marlon ─ Eu mato você... qualé fica me atrasando.
— Hey se eu posso bancar o hominho você vai se comportar.
Daiane não respondeu nada, quando anunciaram que o ônibus da vovó tinha entrado no portão 12. Os dois se posicionaram na saída das portas de vidro dos portões segurando a plaquinha de ponta cabeça.
**********************Em quanto isso na sala de Justiça*******************
- Marcelo -
Cheguei ao escritório, tinha subido a sala de reuniões, deixando o “Lanchinho” dos diretores, aproveito e pego uns dois sanduíches daqueles para mim quando ouço alguém no andar de baixo, desço as escadas com a boca cheia. 
— “Broa Noite” — Cumprimentei dona Daisy, com a boca cheia, ela não respondeu, estava sentada em sua mesa, não dei bola e fui para a mesa do café.
— Boa noite Marcelo! — Falou ela quando voltei — nossa Marcelo, veja só como você é! Chega não cumprimenta, nem pergunta se eu melhorei da minha gripe! Que consideração! — eu a olhei sério pensando que ela estava brincando, mas ela não estava.
— Olha dona Daisy, veja bem, eu nem sabia que a senhora estava gripada e segundo, eu não pergunto isso nem pra minha mãe — “não, não, grande erro, Grande erro”.
— Escute aqui moçinho... — A porta se abre os diretores começam a entrar “ufa, salvo pelo gongo”. 
****
─ Uso de uma placa no banheiro dos funcionários para controle do uso da água ─ eu leio em voz alta a pauta da reunião ─ o que significa isso? ─ pergunto para mim mesmo.
─ Vão ser instalados uns quadros nos banheiro dos funcionários ─ responde Dona Daisy de trás de mim ─ cada funcionário ao utilizar o banheiro para digamos, o numero 1 marcará um risco no quadro, o terceiro que usar da a descarga.
─ Por que isso? ─ pergunto ─ isso não é sei lá anti-higiênico? 
─ Sim, mas precisamos economizar água, não vê que lá em São Paulo, eles estão sofrendo com a estiagem ─ explica ela.
─ Mas o que é que a falta de água lá de São Paulo nos afeta aqui no Paraná? ─ pergunto ainda confuso.
─ Hora Marcelo, não faça perguntas estúpidas, eles não tiveram que usar energia termoelétricas por lá, e a presidente não fez nós pagarmos a conta? Antes que ela tenha a idéia de fazer o mesmo com a água, estamos tomando medidas de precaução. Bom que os diretores façam isso antes que tenhamos que reduzir o quadro de funcionários para pagar a conta de água e luz. Bom está tarde, vou indo, não se esqueça de fechar tudo ao sair.
Espero dez minutos então deixo tudo como está e vou para casa.
Chego ao prédio a tempo de pegar o elevador com Nando.
─ Sobe? ─ falou ele segurando a porta.
─ Obrigado ─ agradeci entrando ─ como foi a aula?
─ Foi nor...
─ Ah será que aqueles dois já chegaram com a vovó? ─ ele não responde, o elevador chega ao nosso andar, e eu corro para a porta, mas antes de abri-la eu paro.
─ O que foi? ─ quis saber Nando.
─ Acho que você entra na frente! ─ Falei me virando para ele, que revirou os olhos.
─ Ah tanto faz ─ falou ele esticando a mão para a maçaneta, eu instintivamente dei um tapa na mão dele.
─ Não espere ─ falei ─ Como é que eu estou? 
─ Horrível como sempre podemos entrar? ─ Ele responde, girando a maçaneta e abrindo a porta.
─ Ah eles chegaram! ─ Ah voz de Daiane nos recepciona, vejo um vulto correndo para a direção de Nando, um vulto que reconheço como sendo ela, que cumpriu sua promessa, vestia jeans e uma blusa de moletom, desvio o olhar dela quando Daiane esta com os braços envolta do pescoço de Nando, então meus olhos percorrem a sala.
─ Então conseguiram pegar a minha avó? ─ pergunto para Marlon que estava encostado na parede de braços cruzados fazendo uma cara de mau ao lado de uma senhora que estava sentada no sofá.
─ Como é que é?─ Daiane solta Nando ─ É ela ali, não é?
