domingo, 13 de dezembro de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 Capitulo 16 – A Aventura do aniversario Quádruplo.



                                                            - Milena-
Manhã seguinte a festa de haloween.

Estou na sala do apartamento de Daiane, minha cabeça está pesada.
─ Cara eu não entendo! ─ falo para Marlon, nós estamos indo para a cozinha tomar café ─ juro que não bebi.
Vemos Fernando levar uma moça para a saída.
─ Babado! ─ Marlon sussurra ─ você viu isso?
─ Vi, grandes coisas aposto que copularam em que isso me ajuda com minha dor de cabeça?
─ Aff Milena ─ ele me fala ─ eu vi você devorando as gelatinas!
─ Desde quando gelatina da dor de cabeça? ─ pergunto massageando as têmporas.
─ Quando ao invés de água vai vodka na receita ─ ele rola os olhos, eu arregalo os meus.
─ Ué não tem café hoje? ─ Marcelo pergunta entrado depois de nós.
─ Parece que o Nando estava ocupado hoje de manhã ─ Marlon comenta.
─ O que pode ser mais importante do que meu café? ─ Marcelo pergunta indignado. Nando entra na cozinha.
─ Teve uma boa noite de sono? ─ Marlon pergunta.
─ Boazinha ─ Fernando responde indo fazer café.
Depois de alguns segundos Marlon bate na mesa.
─ Eu não entendo, você não estava tentando conquistar a Ane?
─ Tava ─ ele responde cruzado os braços se virando para nós.
─ Tai, isso eu também não entendi então ─ falo ─ você quer conquistar uma e vai lá e dorme com outra?
─ Eu não consigo entender vocês homens ─ Marlon fala ─ eu pensava que você era diferente.
─ Espere, você dormiu com uma mulher? ─ Marcelo pergunta animado, Fernando anui em concordância ─ Legal! ─ Marcelo fala ─ te perdôo pelo café!
Eu não sou como ele ─ Fernando começa a falar indicando Marcelo que começa a ler o jornal que eu trouxe da minha casa ─ eu só precisava de um último teste, um teste verdadeiro, um que não fosse com...  ─ ele faz uma pausa ─ com um homem travestido, para ter certeza de que eu realmente tenho alguma chance...
─ Caraca bicho! ─ Marcelo grita ─ cara você tá muito ferrado ─ ele olha de olhos arregalados para Nando.
Do que está falando? ─ Nando pergunta assustado, Marcelo passa o jornal para o outro lado da mesa, Nando se aproxima eu me junto a ele e leio a notícia, no jornal havia uma foto dele e de Ane descendo de uma moto carregando sacolas de doces e a manchete "grande escritório do centro distribui doces para crianças no dia das bruxas em um exemplo de cidadania”.
Ai meu deus, eu to ferrado!
─ Por que raios você colocou o uniforme? ─ Marcelo perguntou.
─ Ué como eu ia fazer para entrar no prédio e pegar a moto? Você não faz isso quando vai pegar a moto escondida?
─ O que? É claro que não, o porteiro nos vê a semana inteira entrando no prédio, ele já nos conhece é só dizer que você vai abastecer ou trocar o óleo!
─ Cara  o que eu faço? ─ Fernando está quase pirando Marcelo da de ombros, Marlon parece estar preocupado, e minha dor de cabeça ainda não passou.

**** Segunda de manhã na sala da justiça****
-Nando-
Dona Daisy ainda não chegou, o escritório segue suas atividades normalmente parece que ninguém leu o jornal de ontem. Acho que posso esperar um pouco de sorte em fim.
─ Luiz Fernando para o meu escritório, agora! ─ fala Daisy ao chegar. Tá era esperar demais um pouco de sorte.
Eu me levanto e vou na direção da sala dela, olho ao redor para o escritório e penso "É  foi bom enquanto durou".
As luzes parecem ter diminuído, chegando perto da porta do escritório posso ouvir em minha mente um violão chielo tocando melosamente rains of castamare.
─ Com licença ─ falo ao  chegar.
─ Entre, feche a porta, sente-se ─ ordena ela sem nem tirar os olhos da tela do computador. Eu obedeço, ela me joga um jornal nem preciso abri-lo para saber que é o de ontem.
