- Marcelo -
Quinta
23-07
─
Pessoal reúnam-se aqui, por favor ─ Daisy nós chama para a frente das
repartições.
─
Já vou, só mais um pouco e eu termino o relatório aqui Senhora ─ eu falo para
ela.
─Rápido
Marcelo ─ ela me repreende ─ ele já está chegando! Venha Rápido! ─ eu fecho o
jogo de paciência que estava aberto na tela do computador e vou para perto de
Nando ─ escutem pessoal, temos um aniversariante hoje aqui no escritório ─
Nando abre um sorriso que quase caiu da cara dele.
─
Estranho ─ murmuro ─ você nunca ficou feliz assim quando era meu aniversario,
por que esta agindo assim por causo de um estranho? ─ pergunto, o sorriso
desaparece imediatamente, ele sacode a cabeça em sinal negativo ─ ah! Assim
esta melhor ─ falo satisfeito ─ de quem Dona Daisy? ─ pergunto.
─
Do rapaz novo ─ ela faz uma pausa e estala os dedos parece estar tentando
lembrar o nome do guri ─ Fernando querido ─ Nando volta a colocar aquele
sorriso no rosto, ele está muito estranho hoje ─ como é mesmo o nome daquele
rapaz que entrou depois de você? ─ o sorriso agora literalmente caiu do rosto
de Nando ele franze a testa ─ Sailon...
─
Isso! ─ Daisy grita ─ Lembrei, é Sailon, bom quando ele entrar todos começamos
a cantar parabéns!
A
porta se abre momentos depois e ela puxa a musica.
─
Ah pessoal! ─ Sailon fica todo sem graça ─ como vocês descobriram? ─ o pessoal
do escritório todo vai apertar a mão dele e desejar os parabéns, Nando vai se
sentar em frente a seu computador com a cara fechada.
─
Nossa como você é mal educado! ─ falo sentando-me em frente ao meu ─ não vai
dar os parabéns para o seu amigo? ─ ele me fuzila com o olhar, arqueio as
sobrancelhas ─ Ok! ─ ele pega a sua pasta e sai do escritório não o vejo pelo
resto do dia, ou será que vejo? Não me lembro...
****** Mais Tarde ******
─
É... ola? ─ chego em casa e o som toca uma musica que parece aquelas de filmes
de terror, as luzes estão apagadas ─ Ane? ─ chamo, nenhuma resposta, meu
coração martela no peito, ando alguns metros com cuidado para ficar no caminho
de luz que vem do corredor, estendo as mãos tremulas para a chave de luz
pressiono o botão a luz não acende ─ Ai caramba! ─ falo nervoso saio correndo em direção a
porta do apartamento então ela se fecha violentamente ─ AHHHHHHHH! ─ eu começo
a gritar, sinto duas mãos me erguerem do chão e começar a me mover ─ Por favor
não me matem! Se quiserem matar alguém, meu primo logo chega, matem ele, eu sou
muito bonito para morrer! ─ grito até minha voz quase sumir ─ Por favor, eu
imploro ─ sinto eles me forçando para sentar em uma cadeira, então um abajur se
acende.
─
Marcelo Tuk! ─ Marlon está sentado em uma cadeira a minha frente ─ Não adianta
tentar fugir agora, você não vai conseguir fazer isso hoje ─ olho para trás
dele Milena e Daiane guardam a porta, “delas
eu consigo fugir” penso calculando meus próximos passos, olha para trás de
mim dois caras enormes musculosos iguais a Marlon estão um de cada lado da
minha cadeira, “ok deles eu não posso
fugir”.
─
Ufa! ─ eu suspiro ─ Caras, que susto, pensei que ia morrer ─ eu sorrio ─ o que
está pegando?
─
Hora, tudo vai depender das suas respostas, ainda não decidi se o deixo vivo ou
não ─ eu arqueio as sobrancelhas.
─
Seja lá o que você pensa que eu fiz, não fui eu! ─ respondo na defensiva,
Marlon solta um sorriso frio a luz bruxuleante do abajur faz a cena gelar meu
sangue.
