domingo, 29 de março de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 capitulo (08-09-10) –A Aventura de Páscoa - conclusão –

- Marcelo -
Chego em casa, vovó já esta acordada, tive que pular cedo da cama, pois ao chegar da rodoviária na noite passada descobrimos que a companhia de viação tinha trocado a mala de dona Cristalina, por uma cheia de produtos de sex shop.
─ Cheguei! ─ anuncio ao bater a porta, o cheiro de peixe frito chega a minhas narinas, “Droga hoje é segunda... nada de carne” no mesmo momento que esse pensamento se forma, minha boca se enche de saliva “carne”.
─ Bom dia neto! O café esta quase pronto! ─ Vovó responde da cozinha ─ Conseguiu a minha mala?
─ Sim ─ respondo deixando a mala encostada no sofá e vou para a cozinha.
─ Acho que os outros não acordaram ainda ─ falou ela quando entro na cozinha, “e nem vão acordar tão cedo”, a mesa esta posta, com aquilo que será a refeição durante aquela semana inteira, pão peixe e água ─ Eu tive que improvisar uma frigideira, não consegui encontrar a de vocês.
─ Nem sei se temos uma ─ respondo tomando acento em uma cadeira ─ quase não cozinhamos aqui.
─ É eu notei que faltam bastantes utensílios domésticos aqui ─ ela responde sentando-se também, levo a mão ao pão ela me da um tapa cujo o estralo viaja pelo apartamento.
─ Ai.
─ Para onde foram seus modos meu neto? ─ ela pergunta juntando as mãos a frente dos olhos ─ primeiro a oração.
A campainha toca bem a hora.
─ Eu atendo ─ falo me levantando ─ que estranho nem sabia que tínhamos campainha ─ falo para mim enquanto vou para a porta.
─ Daí cara? ─ Marlon salta para dentro do apartamento quando eu abro a porta ─ tudo sossegado? ─ ele aperta minha mão com tanta força que sinto minhas articulações rangerem.
─ Que novidade é essa? ─ pergunto a ele.
─ A vovó não esta aqui? ─ perguntou ele fungando sentindo o cheiro de fritura ─ eu acho que sim ─ ele mesmo se responde.
─ Quem era filho? ─ pergunta ela da cozinha.
─ É o Marlon ─ respondo e depois diminuo o tom da voz ─ o que faz aqui?
─ Já não disse?Vim ver a vovó ─ ele responde indo para a cozinha ─ relaxa eu já entrei no personagem no corredor, docinho.
Essa não”
─ Bom dia dona Cristalina! ─ falou ele ao entrar na cozinha.
─ Bom dia querido, mas pode deixar o dona e o Cristalina, me chame de Cris, por favor.
─ Como quiser, combina mais com uma pessoa tão jovem mesmo ─ minha vó ri.
─ Está com fome? Acabei de preparar o café já acho um pratinho a mais.
─ A sim, muito obrigado.
─ Marcelo, congelou ai na sala? ─ minha avó me chama, só então me movo “Relaxa eu já entrei no personagem no corredor... docinho” a voz de Marlon soa em minha cabeça.
─ Eu torço seu pescoço... ─ entro na cozinha, eles continuam a conversar como se eu não estivesse ali.
─ Vó eu vou ter que trabalhar, só chego a noite, o Nando acho que depois de acordar não sai hoje, acho que pode ficar contigo.
─ Não se preocupe, filho pode ir trabalhar sossegado.
E volta a conversar com Marlon, tomo meu café e pego a marmita que vovó preparou para meu almoço, na saída para o trabalho encontro com Daiane que vinha dos quartos.
─ Eu mato seu amigo ─ resmungo para ela.
─ Bom dia para você também ─ ela responde, eu saio para o trabalho.
***
- Daiane -
─ Olha só quem acordou! ─ Dona Cristalina, levantou da mesa e veio para cima de mim com os braços abertos ─ Minha mais nova netinha ─ ela me abraça eu demoro para entender, a ficha só cai quando Marlon abre a boca em um sussurro inaudível ele diz:
─Nando...