─ Olha eu posso explicar...
─ Shiii ─ ela  me cala, então me olha por cima das lentes do óculos ─ sabe onde estava agora senhor Fernando?
Não senhora ─ respondo.
─ Em uma reunião extraordinária com a diretoria.
─ Vocês vão me demitir não vão? ─ pergunto jogando a toalha.
─ Era o que eu queria! ─ ela admite ─ mas os diretores pensam diferente, são empresários afinal das contas, acham que todo marketing é bem vindo, adoraram a repercussão da notícia, resolveram te promover! 
─ Como? ─ pergunto pego de surpresa.
─ A partir de agora você vai cuidar as festas, notas de imprensa, patrocínios, falar diretamente com os associados, passe suas funções para o Sailon. Está liberado.
─ Eu fico por um tempo pensando no que acabo de ouvir. Então me levanto.
Obrigado senhora ─ falo viro as costas para sair.
─ E Fernando ─ ouço ela me chamar.
─ Sim ─ me viro novamente para ela que me observa com olhos frios ─ estou de olho em você.
Saio da sala e vou para minha mesa, fico durante algum tempo em silêncio absorvendo o que acabou de acontecer, Sailon me trás de volta ao  mundo real.
─ Hei Nando, que bom que você voltou to querendo conversar sobre uma coisa contigo ─ ele fala eu não digo nada apenas o olho sério, ainda estou com vontade de dar um murro na cara dele ─ sabe aquela moreninha que mora com você? 
─ A Ane? ─ Marcelo entra na conversa, eu dou graças, não tenho a mínima vontade de falar sobre isso.
─ Isso ─ Sailon concorda ─ a é esqueci que vocês moram todos juntos, é bem ela, sabe quem pegou ela na festa de sábado? ─ ele fala todo cheio de si.
─ A Ane não é do tipo que é pega ela é a que pega ─ Marcelo fala voltando-se para a tela do computador ─ mas desta vez ela foi pega, e bem pegada ─ ele continua, não consigo agüentar mais me levanto e dou um soco que faz o sangue explodir do nariz dele e o fazendo voar para trás o derrubando da cadeira, bom pelo menos na minha mente eu fiz isso.
─ Impossível, quem fez isso? ─ Marcelo pergunta.
Eu ─ Sailon responde com um sorriso malicioso.
─ Rá! ─ Marcelo explode em uma gargalhada ─ cara escolheu a pessoa errada para inventar uma fama, posso garantir que você não faz bem o tipo dela.
─ Você diz isso pelo fato de ela ser Gay não é? ─ Sailon continua ainda com a segurança de quem diz a verdade ─ também achei estranho quando ela me disse.
─ Ela falou que era Gay e mesmo assim você ficou com ela?
─ É, tipo nós estávamos á um bom tempo conversando, ela disse que estava triste porque tinha recém terminado um relacionamento.
─ Eu disse que podia ajudar a fazê-la esquecer ele, então ela disse "era ela Jean".
─ Espere "ela Jean?" ─ pergunto entrando na conversa.
─ Ah que você não sabia que meu segundo nome é Jean? ─ ele pergunta. 
─ Não ─ respondo indiferente.
─ Bom então queria saber de vocês  que conhecem melhor ela, será que nós íamos dar certo? Tipo juntos?
─ A essa altura eu já não sei de mais nada ─ falo dando de ombros.
─ Ah por falar nisso, você já foi falar com a Daisy sobre aquele rolo da moto? ─ Marcelo sussurra para mim.
─ Já ─ eu respondo normal.
─ Ai cara, sinto muito ─ ele começa a falar em tom de pesar ─ espere, você ainda está aqui, isso quer dizer que você não foi demitido?
─ Oh não! ─ eu respondo ─ fui promovido! Agora vou cuidar do marketing do escritório!
─ Sério? ─ ele pergunta incrédulo ─ e quem vai fazer as suas funções?
Eu olho para Sailon com olhos frios e um sorriso vitorioso e respondo ─ o Jean!
─ O que? ─ ele pergunta ─ eu fui rebaixado? Não é possível!