─
Vamos lá Marcelo, você tem um minuto para me explicar o que é que você estava
fazendo no meu AP na madrugada do domingo de carnaval!
─
Ah isso! ─ suspiro aliviado.
─
Sem mais mentiras! ─ ele grita e bate com o punho fechado na mesa.
─
Esta bem! ─ eu falo por impulso, aquilo me assustou ─ Quando eu estava saindo
do buenas noches eu vi você e o Nando
escorados em uma das paredes, então eu chamei um taxi coloquei os dois no banco
de trás, levei o Nando para o quarto dele e você para o seu apartamento! ─ falo.
─
E as penas! E as langeries? ─ ele me pergunta apontando o dedo.
─
Ah ─ eu dou de ombros ─ aproveitei que você provavelmente não ia se lembrar do
que fez ou não e estourei alguns travesseiros do meu quarto e espalhei as penas
pelo seu quarto, as langeries são da minha coleção.
─
Que coleção? ─ Marlon cruza os braços e arqueia uma das sobrancelhas
inquisidor.
─
Ah, sabe como é mulher, acham que saindo sem calcinha do meu quarto acham que
isso vai me tentar ─ dou de ombros ─ raramente encontro elas para devolver,
apesar de isso ser um Tesão ─ eu falo olhando para Daiane ela anui em
concordância.
─
Por que fez isso? ─ Marlon bate novamente na mesa.
─
Ah ─ grito me assustei novamente quando ele fez isso ─ cara qual é a
necessidade disso? ─ o repreendo ─ sei lá queria pregar uma peça em ti, e foi
hilário ─ eu rio, as luzes se acendem.
Marlon
se levanta saltitando.
─
HUHU ─ ele ergue os braços ─ Sou virgem de novo!
Ele
continua pulando e dançando até que alguém desliga a musica na sala.
─
Nando é você? ─ perguntou Daiane, a resposta foi a porta de um dos quartos,
provavelmente o dele, se batendo.
─
Cruzes que bicho mordeu ele? ─ Milena pergunta.
─
Não sei ele está assim desde manhã ─ respondo.
─
É ─ Marlon pigarreia ─ valeu galera ─ ele fala para os dois armários que ele
colocou atrás de mim, os dois anuem e saem da cozinha.
─
Entraram quietos e saíram calados ─ falo.
─
De manhã você disse? ─ Daiane pergunta, demoro uns dez segundos para perceber
que ela fala comigo.
─
Desculpe, falou comigo? ─ pergunto, não lembro do que nós estávamos falando.
─
Você disse que o Nando esta estranho desde manhã? ─ ela pergunta.
─
Ah! Isso ─ eu me levanto e caminho até a geladeira ─ é, hoje de manhã a dona
Daisy chamou o pessoal do escritório para cantar parabéns para o rapaz novo
parece que ele estava de aniversario.
─
Que rapaz novo? ─ Marlon pergunta.
─
Ah o José lá, nem sei o nome dele ─ dei de ombros ─ entrou depois do Nando, a
dona Daisy tem essas manias, não sei por que ele não gostou, vai ver é ciúmes.
─
É isso! ─ Daiane grita como se tivesse sido atingida por um raio.
─
O que? ─ Marlon pergunta a ela, eu já estou de saída para a sala, depois de
pegar um sanduíche que alguém deixara pronto para mim, bom não tinha nome então
eu acho que era para mim.
─
Sabia que tinha visto alguma coisa na agenda hoje.
─
O que tem hoje? ─ ouço Marlon perguntar.
─
Hoje é aniversario do Nando!
Part2
***
- Daiane -
─
Marcelo volta aqui! ─ eu chamo, ele tinha deixado a cozinha sem dizer nada.
─
Que é? ─ ele esta de volta a cozinha ─ vai começar a novela daqui a pouco!
─
Como é que você não se lembra que era aniversario do teu primo? ─ Marlon
pergunta.
─
Ah ─ ele da de ombros indiferente ─ sabe nós não somos muito íntimos.
─
Pois é, não é como vocês morassem juntos nem nada ─ Milena observa em um tom
monótono.
─
Ei, Você também mora com ele ─ Marcelo aponta um sanduíche para mim.
