E
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stou à deriva na água,
no meio do mar eu fico boiando ao prazer das ondas. Não faço ideia de como
cheguei aqui, e não tenho forças ou esperança para dali sair. Meu corpo inteiro
dói, posso sentir meus cabelos ensopados compridos e quebradiços por conta do
sal da água grudados na minha face.
Minha
boca está seca, minha garganta está seca, não sei se é de sede ou de tanto
gritar. Meus olhos lacrimejam, culpo o sal da água, a luz o sol, mas nunca iria
admitir que as lágrimas eram de tristeza.
Eu
vejo sua imagem na luz do sol que me cega, levo a mão para fazer sombra.
─
Eu te amo! ─ sussurro com a voz rouca para o vento, minha mão se fecha e eu dou
um murro na água ─ Eu não te amo mais! ─ eu grito para o nada ─ Eu não te amo
mais, ou menos do que você tenha me amado, ou que você não tenha me amado, será
que um dia você me amou? Já não tenho certeza, acho que não, pois se um dia o
fez, por que me abandonou?
Eu
fico em silencio ouvindo o som abafado das ondas em meus ouvidos, olhando para
o céu azul, não havia nenhuma nuvem no céu. Meu corpo dói, todo ele, mas o que
sinto é cansaço. Sinto uma dor me sufocar o peito, uma vontade imensa de
gritar, mas mesmo ali no meio do nada não o faço, por vergonha de alguém me
ouvir. Por isso reprimo esse grito, mas sinto que uma hora ele vai me sufocar.
Lembro
agora do que me aconteceu, a menina mais bonita, morena da cor do chocolate,
com seu jeito de menina com a cabeça de mulher adulta. Ela sofria, eu a queria,
mas ela só queria ajuda. E isso eu lhe dei.
Não
sei o que se passa, devo saber ser amigo de mulheres, afinal isso é o meu
melhor Dom sou bom nisso, tão bom que acaba virando minha maldição, pois
nenhuma consegue olhar-me diferente. Mas no fim, a menina mais bela não era
mais bela.
Foram
tantas caricias, o calor de suas mãos nas minhas, lembro-me disso, mas suas
mãos quentes ficaram tão frias... No fim todos os relógios pararam. E eu me
encontrava a deriva, o riso não era mais saudável, e em breve nada mais
importaria. A penas a dor havia restado.
Mesmo
depois de muito tempo, eu ainda procurava você atrás da luz. Sabia? Onde está
você? Eu perguntava, mas eu mesmo a impedia de responder tapando meus ouvidos, Você
me machucou, de mais, você sabia que eu estava quebrado, que me escondia para
me proteger, mas mesmo assim uma a uma foi derrubando minhas defesas, para no
fim rir do que eu era.
─
A eu não te amo mais ─ falei rindo ─ tampouco lhe odeio, o tempo me ensinou que
apenas uma coisa é pior do que o ódio... A indiferença, e é isso que eu sinto
por ti.
Eu
a vejo claramente, e agora penso, que a menina mais bonita não era assim tão
bela, suas mãos não eram quentes, eram frias. Me jogaram novamente a deriva no
mar onde o tempo não passa.
Você
me fez esperar em uma cama de espinhos, e eu tolo esperei, e dormia com uma
faca sobe meu pescoço, mas paciente esperava. Agora sei que você não valia a
pena.
─
Por favor, me sinto tão sozinho, e sozinho eu não quero mais ficar...
─
Parado ai é que você não vai mudar isso Uai! ─ uma voz engraçada falou perto de
mim, eu levei um susto perdi a concentração e quase me afoguei.
─
Quem é você? ─ eu pergunto cuspindo água quando consigo voltar a superfície.
Havia um barco ancorado ao meu lado. E na amurada do convés debruçada uma
menina me olhava sorrindo, ela era igual a outra, mas eu sabia que era
diferente.
─
Você fala engraçado ─ ela respondeu.
─
Falo nada ─ respondo ofendido ─ você é que fala igual uma coitada... Seu
sotaque é que é engraçado.
─
Meu sotaque é Sexy ─ ela responde em um muxoxo ─ vamos o que faz ai parado,
você não queria ficar sozinho eu lhe trouxe um barco para navegar, vamos venha
a bordo.
─
Por que eu faria isso? Por que navegaria? Para onde eu iria? De que me
adiantaria um barco se não tenho destino nenhum?
─
Hora, quem sabe este barco te leve até alguém que realmente valha a pena...
Vamos, venha a bordo.
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