─ Ah! ─ me lembro que agora namoro ─ Bom dia, Vovó? ─ respondo sem jeito.
─ Sente-se, sente-se ─ ela puxa uma das cadeiras para mim ─ aproveitando que o Marcelo saiu, quero que vocês me respondam uma coisa ─ ela fala de costas para Marlon e eu, nós nos entreolhamos com os olhos arregalados, ele coloca a mão na testa e sussurra na mesma fala inaudível:
─ Ela descobriu, ah deus...
─ Como faço para chegar ao centro? ─ Vovó pergunta.
─ Ah é isso ─ Marlon sussurra claramente aliviado.
─ O taxi é mais fácil ─ respondo.
─ Hum ─ ela se vira com um prato nas mãos ─ Bom mais à tarde, precisarei ir.
─ Ah eu levo à senhora ─ Marlon fala ─ vou ter que ir para aquelas bandas também.
─ Não precisa se incomodar querido, eu tenho que resolver uns assuntos por lá...
─ De jeito maneira, eu já perdi a senhora uma vez, Marcelo me mata se o fizer de novo, eu vou e está decidido ─ falou Marlon sério “Como ele é um bom ator” eu rio por dentro.
─ Está bem, mas eu apreciaria se não falassem disso para o Marcelo ─ falou ela para Marlon depois de uns segundos em silencio ela se vira para mim ─ Ah, e pro Nando também não.
─ Pode deixar ─ respondo mordiscando o pedaço de pão.
            **************Enquanto isso na sala de Justiça**************
- Marcelo -
- Ao meio dia -
Eu estou no refeitório do escritório, nunca tive tanta fome na vida eu acho, começo a desembrulhar o almoço que vovó preparou para mim, um sanduíche de pão seco e um pedaço de peixe.
─ Ah como eu odeio a páscoa ─ falo para mim mesmo ─ na verdade eu não sou fã do seu gosto ─ começo a falar para o pedaço de peixe.
─ Está de regime Marcelo? ─ dona Daizy fala passando por mim.
─ Não, é que é Semana Santa ─ respondo, ela que nem tinha esperado minha resposta volta de costas para dentro do refeitório.
─ Nossa, Marcelo ─ fala ela ─ não sabia que você era ligado as tradições católicas ─ eu não respondo, fico calculando por onde começo a morder o pão “Muito pedaço de peixe... ou pouco peixe... ah, nenhum é melhor” quando vejo que ela esta sentada a minha frente me olhando como esperando uma resposta.
─ Desculpe, disse alguma coisa? ─ pergunto com um sorriso no rosto.
─ Esta esperando você terminar as orações ─ falou ela ─ Bom, como dizia, não sabia que você era ligado as tradições católicas, isso fez você crescer no meu conceito ─ falou ela beliscando minha bochecha ─ sabe do que mais, você trabalha até quarta essa semana, pode tirar o resto dela de folga.
─ Obrigado senhora ─ respondi pego de surpresa ela começa a se retirar ─ Deus seja louvado!
─ Amém ─ responde ela.
********** Mais tarde***********
- Marlon -
─ Taxi ─ eu chamo o carro encosta próximo a calçada, eu abro a porta, para a dona Cris.
─Oh, muito obrigado! ─ ela sorri quando entra no carro.
─ Para onde? ─ o motorista pergunta.
─ Centro De Oncologia do Paraná ─ ela responde, sinto uma queimação na boca do estomago ─ Lembre-se esse é o nosso segredinho filho!
A queimação explode pelo peito.
“COMO ASSIM, QUE ESPECIE DE SEGREDO É ESSE? O MARCELO VAI FICAR ARRASADO, E... EU NÃO SOU BOM EM GUARDAR SEGREDOS!!!!! AHHH”’
Eu quase grito, mas algo em meu cérebro puxa um freio de mão e as palavras ficam entaladas na garganta.
Seja homem mulher, seja homem”’.
Eu engulo em seco, observo que o motorista nos observa pelo retrovisor.