─ Do que você esta falando eu nunca via aquela senhora na vida ─ falei minha face começa a pinicar, sinto que esta ficando vermelha.
─ Hã? Tem certeza? ─ Marlon desfaz a careta e arregala os olhos ─ Venha ver mais de perto!
─ Eu conheço minha vó a vida toda, não acha que eu reconheceria ela?
─ O que, não é ela? ─ Daiane pareceu confusa ─ Credo, fiz toda essa cena por nada!
─ Que história é essa minha senhora ─ Marlon se vira para a senhora, cruzando os braços e batendo um dos pés no chão como uma mãe querendo a explicação para um mal feito do filho, a senhora abriu um longo sorriso amarelo ─ esse não é seu neto? ─ perguntou ele.
─ Acho que devo falar não filho, HEHE ─ Marlon da um gritinho histérico e se vira para mim apavorado.
─ Não, não, não.... ─ eu começo a murmurar ─ me digam que vocês estão zoando comigo e minha avó esta escondida na cozinha.
─ HEHE ─ Daiane se vira para mim ─ Acho que devo falar não filho.

quarta-feira, 11 de março de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 Capitulo 04– A ventura de páscoa (part 1).

Domingo 29/03 15h
- Marcelo -
“Como abro a porta?” raramente faço isso, bom verdade seja dita, eu Nunca fui fazer compras, meus braços estão ocupados com sacolas e mais sacolas, penso em dar uns coices na porta “deve ter alguém em casa”.
— Quer ajuda? — ouço a voz de alguém no corredor viro-me para ver quem seria tal anjo, mas o que eu vejo é só a cobra de saias, “Ah fazer o que né?”.
— Sim! Muito obrigado, eu não tenho como abrir a porta, se a senhora puder pegar a chave que esta aqui no bolso — eu estico a perna direita para que ela pudesse colocar a mão no bolso, ela fica meio receosa.
— Se isso for uma piadinha, seu herege...
— Não, não dona... — Deus como é mesmo o nome dela?
Ela se aproxima de vagar, no momento em que ela coloca a mão no meu bolso a porta se abre, bem no fim, sim tinha gente em casa e eu devia ter chutado a porta.
— GENTE!!! Você hein, ligeira dona, há quanto tempo quero estar com a mão ai e nunca consegui quanto pai nosso você rezou para conseguir isso? — Fala aquela bicha — Daiane o Marcelo tem mais uma para a conta ele ta levando um serviço de mão da velinha!
— Seu... Seu — A senhora estava decerto procurando algum xingamento bíblico que fosse realmente ofensivo — Reze para que Deus o ajude a se curar para salvar sua Alma do Inferno, sua aberração! E você seu... Tarado! 
Ela tira a mão do meu bolso e sai pisando duro pelo corredor.
— Me desculpe era o meu celular! — Grito.
— Cê tava querendo entrar? 
— Sim muito obrigado! E você não vai a lugar nenhum tenho que falar com você ─ digo ao entrar.
Entrei no apartamento Daiane estava sentada na sala assistindo Tv e me segue com o olhar enquanto eu vou para a cozinha.
— Que novidade é essa? — Pergunta ela — Nando vem vê fizemos rancho!
Os três me seguem para a cozinha e ficam vendo enquanto eu guardo as coisas — É sério vocês não vão me ajudar aqui? Ane como é que você consegue colocar tudo aqui dentro?
— Não, não... nós estamos bem aqui — Eles riem.
— Chedar? Vinho do Porto... é o que eu estou pensando? — Nando começa a falar.
— É o seguinte — me viro para os três que me fitam — Algumas mudanças vão acontecer aqui, pelo menos por uma semana.
— Que mudanças? — Daiane pergunta.
— Você, seja mais Homem! — Falo para Marlon — Você mais roupas — Falo para Daiane que estava com uma camiseta apenas e se estava com algum calção era tão curto que não aparecia — e agora você namora comigo, e você torça para ela lembrar seu nome desta vez — Falo para Nando — nesta casa não entra carne nas segundas quartas e sextas e principalmente na sexta feira santa nada alem de pão peixe e vinho...
— Cruzes alguém esta querendo impressionar a nova namorada, será que ela tem mãos tão boas assim? – Marlon sussurra para Daiane. 
