domingo, 13 de dezembro de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 Capitulo 15 A aventura de Haloween.



- Marlon -
─ Estou te dizendo cara ─ Fernando me fala ─ aquela noite em dalas foi a prova, é melhor eu parar enquanto ainda não começou, isso não ia dar certo mesmo.
─ Não, você não pode desistir, eu não vou permitir ─ falo irredutível ─ nós só precisamos mudar a estratégia.
─ Alguém ouve o que eu falo? ─ ele resmunga para si mesmo ─ Não! ─ ele mesmo responde a sua pergunta.
─ Admito que Foi um equivoco ─ eu falo para ele ─ Marcelo não ia poder ajudar, afinal os métodos dele não iriam funcionar para algo tão sério assim ─ eu começo a morder a cutícula do meu dedo indicador, as vezes faço isso quando estou nervoso.
─ E ai caras? ─ Milena entra na cozinha como se estivesse entrando em um show de rap ─ que passa?
─ Nossa, você eleva minha baixa auto-estima ─ Fernando murmura para ela ─ suas tentativas de se enturmar estão ficando piores a cada nova tentativa.
─ Estamos pensando em uma nova estratégia para o Nando ─ eu falo.
─ Hei! ─ Nando grita em protesto.
─ Não me diga que ele decidiu desocupar a moita e correr atrás da Ane? ─ ela me olha, Fernando a olha incrédulo de boca aberta, ela parece notar só agora que ele também está na cozinha ─ a desculpe isso era para ser segredo? ─ pergunta ela.
─ Tipo isso ─ Fernando me olha com o cenho franzido.
─ Não olha para mim, desta vez eu sou inocente! ─ falo na defensiva ─ não fui eu quem contou.
─ Nem precisava ─ Milena começa a falar ─ esta escrito na tua testa, já estava mais do que na hora, espere ─ ela franze o nariz tentando se ligar os pontos ─ mudar a estratégia? Isso tem a ver com a história do travesti? ─ ela pergunta.
─ Ah da para vocês esquecerem essa história? ─ Fernando leva as mãos ao céu em suplica.
─ Não me diga que vocês foram pedir ajuda para o Marcelo? ─ ela termina o raciocínio ─ sério caras? Para um assunto assim?
─ No inicio pareceu ser uma boa idéia ─ eu falo em um muxoxo.
─ Como envolver o Marcelo em qualquer coisa pode ser uma boa idéia? ─ ela pergunta.
─ Veja, eu não tenho experiência com isso, ele tem um pouco mais do que uma experiência nula ─ falo indicando Nando ─ Marcelo era a nossa melhor opção ─ falo ─ além de que Marcelo é o que tem a cabeça mais parecida com a Ane.
─ Ah ótimo, agora você fez parecer que eu quero namorar o meu primo! ─ Fernando resmunga.
─ Esse é o problema, Marcelo tem experiência, em conquistar manipulando mulheres com um único intuito, usá-las para conseguir a dita faixa no fim do ano, não em conquistar para namorar sério! ─ Milena explica.
─ Faz sentido ─ concordo com ela ─ o que sugere? ─ pergunto.
─ Tu não quer ser escritor? Não vive lendo? Não consegue fazer alguma poesia? ─ ela pergunta para Nando ─ vai por mim, mulher adora ouvir alguma coisa bonita.
─ O que você entende sobre isso? ─ ele pergunta.
─ Eu sou assexuada ─ ela responde ofendida ─ não sou uma pessoa incapaz de amar, e sou mulher por isso sei que mulher adora ouvir algo bonito ao pé do ouvido.
─ Sério? Desculpe ─ ele fala sem jeito ─ eu pensei que, bom, se sabe...
─ Arrr ─ Milena rosna como um gato ─ estava brincando, só disse aquilo para que vocês não pensem que sou uma pessoa incapaz de amar, deus me livre ser comparada com o Marcelo! ─ ela começa a se benzer com o sinal-da-cruz ─ mesmo assim, acho que é uma boa idéia.
A porta da cozinha se abre em um baque, Daiane entra com uma cara de pavor, ela esta usando seu vestido de dia das bruxas, um vestido preto na altura dos joelhos, está com a bota até quase a altura da bainha do vestido escondendo a meia calça, na cabeça um chapéu em cone enfeitado com estrelas.
─ Aconteceu uma tragédia ─ ela fala ofegante.