─ Bom foi o que a Daisy falou, e por falar nisto ─ eu passo um chumaço de papéis para ele ─ é melhor você começar a distribuir essas folhas de pagamento aqui, afinal dia cinco tá chegando.

*** 
- Ane-
─ Marlon ─ falo quando o vejo entrar no apartamento ─ que bom que você está aqui!
─ Ah que fofo, ela estava com saudades do Ma-mah!
─ O que? ─ pergunto enquanto ele aperta minhas bochechas ─ não eu te vi no café, por que ia ter saudades? ─ falo.
─ O que foi então?
─ Tenho algo pra te contar, e não queria que fosse na frente dos outros.
─ Qual é  o babado desta vez? ─ ele pergunta, sua criança interior faísca em seus olhos.
─ É melhor você se sentar ─ falo indo para o sofá ele me segue sente-se e coloca uma almofada no colo.
─ Conta logo ─ ele fala ─ não me esconda nada, nenhum detalhe sórdido.
─ Bom adivinha quem que nós conhecemos ficou com o Jean?
─ Aquele tudo que trabalha com o Nando? ─ ele pergunta, eu anuo em concordância ─ deixe eu ver ─ ele faz uma pausa ─ a Milena? Ela tava meio alterada.
─ Não ─ respondo.
─ Deixe eu ver... O Nando? ─ ele fala incerto ─ vai vê ele gosto do...
─ Não cruzes ─ falo não sei por que a idéia me causou tanto desagrado.
─ O Marcelo?! ─ ele fala agarrado meu braço ─ por favor me diga que sim, me dê essa esperança.
─ O que? Não ─ eu rio desta idéia.
─ Não? Ué mas eu já falei todo mundo!
─ Não todo mundo ─ eu falo.
─ Ué quem eu esqueci? ─ ele começa a contar nos dedos "Milena" "Nando" "Marcelo" eu começo a agitar os braços como alguém no meio do oceano para chamar atenção da guarda costeira ─ não, mas eu falei todo mundo! Quem foi criatura? me diz logo!
  Eu! ─ respondo ele se recosta no sofá de queixo caído e olhos arregalados e vazios, e assim fica por dez segundos.
─ Ma-mah? ─ pergunto ─ você está bem?
─ Estou em choque ─ ele responde ─ você? ─ me pergunta.
─ Aham ─ concordo roendo a unha ansiosa.
─ Ual! ─ ele suspira ─ tai uma coisa que Não se ouve todo dia ─ ele fala ─ mas e daí o que achou? ─ ele pergunta animado novamente ─ é um tudo de bom né? 
─ Na verdade ─ eu falo acanhada estou começando a se arrepender de ter falado isso ─ não vi muita diferença entre beijar outra mulher... Afinal nós fazemos isso de olhos fechados.
─ Então foi isso ─ ele se recosta novamente no sofá de olhos arregalados ─ ele viu! Isso explica muita coisa.
─ O que? ─ pergunto confusa  ─ quem viu? Explica o que?
─ Hum, nada ─ ele levanta ─ tenho que ir, lembrei de hã... Até mais!
Dizendo isso ele sai do apartamento.

*** alguns dias depois***
-Nando-

Daiane chega em casa esteve chorando outra vez, posso ver seus olhos vermelhos e inchados.
─ O que foi agora? ─ pergunto a ela.
─ O que? ─ ela volta à pergunta.
─ O que você tem? ─ pergunto novamente.
─ Nada...
Ane! ─ Eu insisto.
Ah é que se sabe, eu to ficando mais velha! ─ ela começa a chorar ─ e além disso to gorda!
Gorda aonde? ─ eu falo.
─ To sim ─ ela teima.
─ Você não tem jeito ─ eu a abraço, ela começa a soluçar ─ escuta aqui ─ eu a afasto e fico a segurando pelos ombros e a fitando sério ─ você é linda, inteligente, boa pessoa, se olhe no espelho poxa vida você é... ─ eu faço uma pausa calculando se seria pertinente continuar, ela me olha esperançosa eu resolvo ir até o fim ─ você é perfeita! Não acredite se os outros falarem o contrário, principalmente se quem falar for você mesma.
─ A legal agora quer dizer que eu sou louca além de gorda, que não posso nem Me ouvir!
Você... Você ouviu o que eu disse? ─ pergunto gaguejando.