─
Mas eu não sou nada dele! ─ falo na defensiva.
─
Conversa, vocês não se desgrudam ─ ele da uma mordida e continua a falar
enquanto mastiga ─ outro dia encontrei os dois assistindo um filme abraçados no
sofá.
─
O que tem isso? Nós somos amigos ─ falo, minha face ferve deve ser de raiva.
─
Ah, por favor ─ ele resmunga.
─
Ta, alem de morar no mesmo apartamento reconheço que sou bem amiga dele e não
me lembrei do aniversario dele ─ eu me sento na cadeira mais próxima ─ o que
vamos fazer?
─
Ir até ele e dar os parabéns visto que ainda é o aniversario dele? ─ pergunta
Milena.
─
Não esse navio já partiu ─ eu murmuro pensativa.
─
Por isso sou anti-social ─ ela fala ─ a vida em sociedade é muito complicada.
─
Uh! ─ Marlon começa a abanar as mãos como se estivesse secando esmalte ─ já
sei, fazemos uma festa surpresa para ele, sempre quis participar de uma!
─
Está louco cara, como é que iríamos organizar uma festa surpresa para ele
agora? Já são quase nove da noite.
─
Quem disse que seria hoje? To falando de sábado.
─
Mas o aniversario dele seria hoje, não seria? ─ pergunta Milena.
─
Cara é serio a novela vai começar, querem chegar no ponto logo? ─ Marcelo fala
impaciente.
─
Mas se fosse hoje não seria surpresa não é? ─ Marlon continua entusiasmado.
─
Tá, isso que ele acabou de dizer não faz o nenhum sentido, alguém mais notou? ─
Milena fala de sobrancelhas cerradas apontando para Marlon.
─
É a melhor idéia que temos ─ falo eu depois de um tempo.
─
Isso! ─ Marlon bate palmas ─ vai ser incrível.
─
Bom, só para não dizerem que eu não tento me socializar, eu topo ─ Milena
concorda.
─
Ok, então está decidido ─ Marlon continua ─ eu vou atrás dos balões e dos
convidados e dos...
─
Uol! Espera um pouco que eu divaguei aqui, o que é que nós “decidimos” mesmo? ─
Marcelo fala fazendo aspas com as mãos e imitando a voz de Marlon ao falar
decidimos.
─
Fazer uma festa surpresa para o Nando, acho não é? ─ Milena pergunta confusa.
─
Sim ─ concordo.
─
Hei calma ai galerinha gente boa ─ Marcelo começa a falar ─ festas custam caro,
e não sei vocês, mas eu não estou certo se gosto tanto assim dele a ponto de
gastar dinheiro com uma festa.
─
Me responda com sinceridade Marcelo, você gosta de alguém no mundo que não seja
sua avó? ─ Marlon pergunta.
─
Bom tem um carinha que eu vejo toda vez de manhã no espelho...
─
E que não seja você? ─ Marlon completa.
─
Ah, então acho que não ─ ele encolhe os ombros.
─
Bom, dinheiro não é o problema ─ começo a falar.
─
Eu vou atrás das bebidas ─ Marcelo sai da cozinha ─ vai ser legal acho que o
Nando merece.
24-07
─
Hei, Nando ─ eu chamo no café da manhã.
─
Hum? ─ ele responde, parece que o mal humor da noite passada passará durante o
sono.
─
Você me empresta o teu computador?
─
E o seu? ─ ele pergunta.
─
Ta meio que estragado.
─
Andou vendo maroteza na internet de novo? ─ ele sorriu, depois ficou sério ─ de
jeito maneira! Tu vai estragar o meu também ─ ele se levanta e sai da cozinha,
esbarrando em Marcelo ao fazer.
─
E ai? ─ Marcelo espera Nando se afastar e continua ─ conseguiu?
─
Negativo ─ anunciei desanimada.
─
Plano B então. ─ ele fala.
─
Que plano B?
─
Shii.
─
Estou indo trabalhar, mantenha suas mãos longe do meu computador! ─ Nando surge
na porta da cozinha ─ Você não vem? — pergunta então para Marcelo.