─ Você descobriu que sua carta de hogwarts era falsa? ─ Fernando pergunta em meio a um sorriso.
─ Uol! ─ Marcelo entra logo depois dela ─ eu já estava acordado não precisa ficar batendo as coisas da casa para me acordar!
─ Você dizia? ─ Milena pergunta para Daiane ignorando a fala dos demais.
─ Fui ligar o carro para ir levar doces para as crianças da escolinha e ele não pegou! ─ ela responde.
─ Você abasteceu ele? ─ Fernando pergunta.
─ Claro, quem você pensa que eu sou? Sei cuidar de um carro ─ ela responde.
─ Trocou o óleo? A água do radiador...
─ Uol UOL UOL ─ ela interrompe Fernando ─ disse que sei cuidar de um carro, não que sou um Airton Sena! Do que você está falando?
─ Acho que temos a resposta do por que seu carro não quis ligar ─ falo para ela.
─ Bom, de qualquer maneira! ─ ela continua ─ o que eu vou fazer? As crianças ficam esperando os doces no dia das bruxas!
─ Por que você não pega a moto do escritório? ─ Marcelo pergunta para Nando com a boca cheia de cereal.
─ Do que você está falando? ─ eu pergunto confuso ─ pensei que o escritório pagasse para ele andar de ônibus.
─ Bom, pagava, mas um dos diretores fez as contas e viu que com o que eles gastavam pagando ônibus, eles podiam bancar uma viagem minha para a lua, então resolveram comprar uma moto para eu usar no serviço.
─ Ah! ─ eu murmuro ─ Ah! ─ eu repito acabo de ter uma idéia ─ nos de um momento sim! ─ falo para Daiane e puxo Nando e Milena para junto de Marcelo ─ isso é perfeito ─ sussurro a eles ─ você dá carona para ela, ela fica agradecida e BANG!
─ Cara você esta andando demais com o Marcelo ─ Milena me fala com ar de reprovação.
─ Desculpe ─ falo.
─ O que? Nem pensar, eu não posso ─ Fernando começa a falar ─ a moto é para uso em serviço...
─ Eu uso mesmo assim ─ Marcelo fala dando de ombros.
─ O que? ─ Fernando quase grita ─ por isso que eu encho o tanque na sexta chego na segunda ele está vazio! Você usa ela no fim de semana...
─ As vezes não só no fim de semana, veja bem!
─ Viu, não vai dar nada ─ eu o encorajo.
─ Não, sei lá acho muito arriscado ─ ele responde.
─ Ah mais o que é a vida sem riscos? ─ continuo ─ e alem do que, é a oportunidade perfeita, a Ane adora o dia das bruxas desde que ela morou nos Esteites alem do que imagine, ela na garupa da moto com aquele vestidinho, você passa um silicone no banco para deixar ele liso, na primeira acelerada ela desliza para perto de você, te abraça pela cintura você acaricia a mão dela sutilmente e BANG!
─ Cara, agora você está ME assustando ─ Marcelo me olha com as sobrancelhas arqueadas.
─ Foi mal, acho que estou entrando em contato com meu macho alfa interior! ─ me viro para Daiane e aumento o tom de voz ─ está decidido, seu problema esta resolvido o Nando vai te levar lá com a moto dele.
─ Sério?! ─ ela levanta da cadeira e vai abraçar ele.
─ É o que parece ─ ele murmura ─ só tenho que ir buscar ela no escritório de pego aqui lá pelas 10h pode ser?
─ Ótimo, ótimo ─ ela saiu da cozinha correndo ─ crianças as balas estão a caminho!
─ Viu o que eu disse? ─ falo para Nando, então algo que me assusta acontece eu e Marcelo falamos em uníssono ─ BANG!
***
- Nando –
Chego na frente do prédio, Daiane está a minha espera, ela está com seu vestido curto e não da a mínima para o que as pessoas que passam por ela estão comentando. Está de pé segurando um baldinho em forma de abóbora.
─ Está pronta? ─ pergunto ao parar a moto ao lado do meio fio.
─ Dez horas em ponto ─ ela fala ─ bem pontual.
─ É só isso? ─ pergunto apontando para as sacolas que estão ao redor dela, ela concorda ─ ok como é que nós vamos levar tudo isso na moto?