─ Claro que ouvi ─ ela sorri ─ eu não entendo, por que você gosta tanto de mim? ─ ela pergunta ─ como pode ver só as coisas boas em uma pessoa tão complicada como eu? ─ dou de ombros. Ficamos em silêncio por uns instantes, então ela pega o livro que deixei em cima do sofá quando a abracei.
Harry Potter? ─ ela lê rizonha.
É, estou relendo ele ─ respondo sem graça.
─ Você já leu? 
Sim.
─ Já viu o filme?
─ Sim.
─ Porque está relendo? ─ ela pergunta ─ já não sabe o fim?
Você vive? ─ pergunto.
─ Sim ─ ela responde segura de si.
─ Você sabe que vai morrer não é?
─ Sim ─ ela responde em um misto de confusão e susto.
─ Então por que está vivendo? ─ ela abre a boca para responder, mas a fecha sem dizer nada ─ veja, não é o fim que importa, mas o caminho até lá! A cada vez que eu leio absorvo um detalhe diferente, é como no clube da luta, cada vez que você assiste você percebe o personagem do Brad Pitt em uma cena antes do que tinha reparado da última vez que havia visto!
─ Tá, mas por que Harry Potter? Sério em que isso vai te ajudar na vida? Tipo no que vai te ajudar em pegar meninas? ─ eu rio do jeito dela, " você não vive lendo? Não escreve? Não consegue dizer algo bonito? Mulher adora ouvir algo bonito ao pé do ouvido" a voz de Milena sussurra em meu ouvido mental, eu pego o livro das mãos de Daiane e viro, está é a edição de aniversário do lançamento do livro é em inglês, na contra capa há a imagem de Harry de frente para o espelho de Ojased, Ane morou um tempo nos EUA, então sei que ela consegue ler a frase.
─ "Não vale apena viver sonhando e esquecer de viver" - Albus  Dumbledore ─ ela traduz a frase, eu prendo uma mecha do cabelo dela atrás da orelha corro minhas mãos por seus braços e me aproximo de seu rosto sussurrando.
─ Ele só disse isso, por que nunca sonhou contigo ─ por um segundo ela esquece de respirar, por quase um minuto nós ficamos naquela posição, uma tênue linha de ar separando nossos lábios, então ela pisca e vai se sentar no sofá.
─ Nossa muito boa! Acho que vou usar essa com uma nerd que conheci no cursinho essa semana ─  ela começa a folhear o livro nervosa ─ ui ─ ela suspira ─ essa foi muito boa mesmo, você me convenceu ler vale apena, mas com todas as coisas bonitas que você pode falar, me admira você ser solteiro ainda, por que você não usa isso em alguém? Não tem ninguém que você conheça que você ache que vala a pena não? ─ ela pergunta.
Na verdade tem uma pessoa sim ─ respondo, ela me olha curiosa.
Quem? ─ pergunta.
─ Na Hora certa você vai saber ─ falo, no momento em que todas as luzes se apagam.

****
-Marlon-
─ Cruzes é para isso que pagamos uma fortuna de conta de luz? ─ eu grito no momento que todas as luzes se apagam. Estou no hall de entrada do prédio com Milena ─ droga como é que vamos chegar em casa se o elevador não funciona? ─ pergunto.
─ Ouviu falar em um negócio chamado escada? ─ Milena fala sua voz chega abafada por de trás dos sacos de papel com os apetrechos de festa que compramos.
─ Nós temos isso aqui no prédio? ─ pergunto, ela não responde nada, chuta uma porta próxima com seu cuturno a porta se abre mostrando uma escada iluminada parcamente por uma luz fosforecente.
─A luz voltou! ─ falo animado, como sempre minha boca mais rápida do que minha cabeça, depois que falo reconheço como sendo luzes de emergência ─ ah não esquece.
─ Vamos? ─ Milena convida começando a subir as escadas.
─ Ah não, vamos esperar o elevador! ─ sugiro.
─ Eita humanidade sedentária ─ ela volta para a porta posso ver o brilho de um dos olhos dela me fitando ─ sabe-se lá quanto tempo vai demorar para a energia voltar, e quando voltar olha só o tanto de gente que já está na fila! ─ a fila está enorme tem gente saindo para a rua na fila ─ vamos ─ ela  fala voltando a subir desta vez não volta mais, eu a sigo.