─
Cara, to meio mauzão ─ Marcelo faz uma cara de nojo ─ acho que não vou poder ir
trabalhar hoje, avisa todo mundo lá?
─
Pode deixar mano ─ Nando concorda depois aponta para mim ─ o que eu disse?
─
Ah idiota, eu tenho TV acabo por que iria procurar na internet? ─ reviro os
olhos, ouvimos Nando sair do apartamento então Marcelo se levanta.
─
Vamos fazer a ligação ou não? ─ ele me pergunta.
─
Do que esta falando? ─ pergunto confusa ─ você não o ouviu, ele não emprestou o
computador, não tenho a mínima idéia da senha dele.
─
Relaxa está tudo sob controle ─ ele sai da cozinha ─ ele sempre usa a senha
dele para tudo, e é sempre a mesma desde quando nós éramos crianças.
─
Você tem a senha?
─
Bom, tenho um palpite ─ ele vai até o quarto do Nando e volta para a cozinha.
─
Espere ─ eu o impeço de ligar o computador ─ aqui não o Nando pode voltar.
─
Você não o viu saindo trabalhar? ─ ele pergunta.
─
Sim, mas até onde eu sei ele pode dar uma passada aqui a qualquer hora, já que
ele trabalha na rua não é? Você não fazia isso volta e meia?
─
Fazia, mas ─ ele me olha sério ─ o Nando não é assim, o cara é muito estranho.
Eu
pego o computador e saio, ele me segue.
─
Ei, vai aonde?
─
Você vai ver ─ respondo, ele me segue.
Chegamos ao apartamento de Marlon tento abrir
a porta esta trancada ─ Que estranho ─ eu olho para Marcelo que só me olha, eu
bato na madeira ─ Marlon ta em casa? Sou eu a Ane! Abre ─ alguns segundos
depois ouço o som de varias chaves girando e uma fresta se abre entre a porta e
o batente.
─
O que você quer? ─ ele perguntou depois olhou para Marcelo ─ você não devia
estar no trabalho? ─ um latido soa de dentro do apartamento ele fica em
silencio.
─
O que foi isso? ─ pergunto, Marlon disfarça pigarreia.
─
Meu estomago... digo a TV ─ ele fala, agora um rosnado.
─
A corta essa, tem um cachorro ai dentro? ─ pergunto.
─
Está louca você não sabe...
─
Pensei que cachorros fossem proibidos no prédio ─ Marcelo força a cabeça por
entre a fresta da porta ─ Oi coisinha fofa, ah Ane eu também quero um!
─
O que? ─ eu olho para Marlon ─ tem um cachorro ai mesmo? Você é louco se o
sindico descobre.
─
Já faz um mês que tenho ela e só agora vocês foram perceber, é só vocês
manterem a boca fechada ─ Marlon fecha a porta e depois a abre ─ Hei, hei volta
aqui mocinha ─ ele sai correndo de traz de uma buldog que sai do apartamento ─
não, não papai vai levar você passear só mais depois você já sabe, entra logo
gente! ─ ele fica vigiando o corredor ao entrar ─ bom o que querem? ─ ele pergunta
agradando a cadelinha que está no seu colo.
─
Temos que ligar para os pais do Nando e não queria correr o risco de ele chegar
e nos pegar falando com eles.
─
Rá! ─ Marlon estoura em gargalhadas ─ conhecendo o nosso amigo Marcelo aqui,
posso dizer que aquele lá herdou todo o senso de dever da família, depois que
sai trabalhar só volta de noite, parece um burro com a viseira, nem olha para os
lados.
─
Eu te disse ─ Marcelo concorda com Marlon e começa a agradar a cadelinha.
─
Bom, de qualquer jeito ─ eu falo sentando na poltrona ─ você disse que tinha a
senha do usuário? ─ falo para Marcelo.
─
Ah sim ─ ele vem para junto de mim ─ tenta algo relacionado aqueles filmes
idiotas que ele gosta.
─
Que filmes? ─ ele revira os olhos ─ cara pensei que vocês eram amigos, me da
isso aqui! ─ ele toma o computador de minhas mãos e depois de umas duas
tentativas sorri satisfeito.
─
Consegui ─ ele me olha ─ você liga ou eu?