Ela começa a me passar as sacolas eu as coloco no guidom da moto até o ponto em que quase não conseguia virá-lo, outras das sacolas foram na caixa da moto que graças a deus eu tinha esvaziado antes de sair do escritório, as demais Ane colocou em baixo dos braços, não conseguia ver como ela estava se apoiando, mas ela se segurava de um jeito que ficasse um espaço de um corpo entre nós, eu arranquei com a moto e o silicone fez seu trabalho ela deslizou  no banco e teve que se abraçar em mim para não cair.
Instintivamente soltei a mão direita do guidom e passei a acariciar o braço dela, neste momento mini-marlon e mini-marcelo surgiram empoleirados no meu ombro, pude vê-los pelo retrovisor da moto.
─ Não disse? ─ fala mini-marlon, os dois entrelaçaram os dedos das mãos e descem as mãos em um movimento de martelo.
BANG! ─ gritaram os dois antes de desaparecer.
Chegamos à creche, bem dizer era uma escolinha de inglês  para crianças.
─ Pensei que você tinha dito creche. ─ falo a ela.
─ Eu nunca disse isso ─ ela fala tirando o capacete e colocando o chapéu de bruxa ─ por que levaria em uma creche? Isso não faz sentido, muito melhor levar onde as crianças vão para aprender inglês visto que é uma traição da América.
─ Bom dia ─  Daiane cumprimenta o porteiro da escolinha.
─ Pensei que não íamos ver nossa bruxinha esse ano ─ ele fala sorrindo.
─ Já tem até uma fama aqui ─ eu falo para ela ao entrar. A resposta vem de uma das salas, uma criança de uns seis anos está saindo pela porta quando vê Daiane arregala os olhos e volta para dentro gritando:
─ OOOH! A bruxa das bala!
─ Claro que tenho, afinal venho aqui todo ano! ─ ela fala dando de ombros ─ bom você não está fantasiado, mas acho que seria chato te deixar de fora... Hm só quero que você encha o baldinho de bala pode fazer isso? ─ ela pergunta para mim.
─ Acho que sim ─ respondo.
─ Ok ─ ela abre a porta da primeira sala e fala em uma voz fina de bruxa de filme ─ Gostosuras ou Travessuras? ─ Pergunta ela fazendo ecoar uma risada estranha.
─ Gostosuras! ─ gritam as crianças em resposta batendo nas carteiras.
Pelo resto da manhã ficamos distribuindo doces para as crianças.
─ Você me surpreende mais à  cada dia que passa sabia disso? ─ falo para Daiane quando estamos de saída, o caminho foi repleto de paradas para Ane ganhar abraços das crianças.
─ Por que? ─ ela pergunta feliz, nunca a vi tão feliz.
─ Quem mais se vestiria de bruxa para distribuir doces para crianças? Só você mesmo ─ ela sorri ─ eu sei que eu não faria.
─ Mas você acabou de fazer meu caro ─ fala ela me abraçando.
─ Não digo, sair fantasiado ─ eu sorrio sem graça ─ já pensou no que os outros ficam falando por trás? 
─ Na verdade não ─ ela fala se afastando de mim para que eu a pudesse olhar em seus olhos ─ aprenda logo meu jovem gafanhoto ─ ela dá um tapinha no meu rosto e me olha com olhos melosos ─ se você for parar para pensar no que os outros vão dizer de tudo que você faz, você não faz nada além de existir, esquecendo assim de viver ─ eu fico à olhando por uns segundos em silêncio, isso parece a deixar sem graça ela pigarreia e fala começando a colocar o capacete ─ façamos o seguinte para a festa de hoje eu te empresto meu vestido para você ir.
─ Até parece ─ eu falo rindo dela, também colocando o meu capacete.
─ O que tem? Você não leu o convite? Você não vai ser o único, a festa é  a fantasia as mulheres vão ir de homem e vice e versa ─ ela fala sorrindo.
***
- Marlon –
A festa de dia das bruxas de Ane como sempre é no terraço do prédio e Daiane o tinha transformado em uma sala do castelo do Drácula, caixões de papelão negros estavam espalhados pelo terraço e dentro deles os isopores com bebida e gelo. Telas de proteção em formato de teias  de aranhas impediam que alguém bêbado caísse pela beirada, fantasmas e esqueletos estavam pendurados e balançavam com o vento.