— KA KA KA, Comentários como esse também não serão encorajados, minha avó vem passar essa semana conosco e vai ficar conosco até a páscoa.
— Vó? — Daiane olha de mim para Nando.
— Ele é o queridinho dela! — explica Nando mal humorado.
— A que é isso? não é culpa minha que ninguém gosta de você! — falo para ele — que bom que estamos entendidos — falo para todos.
— Oh, ele tem coração! — Marlon geme vindo apertar minhas bochechas.
— Outro parente seu? Desse jeito vou cobrar uma taxa extra de inquilinos de sangue seu! Aonde ela vai dormir? 
— No meu quarto.
— E você? Suponho que com sua namorada?
— Não, não! Vou dormir na sala.
— Ah ótimo, e mais uma coisa que história é essa de Sua namorada?
— Bom...
— Ele quer impressionar a vovó ─ Nando me interrompe.
— Hã, se tenho que ser namorada de alguém vai ser do Nando! — ela o abraça.
— Ta que seja posso dizer pra vovó que nos amamos e que prefiro sofrer dor de cotovelo ao ver meu primo sofrer, vai ser melhor ainda.
-Cruzes você mente até para sua avó?
- Eu não minto pra minha vó, pra ela eu invento histórias para que ela tenha mais orgulho de mim - murmuro - agora começamos a faxina!
— Ah não to fora! — Daiane sai da cozinha. 
— Eu fui! Tenho que me masculinizar, e faxina não é um jeito de fazer isso! — Fala Marlon saindo também.
— Não olhe para mim se quer dar uma de Maria fica a vontade, ela nem vai lembrar meu nome — Fala Nando dando de ombros.
Bem no fim eu tive que limpar sozinho o Ap.
— Ual, mamãe choraria se me visse assim — falo a mim mesmo quando me vejo no espelho estava com um avental florido e uma luva amarela que tinha achado na dispensa, nunca tinha visto ninguém usando, aquilo devia ser da moradora antiga — Só não sei se seriam lagrimas de felicidade ou de vergonha.
Entro na sala e tomo o controle da mão de Daiane.
— Hey! Que diabos pensa estar fazendo? 
— Colocando senha nos canais impróprios, nada de Womens Only pra você até Tiradentes!
— Pô, sacanagem!
— Vou precisar do seu carro emprestado — falo retirando as luvas.
— Por quê? – quis saber ela. 
— Tenho que buscar minha avó na rodoviária.
— Ué por que não vai de taxi igual quando foi buscar o Nando?... Ah “impressionar a Vó” saquei. Pode pegar.
O celular começa a vibrar, olho no visor “Daisy” minha chefe.
— Shii, é do escritório — dou as costas para Daiane e ela começa a procurar algo para assistir mudando os canais direto no receptor, pois o controle ainda estava na minha mão.
— Alô?
Marcelo querido, atrapalho?
“sim” penso.
— Não, pode falar Dona Daisy.
Dona nada, só Daisy viu, vou precisar de você no escritório, agora.
— Agora?
Sim foi o que eu falei, algum problema? A reunião dos diretores foi adiantada para hoje graças ao feriado, por que eles vão todos viajar já amanhã e só voltam depois da páscoa, gente rica é uma coisa, você vem não é?
... — Sim — respondo, O grandão entra no apartamento novamente — Só tenho que me arrumar.
Se apresse, e passe na padaria pegar os frios antes de vir. Fala ela e desliga.
— Droga! — Praguejei voltando para a Sala — mudança de planos, Vou ter que ir para a reunião da diretoria, e alguém vai ter que buscar a vovó na rodoviária — olhei para Nando que vinha dos quartos.
— Ih tenho aula do curso de literatura — ele me fala.
— Minha carteira ta vencida! — fala Daiane.
— Ah, por isso que o carro não sai da garagem faz dois meses?
— Bom verdade seja dita, no primeiro mês foi por que eu não achava a chave!
— E agora? — Pergunto meio que para mim mesmo.
— Não se preocupe o Homem da casa vai buscar a boa velinha — Fala Marlon enchendo o peito ao falar.
Eu me jogo no sofá, decepcionado — Já até sei o que ela vai dizer ao te ver... “Esse não é o meu neto”.
— Daí eu digo “ Vovó, eu mudei!”
Continua...