─ Vamos! ─ ouço a voz de Milena de dois flancos acima da escada.
─ Estou logo atrás de você! ─ eu falo com o pouco ar que resta em meus pulmões, exausto sento em um dos degraus, estou ofegante, Milena disparou na minha frente assim que começamos a subida me deixando para trás, ela é uma coisinha muito rápida tenho que admitir.
Fico em silencio ouvindo apenas o som de minha respiração, de repente as luzes parecem piscar, as paredes começam a encolher.
─ Milena! ─ eu começo a gritar, não sei de onde encontro minha voz.
─ Que é? ─ ela grita parece ter subido mais dois flancos neste meio tempo.
─ Volta! Eu estou ficando com medo! ─ deixo as sacolas ao meu lado e abraço minhas pernas, alguns minutos depois ela volta.
─ Que patético Ma-mah! ─ ela fala ─ Com todo este tamanho era de se esperar que você tivesse um preparo físico não? ─ ela passa pelo meu lado e começa a descer.
─ Ei! Vai aonde? ─eu pergunto começando a pegar as sacolas.
─ Para baixo hora! ─ ela responde ─ nós passamos do nosso andar! ─ ela da de ombros.
Depois de descermos dois flancos saímos para um corredor escuro, não enxergo nada.
─ Ai! ─ Milena reclama quando eu piso no pé dela.
─ Desculpa querida, eu não estou te enxergando ─ falo sincero.
─ Olha para baixo Rá-Rá-Rá! ─ ela fala imitando uma voz grossa.
Vamos tateando os corredores abrindo portas, ouvindo gritos histéricos quando abríamos a porta errada, outras vezes apenas dando com a cara em portas trancadas até que encontramos o apartamento 11 B.
O apartamento esta iluminado com velas e ouço “a cruz e a espada” tocando de algum celular.
─ Alguém em casa? ─ Grito ao entrar.
─ Shiiii! ─ Nando me cala, o vejo então no sofá, esta com Ane em seu colo ─ Ela acabou de dormir ─ ele sussurra ─ está em um dia difícil.
Milena e eu deixamos as sacolas na cozinha e voltamos para a sala.
─ O que ela tem? ─ pergunto para ele.
─ Não esta enfrentando bem a idéia de estar mais velha ─ ele fala acariciando o cabelo dela.
─ Ah, eu também estou triste por estar mais velho ─ falo ─ será que ganho cafuné também? ─ ele me olha assustado eu rio ─ não? A deixa quieto então, lembrando de me comprar o presente e eu te perdôo.
─ Como é? ─ ele pergunta confuso.
─ Ué, não é por que vai ser uma festa só que eu vou ficar sem presente, quatro aniversariantes, quatro presentes essa é a regra.
                                   ***** No outro dia na sala de justiça*****
- Nando –
─ É serio cara ─  falo por cima do meu computador ─ já andei por todo esse centro e não encontrei nada que me gritasse “ isso é a cara da Ane”.
─ E para mim? O que comprou? ─ ele me pergunta ignorando o que estava falando antes, está com olhos esperançosos igual a uma criança no natal.
─ Não vou dizer né! ─ falo, a festa do aniversario de Marlon, Milena, Marcelo e Ane era naquela noite, até hoje não consegui acreditar na coincidência de os quatro fazerem aniversario no mesmo dia, Marlon e Ane deviam estar agora arrumando o apartamento para receber os convidados do aniversario quádruplo. Marcelo não me respondeu já estava distraído novamente em seu computador.
─ Dae, pessoal! ─ Sailon chega no escritório e ocupa seu computador. Eu não respondo entro no site de uma loja online, a qual já decorei todo o catálogo de tanto que a visitei esta semana, depois de uns minutos de silencio ele começa a falar novamente ─ Não sabem o que me aconteceu hoje ─ todo dia era igual, Sailon chegava da rua e tinha sempre uma história “interessante” que havia acontecido com ele ─ estava lá no centro cívico, quando um carinha me abordou querendo vender um ingresso para o show do Charlie Brow Jr. ─ ele ri e começa a falar algo que nem escuto, uma voz grita na minha mente “isso ela iria adorar”.