Não, não , não vocês não vieram fantasiados ─ ela nos recebe na porta, ela está com um terno preto abotoado apenas no botão do meio o que deixa seus seios quase totalmente à  vista, uma gravata vermelha que estava amarrada em um nó perfeito ajudava a esconder um pouco, ela tinha um chapéu borsalino na cabeça e uma feição de decepção no rosto.
─ Mas eu vim fantasiado ─ Marcelo responde ─ vim de senhor incrível.
─ Vocês não leram no convite? Os homens fantasiados de mulheres! Puxa gente vocês são meus amigos tinham que dar o exemplo.
─ Ah isso! ─ Marcelo fala ─ foi mal não  tinha como eu fazer isso, nem por um milhão de dólares.
─ Alguém comeu muito doce hein? ─ Milena interrompe a discussão e aponta para a mão de Daiane que tremia, ela esconde a mão rápido.
─ Vocês não tem moral para me impedir de consumir açúcar, seus traíras.
Ela nos deixa. Bem no fim eu e Marcelo não fomos os únicos à não vir fantasiados, todos os homens convidados não se fantasiaram, enquanto Milena fora a única mulher sem se travestir em homem.
Não acredito nisso! ─ Nando chega à festa vestido de bruxa, reconheço que ele usa o vestido de Ane, o que ficou ainda mais estranho do que se ele tivesse se vestido de mulher, pois ele era maior do que a dona do vestido então o vestido ficou ainda mais curto suas pernas peludas ficaram a vista, ele se maquiara e usava um nariz com uma berruga enorme. Marcelo está gargalhando alto ─ pensei que os homens tinham que vir de mulher!
─ É, pois é ─ eu começo a falar ─ nós achamos que isso seria muito gay ─ ele me olha sério e acusador.
─ Mas você É Gay! ─ ele grita.
─ Para você ver ─ eu concordo com a cabeça ─ o quão gay isso é, que até eu me neguei.
─ Você sabia disso? ─ ele pergunta para Milena, ele não espera a resposta ─ deus é claro que sabia, por que diabos não me falou enquanto estava me maquiando?
─ Você não perguntou horas! ─ ela se defende.
─ Ah até que em fim, um amigo de verdade! ─ Daiane surge e abraça Nando, depois sussurra em seu ouvido ─ Você ficou uma bruxinha linda ─ então se vira para nós ─ prontos para o jogo? ─ ela pergunta.
Claro ─ Milena responde.
─ Você nunca bebe ─ eu comento.
─ Meu organismo agradece por isso.
.─ Ah não ─ Fernando fala ─ você sabe muito bem o que me aconteceu da ultima vez que eu joguei ─ ele nega com a cabeça;
─ Daquela vez, nós não tínhamos tanta gente, hoje vai ser mais rápido as rodadas ─ Daiane responde para ele ─ vamos ─ ela o puxa para a mesa.
Nós nos dirigimos para o centro do terraço onde uma mesa esta posta, com um tabuleiro em madeira em cima, e quatro cadeiras ao redor, as demais pessoas da festa fecham um circulo em volta.
─ E que comece o jogo! ─ Daiane pega uma maleta onde guarda umas miniaturas dos carros da corrida maluca, o do Dick vigarista, ela passa para Marcelo.
─ Mutlley faça alguma coisa! ─ ele fala.
A miniatura do barão vermelho passa para Fernando, eu tomo da mão dela o carro da Penélope charmosa, e ela fica com a dos mafiosos. Ela começa jogar os dados.
─ Seis ─ todos ficamos olhando ela mover o carrinho e ouvimos ela ler então ─ Tome seis doses e vote cinco casas, a droga ─ ela geme, Milena já esta com o martelinho e passa para ela, um, dois, três, quadro, cin...co, no ultimo ela para, já esta lutando para manter os olhos abertos ─ ah isso aqui ta muito forte Milena.
─ VIRA! VIRA! VIRA! ─ Marcelo começa a gritar batendo os punhos fechados na mesa, os que assistem repetem, com as luzes baixas meio alaranjadas iguais ao tom do fogo davam a cena um aspecto tribal! Ela vira o ultimo copo. E leva a mão a boca pra evitar a bebida de voltar.
─ Ok! Próximo! ─ ela grita passando os dados para Fernando.
─ Não, não! ─ Marcelo a interrompe ─ falta ler o que esta escrito na casa que você caiu! ─ ela aperta as vistas para ler.
─ Se você consegue ler isso ou é azarado ou é forte, beba uma dose e volte ao inicio...

