Platão acreditava que tudo em nosso mundo não passava de
meras sombras de um mundo superior, o mundo das idéias, este onde tudo era
perfeito. As coisas de nosso mundo, as sombras, o que ele chamou de Imago, não
passavam disto, meras sombras imperfeitas.
Ele prezava que tudo deveria ser Justo, ter verdade e
beleza, mas como poderia algo ser verdadeiro se tudo não passava de uma
imitação? Como ser belo se nada era perfeito?
Platão acreditava que tudo era mimeses (imitação), mas
que, pessoas em seu oficio como, por exemplo, o carpinteiro podia fazer, uma
cama, ou uma cadeira aceitável, pois não que ela fosse perfeita como no mundo
das ideias, por que isso não existia em nosso mundo, mas que pelo fato de o
carpinteiro entender da essência de uma cadeira poderia fazer uma imitação
(imago) próxima da verdade existente no mundo das idéias, diferente se um
médico ou um ferreiro que tentasse fazer a mesma cadeira.
Para Platão, os Pintores e, principalmente, os poetas,
deveriam ser levados em desconsideração, pois faziam uma mimese sem entender da
essência de nada, como poderiam eles imitar uma cadeira ou uma cama, sem
entender de suas essências? Como poderiam eles curar ou ensinar a curar alguém
sem entender da arte médica? Como poderia ensinar a ganhar uma guerra sem
entender da matemática? O poeta não poderia fazer nenhuma dessas coisas, o que
ele faria então não passaria de uma mimeses da mimeses, faria uma imitação
“fantasma” da “imago” imitação de seu artesão primordial, e estaria assim nos
distanciando ainda mais do que era verdade.
Platão não via utilidade na poesia. Ele dizia que o poeta
trabalhava na parte inferior do cérebro humano, a Piciq, (a mente a alma de onde provinham os sentimentos). Ele dizia
que, por exemplo, que quando se perdia um ente querido, o homem iria querer se
fechar passar a imagem de que estava “sereno”, “sério”, “forte” e “firme”
diante dos outros, portanto quereria usar a Ratio
(a parte racional da mente) o que seria certo, e que apenas em seu
particular é que iria demonstrar a “fraqueza” sua “tristeza” seus “reais
sentimentos”. A poesia, não tinha utilidade, pois agia justamente na Piciq humana. A parte inferior da mente.Tanto
que em seu livro A republica, onde ele tenta criar a sociedade perfeita, ele
expulsa esses artistas de sua sociedade, faz isso deixando digamos a porta
aberta, diz que: se algum dia, alguém vir com argumentos aceitáveis de o porque
o poeta seria importante ele iria aceitá-los novamente em sua sociedade.
Heis que Aristóteles, considerado por muitos pupilo de
Platão, amante da tragédia grega vem em defesa desta arte. Aristóteles nos diz
que a poesia era útil sim, para ele, de forma alguma as coisas deste mundo eram
inferiores as das do mundo das idéias, pois elas seriam imitações Sim, seriam
imperfeitas Sim, mas tinham a possibilidade do tornar-se, de evoluir e se
aperfeiçoar.
Para Aristóteles, a poesia era importante, pois o poeta
poderia explorar não só o que Foi, o que É, mas também o que poderá Ser. Ele
respondia o argumento de Platão de que o poeta faria um fantasma da imago, dizendo
que o poeta ao, por exemplo, escrever sobre o Amor, ele não faria sua mimese do
amor que existe aqui, mas talvez estivesse fazendo a mimeses direto de sua
essência do mundo das idéias, já que a própria inspiração do poeta viria de
outro mundo.
Aristóteles dizia que era possível sim, aprender com a
poesia, desde que o poeta respeitasse a três pontos:
A poesia seria uma Mimeses , mas ela deveria ter a
Verossimilhança, ou seja ter relação com a verdade, o poeta deveria
respeitar as regras que ele próprio estipulou como sendo verdade em sua
história. Só então ele chegaria ao 3º ponto e o mais importante. A Cartase. Esta
que seria a purificação da alma diante de uma descarga emocional, o poeta faria
quem lê-se ou assistisse a uma peça, por exemplo, vivenciar aquilo de fato, e seria
neste momento que a poesia poderia nos ensinar algo, pois ao reter esta
experiência como se de fato a tivesse vivenciado neste momento o aprendizado se
faria.
Em minha opinião na posição de amante de literatura,
concordo com Aristóteles. Entre outras coisas se pensarmos que nossa inteligência
é o que nos separa de outros animais, nossos sentimentos é o que nos define
como seres humanos conscientes e se a poesia/literatura vem da própria natureza
do homem e nos faz a ligação com esta parte que nos define como humanos, ela de
forma alguma deveria ser posta de lado.
As maiores
invenções do homem vieram de idéias, estas que vieram de seu subconsciente,
desta parte de si que ninguém entende melhor do que o poeta. Quem melhor então
para, não nos ensinar, mas exercitar esse subconsciente, nos forçar a viajar
por ele, nos familiarizar com ele, e então disso quem sabe que idéias viriam?
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