─ Ma-mah? ─ ele pergunta em uma voz fina “essa não... é o Pietro”
─ Desculpe? ─ Cristalina se aproxima do banco do motorista, eu começo a passar a mão no pescoço como se estivesse o serrando em um gesto que se ele não entendesse meus olhos gritavam em reforço“ CALA A BOCA”.
─ O que tem aprontado sua louca... ─ eu tusso como se tivesse afogado e engrosso a voz.
─ Acho que está nos confundindo senhor ─ falo, graças ao bom deus Pietro entende meu recado e não fala mais nada pelo resto do trajeto.
************ SEXTA-FEIRA**************
- Nando -
Estamos todos sentados no sofá e assistimos a transmissão da missa do vaticano na tevê, vovó nos obrigou a pular as cinco da matina para ver isso, Daiane dormiu já no que se sentou no sofá com a cabeça no meu ombro, Marcelo esta piscando miúdo desde então ao lado da vovó, mas este morreria antes de dormir tudo para fazer as vontades dela.
─ Amém! ─ vovó responde ela parece estar chorando, Daiane acorda bem na hora.
─ Amém ─ ela responde no susto ─ o que eu perdi? ─sussurra ao meu ouvido.
─ Nada.
Nós dois saímos da sala.
─ Nada dos pombinhos tomarem café juntos hoje ─ falou vovó enquanto saímos.
─ Sim vó ─ respondemos em uníssono.
─ Ela tem que ir embora! ─ Daiane se joga em uma das cadeiras ─ Não é justo, como é que não comer nos deixa mais santos? ─ ela pergunta rosnando.
─ Não deixa ─ Marlon responde, eu dou um pulo não tinha visto que ele entrou no apartamento e nos seguiu para a cozinha ─ mas nos deixa mais magros! ─ ele começa a dar palminhas ─ Eu estou adorando essa semana, perdi dois quilos.
─ Hora, hora, olha só que resolveu aparecer ─ falo, Marlon tinha sumido desde segunda-feira quando voltou do passeio com a vovó.
─ Espera por que você não esta comendo carne também? Você quase nem veio aqui esta semana! ─ Daiane pergunta.
─ Estou me convertendo ─ ele responde.
─ Sabe que para isso você teria que deixar de ser gay não sabe? ─ falo, ele me olha sério.
─ Detalhes ─ responde.
─ E por que desapareceu? ─ Daiane perguntou.
─ É, eu tive que hum, resolver uns problemas ─ falou ele ficando sério, depois faz uma cara de sério, não aquela máscara hetero que ele mantinha quando vovó estava por perto, mas a cara de quem esta querendo esconder alguma coisa, ele olha em volta disfarçadamente tira um papel do bolso desliza ele por cima da mesa e deixa na minha frente ─ Bom, eu acho que já vou indo ─ fala então saindo da cozinha.
Eu pego o papel, Daiane junta sua cabeça a minha para poder ler o bilhete de Marlon, no papel esta escrito a mensagem em uma caligrafia quase ilegível:
“4B45T3C1 4 G3L4D31R4 C4RN3 4V0NT4D3 O D14 T0D0”
─ Abasteci a geladeira...
─ Ah! Gloria ─ murmura Daiane, indo para fora, eu espero mais um pouco e saio em seguida.
O apartamento de Marlon é bem mais modesto do que o nosso, havia uma sala com uma poltrona uma TV antiga em preto e branco, uma geladeira branca igualmente antiga em outro canto uma mesa com três cadeiras, a pia depois um corredor que provavelmente levava ao quarto e o banheiro.
─ É incrível ─ fala Daiane com a boca cheia com um pedaço de hambúrguer ─ isso aqui parece à coisa mais deliciosa do mundo.
─ Não sei por que estou com tanta vontade ─ falei eu que tinha uma pão em cada mão ─ se venho comendo carne a semana inteira escondido da vovó.
─ Tudo que é proibido, nos deixa com mais vontade ─ responde Daiane ─ é uma das regras não ditas da Matrix.
Depois de devorarmos um farto café da manhã nós ligamos a TV.
─ O que há com você Loco? ─ Pergunta Daiane para Marlon ─ você esta tão estranho.
─ Não é nada ─ responde ele.