Score!
Primeira rodada vencida por Marcelo após vinte turnos...
─ Está foi rápida, Fernando comenta ─ tirando a luta para levantar da cadeira não tivemos nenhum acidente neste turno.
─ Bom vou fazer minhas tarefas de anfitriã, se comportem crianças ─ Daiane fala, fico olhando os outros participantes ocuparem nossos lugares para iniciar nova partida. 
─ Bom eu preciso ir ao banheiro ─ Nando fala.
─ Cara você não aprendeu nada das outras vezes? ─ Pergunto a ele.
─ Claro que aprendi ─ ele responde ─  "cuidado com o que você come antes, pois a probabilidade de você ver tudo de novo é enorme.”
─ Também ─ eu concordo ─ mas você  tem que segurar o máximo que conseguir a primeira ida ao banheiro, pois depois da primeira vez seu relógio interno começa a funcionar!
─Ah ─ ele responde pensativo, ele desiste da idéia de ir ao banheiro e ficamos observando o jogo seguir.
─ Oh não, a represa estourou, você vai precisar de um submarino ─ começa a ler uma moça da mesa ─ por isso beba a quantia de submarinos indicada no dado.
─ TRÊS! ─ grita Marcelo orgulhoso de reconhecer o numero, ele já está babando.
─Acho que alguém vai ter um dia difícil amanhã ─ Nando comenta sorrindo.
Milena se aproxima da mesa com três copos de refrigerante joga o martelinho dentro de um deles e passa para a guria.
─ Vira! Vira! Virou! ─ gritam as pessoas em volta da mesa.

Score:
Marcelo vence novamente depois de vinte e oito rodadas.
Os próximos participantes tomam seus lugares os que estavam assistindo começam a se dispersar. A música aumenta e muitos começam a dançar outros recuperam a glicose comendo doces. Vejo Ane conversando com um rapaz careca de cavanhaque e bem malhado. 
Amigo novo? ─ pergunto para ela depois que ela se afasta dele.
─ Quem? ─ ela pergunta eu olho para o rapaz que não tira o olho dela ─ ah o Jean ele trabalha com o Marcelo e o Nando, ele estava no aniversário do Nando, não se lembra?
─ Ah é verdade ─ me lembro ─ ele chegou depois da surpresa não é?
─ Aham ─ ela confirma ─ nós temos conversado bastante ele é bem legal.
─ Hum, sei ─ falo para ela que se afasta.
Volto para perto da mesa do jogo.
─ Conte uma piada, se ninguém rir você faz o caminho de volta ao início, bebendo, é  claro ─ Marcelo demora quase dez minutos para ler o que diz a casa que seu carrinho caiu ─ cruzes essa é  a penúltima casa voltar ao início será um coma alcoólico, deixe-me pensar ─ ele leva a mão ao queixo ─ batatinha quando nasce se esparrama pelo chão, se você não gosta de polenta por que roubou minha bicicleta? ─ ele fala, dez segundos de completo silêncio, até mesmo o som ficou mudo, então todos em volta começam a rir, já estavam todos bêbados.
 Aquilo nem tinha sido uma piada, mas como todos riram Marcelo passou a próxima casa.
─ Leia! Leia! Leia! ─ começam a gritar todos.
─ Se... Se..─ Marcelo tenta ver o que está escrito esfrega os olhos ─ se... Se.. ─ ele chega mais perto do tabuleiro ─ se... ─ a cabeça dele tombada em cima da mesa.
A última casa diz: "se você conseguir ler isso ainda, volte ao início" como haviam mais participantes naquela noite quando alguém chegava naquela casa e ainda lia, os participantes mudavam apenas o vencedor ficava, Marcelo tinha vencido as outras rodadas, agora não conseguia ler a última casa, logo tínhamos o vencedor da noite.
  Aehh!!!! ─ gritaram os outros, e começaram a se dispersar deixando Marcelo de bruços no tabuleiro.

***
- Nando-
“Segure o máximo que conseguir”, dizia para mim mesmo, “quanto mais você conseguir segurar mais vai demorar para que você fique bêbado”.
─ Ah não ─ murmurei ─ não aguento mais.
Eu saio correndo do terraço para o banheiro. Ao chegar no corredor do elevador, aquela cena se repete. Meu mundinho era vidro e se despedaçava em minha frente. Senti algo subir a garganta pensei que fosse a bile, mas era só raiva, na minha frente estavam Ane e Sailon, se beijando.