─
Tanto faz ─ dou de ombros ele coloca o computador em cima da mesa e puxa uma
cadeira, sento ao lado dele.
─
Se bem me lembro eles devem estar On ─ Marcelo já esta logado no perfil do
skype de Nando ─ ah aqui ─ ele faz a vídeo chamado depois de uns toques a
imagem de uma mulher aparentando uns quarenta e cinco anos loira de olhos azuis
atende sorrindo, mas logo que reconhece que não era seu filho o sorriso é
substituído por um arquear de sobrancelhas.
─
Oi tia ─ Marcelo cumprimenta.
─
Marcelo? ─ ela fala desconfiada ─ que novidade é essa?
─
Tenho um convite para fazer, o tio ta por ai? ─ ele pergunta.
─
Sim ─ ela responde depois grita ─ Carlos vem cá amor!
Um
homem moreno da mesma idade com alguns cabelos brancos surge ao lado dela.
─
Oi tio, como vai? ─ Marcelo fala ─ viu o que vocês vão fazer amanhã?
─
Hm ─ o pai de Nando olha para a esposa ─ depende da hora.
─
É mesmo que horas vai ser Ane?
─
Desculpe, mas quem é essa jovem? ─ a mãe de Nando pergunta.
─
Será que é a moça que a mamãe falou? ─ Carlos pergunta.
─
Não pode, olha só ela é linda ─ a mãe de Nando cochicha ─ entre ela ser
namorada do Nando e sua mãe estar biruta acho mais provável a segunda opção.
─
Moçinha por um acaso você não seria a namoradinha do Nando seria?
─
É... ─ “que constrangedor o que é que eu
falo?” ─ mais ou menos.
─
Não acredito ─ Carlos sussurra para a esposa ─ é ela Kátia.
─
O que vocês querem? ─ Kátia pergunta.
─
Bom ─ Marcelo toma a palavra ─ é que nós meio que esquecemos o aniversário do
Nando e estamos planejando uma festa surpresa para ele para compensar.
─
Rá ─ Carlos ri ─ mas o aniversario do Luiz é só dia... quando é mesmo querida?
─ ele pergunta para a esposa.
─
Vinte e Três ─ começa Kátia arregalando os olhos ─ Carlos foi ontem! Como é que
você pode se esquecer disso?
─
O que? ─ Carlos grita ─ foi ontem?! ─ ele arregala os olhos também ─ como é que
Você não se lembrou? ─ ele pergunta ─ era de se esperar que a mulher lembrasse
o dia em que uma bola de carne de quase dois quilos saiu dela não é?
─
Nós somos pais horríveis ─ Kátia suspira.
─
Então ─ falo ─ pelas sete horas amanhã nos ligamos de novo, nós vamos cantar o
parabéns, pode ser?
─
É sim, por favor ─ nós desligamos aposto que eles ficaram por uns bons minutos
olhando para a tela do computador.
─
Bom ─ Marcelo fala ─ parece que existem piores do que eu ─ ele se vira para
Marlon ─ por falar nisto, por que desta belezura aqui? ─ ele pergunta pegando a
cadelinha no colo.
─
Ah, a casa esta infestada daqueles bichos malditos ─ ele se levanta e vai até a
janela, eu olho ao redor.
─
Ratos? ─ pergunto com nojo,
─
Pombos? ─ Marcelo fala ao acaso.
─
Gatos! ─ Marlon responde.
─
Gatos? ─ pergunto incrédula ─ por que malditos? Eles são tão fofos!
─
É assim que eles querem que você pense, até saltarem em suas gargantas
desprotegidas! ─ ele volta a se sentar ─ são criaturas malignas sim, não vê até
o Imotep tinha medo deles! Eu acho que eles vem do andar de cima do prédio ─
ele abaixa a voz a um sussurro ─ deve ter algum portal para o inferno lá por
onde estes demônios saem.
─
Você é tão paranóico ─ eu rio.
─
Ria agora, mas quando você se desequilibrar na escada e um deles estiver ao
lado para te empurrar você ira lembrar desta conversa.