─ Esse cara, como ele era? ─ pergunto curioso, ele não para de rir quando responde.
─ Era um senhor já, parecia ter uns cinqüenta anos, não sei, era alto moreno...
─ Onde você viu ele? ─ pergunto, quase salto em cima de Sailon de tão entusiasmado. Ele parece confuso um pouco assustado, mas me da o local exato.
***
Depois do trabalho vou direto para o centro cívico, tive que faltar aula novamente, mas isso era mais importante, a Ane estava em um estado depressivo esta semana isso com certeza a iria animar.
Tive que procurar por quase duas horas. Até que encontro o homem da descrição eu o abordo ele me olha desconfiado.
─ Fala chefia ─ ele cumprimenta.
─ Tu que estas vendendo os ingressos para o Show do Charlie Brow? ─ pergunto ele sorri.
─ Tenho sim ─ ele responde ─ dois por cem Pila ─ eu arregalo os olhos e tiro a carteira.
─ Só tenho oitenta ─ minto rindo por dentro.
─ Bom, você parece ser um cara legal, posso dar um desconto ─ ele fala animado.
─ Beleza então ─ eu tiro os oitenta reais da carteira, ele começa a contar as notas e a conferir se são verdadeiras, satisfeito tira um envelope do bolso e tira de lá dois ingressos laminados, olho na data, confere, o nome da banda também, o nome do clube já não reconheço, mas isso não diz nada a Ane deve conhecer ─ Valeu cara ─ agradeço.
─ Não por isso bicho, ta sabendo que a legião Urbana vai estar na cidade, curte? ─ ele fala.
─ Não ─ eu falo ─ não curto ir em banda cover ─ viro as costas e vou embora.
Chego no apartamento muitos convidados já estão ali, vou direto para o meu quarto embrulhar os ingressos, espero até o fim da festa, para distribuir os meus presentes.
Marcelo, não cumpriu sua promessa que tinha feito depois do dia das bruxas, de nunca mais beber, e está um pouco alterado, Marlon e Daiane não beberam e Milena ficou longe das gelatinas desta vez. Dou primeiro o presente de Marcelo pare que ele me deixasse em paz, um moletom que ele disse que queria, ele rasga todo o papel depois que olha o presente o joga no sofá, para Marlon comprei o Box de uma das séries que ele gosta, seu olhos brilham ao ver os DVDs Milena nem abre o dela, aniversários devem ser mais uma das coisas que devem a entediar. Então o presente de Daiane.
─ Ah, eu também queria o meu em dinheiro ─ Marcelo fala quando tiro o pequeno embrulho do bolso.
─ Não é dinheiro, acho isso muito impessoal ─ falo para ele ─ bom espero que goste ─ falo a Daiane entregando o presente dela ─ vou entender se você quiser levar outra pessoa e tal ─ eu falo sem jeito enquanto Daiane tira os ingressos e começa a olhar, ela reprime um sorriso de canto de boca ─ Mas se quiser que eu te acompanhe...
─ Ingressos para o show do CBJ ─ ela lê ─ e ainda esta semana! ─ ela me olha de olhos sérios ─ tem certeza que quer ir junto? Tipo você não deve gostar muito deles não é?
─ Não é que eu não goste ─ Marlon começa a segurar o riso enquanto eu falo ─ eu gosto das letras das musicas, só não agüento ouvir um CD inteiro só deles.
─ Então você não gosta ─ Marlon fala rindo.
─ Cara o que é tão engraçado? ─ pergunto nervoso para ele.
─ Nando, querido ─ Ane começa a falar ─ é que fazem quase dois anos que o chorão morreu!
─ E o que isso tem a ver...
─ O chorão era o vocalista da banda ─ Milena responde minha pergunta ─ depois disso a banda meio que acabou!
─ Ah! ─ falo ─ aquele miserável ─ começo a praguejar, Marcelo explode em gargalhadas.
─ Que Burro! Da zero pra ele!
E naquele momento eu fui tomado por um desejo ardente de que o chão se abrisse para que eu pudesse esconder minha cara.  Eu devia ter prestado mais atenção no que Sailon estava dizendo.

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