Virei as costas e corri para o terraço, estava perdido, tinha vontade de socar Sailon, mas sabia que ele não tinha culpa, sabia que a culpa era minha, eu havia demorado demais.
─ Droga eu não sabia o que pensar! Ela dizia que era Gay Poxa! ─ gritei, o som era tão alto que ninguém pode ouvir.
Virei para a pista de dança vi uma moça dançando sozinha.
─ Não cometa o erro de pensar ─ falei para mim mesmo. Fui até ela e sem dizer nada a beijei. Ela não me afastou e sim me beijou de volta.
Algum tempo depois alguém agarrou meu ombro e me afastou dela. Serrei os punhos pensando que devia ser o namorado da guria, mas quem me puxava era Marlon.
─ O que está fazendo? ─ gritei a ele.
─ Vim te salvar, da última vez que te larguei bêbado em uma festa você acabou pegando um traves... Ai meu deus você não está bêbado!
─ Ah ─ eu falo em uma voz fria ─ estou sim, bebi da bebida mais amarga, estou embriagado de raiva ─ ele arregala os olhos.
─ É com licença? ─ a moça que acabei de beijar nos interrompe ─ você não é Gay é? ─ ela me pergunta me olhando de cima a baixo.
─ Não ─ respondo.
─ Neste caso, vai procurar outra bruxinha pra você Ma-mah! ─ ela fala e me agarra.
─ Espera ─ eu se afasto dela ─ quão bêbada você está?
─ O suficiente para querer ir além, e não tanto para que você tenha que se sentir culpado ─ ela responde em um muxoxo.
─ Parece certo para mim ─ falo a beijando novamente.
─ Hei gente ─ ouço a voz de Milena ─ acho que temos um problema. 
Eu me afasto da moça e fico olhando nos olhos dela.
─ Que problema? ─ ouço Marlon perguntar.
─ O Marcelo fugiu ─ fala ela em meio a uns rizinhos. Eu olho para a mesa onde ele estava debruçado há pouco tempo, ele não estava mais lá.
─ Alguém viu para onde ele foi? ─ pergunto.
─ Quem foi onde? ─ Milena pergunta.
─ Como quem? O Marcelo!
─ Ah! viram ele saindo a dez minutos.
─ Saindo? No estado que ele está? ─ "droga" eu penso olhando para a moça que estava mordendo o lábio inferior ─  eu tenho que ir, vejo você quando voltar? Hã...? ─ pergunto.
─ Cristina ─ ela responde sorrindo ─ ai como ele é responsável isso me excita ─ ela me beija ─ claro que nos vemos depois fofinho.
─ Vamos ─ eu falo para Milena e Marlon.
─ Quem é você e o que você fez com o Fernando? ─ Marlon pergunta ao me seguir ─ fofinho!
─ Ok vamos nos separar ─ falo quando chegamos a rua ─ Marlon vai por ali ─ falo indicando a esquerda ─ você vai por lá ─ indico a rua que segue reto de frente a nós para Milena ─ eu vou por aqui, ele não deve ter ido muito longe.
Eu saio correndo pela direita, alguns minutos depois ouço passos vindo de trás quando me viro vejo Milena e Daiane vindo em minha direção.
─ O que vocês estão fazendo aqui?
─ Procurando o Marcelo, eu vi  vocês saindo do terraço e vim ver o que estava acontecendo quando cheguei na portaria vi Milena conversando com o porteiro. Por que não me chamaram para procurar? ─ Daiane pergunta.
─ Da última vez que te vi você estava ocupada ─ falei ríspido e continuei a andar as duas me seguiram.
  Nossa que bicho te mordeu? ─ Daiane me pergunta eu não respondo continuo a andar.
─ Nossa eu nunca levei uma batida da polícia ─ comenta Milena depois começa a rir ─ já pensou se nós nos viramos agora e tem uma viatura logo atrás de nós? ─ ela ri de novo depois fica quieta ─ vish! ─ murmura.
Eu me viro para perguntar qual o problema com ela naquela noite quando vejo uma viatura acedendo as sirenes para nós.
─ Só pode ser brincadeira ─ falo.
─ Ai meu deus eu tava brincando, o que nós fazemos? ─ Milena resmunga nervosa ─ eu acho que vou correr.