O dia passa lento e monótono, tudo que passa na TV é relacionado a paixão de Cristo.
─ Eu não agüento mais ─ Marcelo me agarra pelo colarinho e me pressiona na parede ─ Eu preciso de carne vermelha, ou eu morro.
Eu olho ao redor vovó está dormindo no sofá.
─ Shiii ─ eu levo o indicador a boca pedindo silencio ─ me siga ─ depois que saímos para o corredor, Marcelo me segue aos tropeções ─ não acredito que você esta sem comer o dia todo ─ eu sei que ele não come Peixe.
─ Por que?você não?
Chegamos a porta do apartamento de Marlon, eu sorrio.
─ Bem vindo ao mercado negro da páscoa ─ eu falo girando a maçaneta.
─ A VOVÓ ESTA COM CANCER AHHHHHHHHHHHH─ Marlon grita, ele esta de costa para a porta e grita enquanto pula como se estivesse em cima de brasas, Daiane sentada na poltrona arregala os olhos ao nos ver entrando ─ ai acho que eu iria explodir se não contasse para alguém.
Vejo o corpo de Marcelo caindo em câmera lenta antes de eu mesmo ficar tonto e ter que me escorar na parede.
─ Fecha a matraca sua bicha linguaruda ─ falou Daiane se levantando da poltrona.
─ Cruzes, você é que me ficou enchendo as paciências para que eu contasse, o dia todo ─ falou ele, que ainda não tinha reparado que nós estávamos no apartamento.
─ Marcelo você está bem? Acorda! ─ Daiane corre para socorrer meu primo.
─ SOCOCORRO, BOMBEIROS EU MATEI O MARCELO ─ Marlon começa a correr desesperado sem saber o que fazer depois que nota a nossa presença ─ Bicha burra, bicha burra, bicha burra ─ ele corre para a pia e pega um pano para abanar meu primo ─ acorda, por favor, acorda.
─ Nando ─ Daiane deixa Marcelo com Marlon e passa as mãos em meu ombro ─ você esta bem? ─ eu não falo nada, parece que perdi essa capacidade ─ venha sente-se aqui ─ ela me coloca na poltrona depois se ajoelha na minha frente e segura minhas mãos entre as dela ─ você está bem? Você vai ficar bem!
Enquanto isso Marcelo acorda se senta no chão leva a mão a cabeça, balbucia algo que não compreendo e então sai correndo do apartamento.
                        *********DOMINGO DE PASCOA***********
- Marlon -
─ O Marcelo não apareceu ainda? ─ pergunto para Daiane.
─ Lá em casa não ─ ela me responde.
─ Ai meu deus, então já é caso de chamar a policia...
─ Relaxa ai Ma-mah ─ ela responde ─ ele tava na casa da Mi.
─ Mas ela esta viajando...
─ Ela deixou a chave lá em casa para uma emergência.
─ Ah ─ eu suspiro aliviado ─ por que você não me avisou?
─ Ele não queria ver ninguém ─ ela responde ─ mas agora ele pediu para que você fizesse um favor.
─ hã? Qual?
─ Ele quer que você diga para a Cris que ele já sabe de tudo.
─ O que? Eu não posso fazer isso, ela vai me odiar se eu fizer... ─ eu penso por um minuto ─ aquele miserável, ele ta com ciúmes não ta? ─ ela não responde, não precisa.
Eu êxito um pouco na entrada do apartamento. Conto até dez e entro.Eu encontro a vovó sentada no sofá, ela olha rápido, na certa pensando que era Marcelo quem iria ver passando pela soleira da porta.
─ Oi, Cris ─ falo ─ como vai?
─ Oi, filho ─ ela me olha com o olhar triste ─ ah eu vou preocupada sabe, meu neto sumiu, todo mundo fica falando que não é pra me preocupar, mas como é que eu faço isso pois agora? Ninguém me diz onde ele esta.
─ Eu posso dizer ─ falo ─ melhor, posso te levar até ele, vamos? ─ falo oferecendo o braço.
─ Ah sim ─ ela se anima.
Eu levo ela para o elevador, aperto o botão que diz “Terraço”, depois no corredor que da para o terraço do prédio eu começo a falar.