─ O que? Não! ─ eu a seguro pelo braço.
─ Eu não quero ser presa! ─ ela responde. Daiane começa a rir.
─ Ninguém vai ser preso louca! Não fizemos nada de errado!
A viatura para ao nosso lado e o policial acende uma lanterna que me cega.
─ Algum problema aqui? ─ pergunta ele.
─ Não senhor oficial! ─ Milena responde rápido.
─ O que fazem tão tarde na rua? ─ ele pergunta.
─ Estamos procurando um amigo, senhor ─ responde Milena novamente.
─ Vocês andaram bebendo? ─ ele pergunta.
─ Não senhor, senhor! ─ Milena responde Daiane está segurando o riso.
─ Hã  ok ─ ele pega uma planilha ─ documentos, por favor.
─ Ai caramba ─ Milena começa a falar apavorada ─ eu sabia que não devia sair sem minha bolsa!
─ Err... Nós não temos senhor ─ eu começo a falar ─ estávamos em uma festa à fantasia no prédio onde moramos só saímos para procurar um amigo que bebeu demais e saiu para a rua.
─ Hm ─ o oficial me olha sério ─ vocês são de menor? ─ pergunta.
─ Eu não ─ Milena responde ─ a Ane tem a minha idade, a bruxinha não tenho certeza.
─ Claro que também sou Milena ─ eu falo irritado.
─ Nomes ─ O oficial pergunta.
─ Milena Castilho, senhor! 
─ Daiane Monteiro.
─ Daiane? ─ o oficial pergunta ─ ouvi errado quando a mocinha ali te chamou de Ane?
─ Não, não ouviu Ane é meu apelido.
─ Hum ─ ele anota ─ e você?
─ Luiz Fernando Tuk ─ respondo.
─ Sei, estamos tendo muitos problemas com adolescentes bebendo na rua estamos fazendo um controle ─ ele fala ─ vão pra casa, está tarde à rua é perigosa essa hora ─ depois de ele falar isso a viatura se afasta.
─ Ufa ─ Milena fala ─ essa foi por pouco.
─ Você sabe que se estivesse sozinho você ia levar geral não é? ─ Daiane me pergunta.  Eu não respondo volto a andar.
Chegamos a uma praça poucos metros à frente. Ali encontramos Marcelo sentado em um banco.
─ Olá! ─ diz ele quando nos aproximamos
─ Cara você é louco de sair assim bicho? ─ Daiane  pergunta.
─ Olá? ─ ele pergunta, tomando um gole da cerveja em garrafa que tem na mão.
Eu me sento ao lado dele, Daiane ao meu, Milena fica olhando para o céu.
─ Acho que fiz uma burrada ─ Daiane começa a me dizer.
─ O que? ─ pergunto.
─ Vocês são muito gente boa, mas Eu vou nessa! ─ Marcelo levanta e começa a andar, dá dois passos para fala consigo mesmo ─ você tá legal Marcelo, numa boa bicho. ─ faz uns passos de freestep balbuciando “Thu tha thu  thu tha tha”. E volta a andar.
─ Você já quis falar algo para alguém, mas acha que se falar vai fazer outras duas pessoas brigaram? ─ Ane me pergunta observando Marcelo andar a cada três passos ele repete a cena do freestep.
─ Aham ─ respondo a ela.
─ Pois é estou em uma situação destas ─ eu não falo nada ela também não ficamos em silêncio. Percebemos que a praça era redonda quando Marcelo passa pela segunda vez em nossa frente balbuciando.
─ Você tá de boa Marcelo, você é mais forte que o álcool, falta muito para ele te derrubar, você está quase em casa ─ ele olhava para mim e Ane ─ olá?! ─ depois de três passos fazia os mesmos passos de dança de antes.
─ Acho que alguém perdeu o rumo de casa ─ Daiane  murmura.
─ E parece que não está sozinho nesta ─ falo olhando para Milena que olha as estrelas sem piscar.

***
 Deixamos Marcelo e Milena na cama e então eu volto para a festa, muitos já foram embora, quando Cristina me vê sorri e vem em minha direção.
─ O negócio é o seguinte ─ ela fala passando os braços em volta do meu pescoço ─ bebi muito para voltar para casa dirigindo, alguma sugestão de onde posso dormir? ─ ela fala mordendo o lábio.
─ Acho que sei de um lugar ─ respondo depois a beijo.


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