─ Me desculpe Cris, eu não queria trair sua confiança, mas é que eu não vi que o Marcelo estava entrando no meu apartamento bem na hora que eu contava sobre a sua doença para a Daiane.
─ Tudo bem ─ ela sussurra acariciando minha mão depois de um momento.
─ Ele ficou transtornado quando descobriu ─ começo a falar ─ em todos os anos que eu o conheço, acho que a senhora foi à única pessoa pela qual ele demonstrou o mais humano dos sentimentos, acho que a senhora é a pessoa que ele mais ama no mundo, e...
─ Eu sei ─ ela responde ─ Isso foi até bom, ele merecia saber.
─ É aqui ─ falo eu ao chegar na porta que da para o terraço.
***
- Marcelo -
A brisa ali é fria, muito fria, estou só com uma blusa de manga comprida, mais ela de nada adianta para fazer frente ao vento, mas pelo menos as estrelas do asfalto deixam a paisagem linda, já se aproxima das nove, mas a cidade ainda brilha.
─ Marcelo? ─ vovó me chama, eu me viro.
─ Oi Vó ─ respondo indo ao encontro dela ─ Vem ver ─ falo conduzindo ela para mais perto da mureta ─ é lido aqui não acha?
─ Sim ─ ela concorda ─ Muito.
Ficamos em silencio por longos minutos.
─ Filho...
─ Só me responde uma coisa ─ eu a interrompe ─ é muito grave? ─ela fica em silencio ─ por favor diz que não é...
─ Não ─ ela mentiu ─ o medico disse que eu vou viver ─ ela responde ─ pelo menos até ver meus bisnetinhos.
─ Tu via ser imortal então ─ eu a abraço forte como se ela fosse fugir ─ vamos? ─ falo então ─ eu fiz a janta.
Nós chegamos ao apartamento, vejo que os outros trabalharam bem durante a nossa conversa, a mesa está toda arrumada, o peru está pronto, as saladas, frutas, o vinho já esta respirando.
─ Foi uma trabalheira fazer tudo isso ─ na verdade eu conhecia uma auxiliar de cozinha que me ajudou a fazer tudo, ela era uma seis, mas valeu a pena ─ o jejum realmente vale a pena...
─ Nossa que mesa linda ─ vovó fala admirada então se vira para mim ─ Mas neto, você sabia que o peru é só no natal não é? ─ “é claro, seu burro, peru é de natal”.
─ Todo mundo me chamou de louco no mercado ─ mentira, não encontrei nenhum cristão com bom coração para me lembrar deste pequeno detalhe “pensa, pensa...” ─ Mas como ano passado eu não fui passar o natal com a senhora pensei de nós comemorarmos tudo hoje ─ “Boa garoto!”
************ Na despedida************
- Marlon -
─ Tchau Vó! ─ Nando abraça Cris ─ Faça boa viagem.
─ Tchau, neto ─ responde ela ─ Se cuida viu, e cuide desta belezinha aqui também ─ ela abraça Daiane.
─ Vou descer com as malas ─ Marcelo vai na frente.
─ Cris! ─ eu a abraço ─ Até mais ─ eu digo beijando ambas as bochechas dela.
─ Até meu filho ─ ela me abraça.
─ Vovó o elevador está chegando ─ a voz de Marcelo vem do corredor.
─ Já vou ─ ela responde ─ só mais uma coisa querido ─ ela abaixa o tom de voz ─ acho legal você ser amigo do Marcelo eu amo de mais aquele guri ─ ela olha ─ e aproveitando que você é todo grandão, cuide dele pra mim viu ─ ela revira os olhos ─ eu vi na novela que estão batendo nos gays na rua ─ o freio de mão puxou mais rápido desta vez, consegui manter a voz fria junto com mascara do rosto.
─ Pode deixar Cris.
Eu dou tchau para ela do corredor, depois fecho a porta, olho para Daiane e Nando.
um... dois... três”’.
─ ELA ACHA QUE O MARCELO É GAY!!!!!! HAHAHAHAHA.


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