Part 3
*****
- Daiane -
25-07
Estou
chegando com Nando, o levei para assistir um filme para tirá-lo da casa tempo
suficiente para que o pessoal arrumasse tudo, ele tentou disfarçar mais ainda
estava sentido por eu ter esquecido o aniversario dele.
Eu
abro a porta tudo está escuro, mas posso ouvir os sussurros dos outros
escondidos.
─
Parece que estamos sozinhos ─ Nando fala ao entrar ─ onde será que foi todo
mundo? Será que aconteceu alguma coisa... ─ eu acendo a luz.
─
SURPRESA! ─ todos gritam saindo de seus esconderijos atrás dos moveis, Marcelo
sopra uma língua-de-sogra e está com um chapéu de festa torto na cabeça está
embaixo da mesa de centro da sala. Marlon atrás da mesa que esta na sala de
frente para a porta da cozinha a parede escondida por bexigas amarelas e
pretas, a mesa cheia de salgadinhos, no sofá dois bonecos de travesseiros com
um computador no lugar da cabeça mostram a imagem dos pais de Nando. Milena
atrasada estoura um cano de papel picado colorido e murmura:
─
Droga errei o tempo!
Olho
para Nando ele esta congelado, os olhos arregalados e a pele anormalmente
branca.
─
Parabéns filho! ─ fala a voz da mãe dele do computador.
─
Penso que nós tínhamos esquecido né? ─ fala o pai dele.
─
Enganamos você direitinho não é primo? ─ Marcelo fala sorrindo, por um momento
pesei que o pai e filho eram Marcelo e Carlos, os dois mentiam tão bem.
─
Pessoal ─ Nando gagueja ─ eu não sei o que falar! ─ vejo que ele segura as
lagrimas, vou ao encontro dele e o abraço, ouço que os demais também se
aproximam.
─
Você merece cara! ─ Marlon fala ao se juntar ao abraço coletivo.
─
Hei levem a gente para lá também ─ fala a mãe de Nando.
─
Não seja boba Kátia, como é que eles vão fazer isso? ─ fala Carlos ─ hei olhem
aqui! ─ ele começa a falar todos olhamos para a tela ─ filho nós só queremos
dizer que nós temos muito orgulho de você, feliz aniversário.
─
Nós te amamos ─ falou a mãe dele.
─
Agora, vamos Kátia deixe eles se divertirem, juízo viu? ─ o pai dele se despede
olhando para o filho, depois tive a impressão de ele ter apontado para mim,
piscou e fez um sinal de positivo para o filho como se dissesse “bom trabalho campeão”.
******
- Nando -
Ai
de novo essa sensação, minha cabeça gira parece que fui jogado em uma musica do
Pink Floyd, posso até ouvir alguém cantando as perguntas ao fundo:
“Hello?... Is there anybody in there?...”
Fogos
de artifício estouram em algum lugar, posso velos cintilar por minhas pálpebras
fechadas, a cada explosão minha cabeça dói, demora para perceber que isso está
acontecendo dentro de minha cabeça.
─
Cara devo estar muito bêbado ─ murmuro, novamente minha ultima memória é de estarmos
jogando um jogo de beber, e estou segurando um copo de alguma bebida.
Meu
braço desliza na cama, sinto a presença de alguém deitado ao meu lado, abro os
olhos de vagar, a parede parece se mexer sozinha, na verdade não só a parede,
tudo gira, isso me causa náuseas, a visão focaliza sim, á alguém comigo ali.
─
Cara devo estar sonhando ─ minha mão direita se fecha em um seio, eu começo a
abrir e fechar a mão como se estivesse brincando em uma buzina ─ FOM! FOM! ─ murmuro ─ cara devo estar
bêbado & sonhando. ─ eu rio de
mim mesmo como só uma pessoa alcoolizada faz, alguém pigarreia e ouço uma voz
feminina falar.
─
Se você já acabou de brincar pode fazer o favor de tirar a mão do meu peito!
─
AH! ─ eu grito rolando da cama e caindo no chão, Daiane se levanta e senta-se
na cama arrumando a alça do sutiã, eu olho incrédulo.
─
ISSO NUNCA ACONTECEU LUIS FERNANDO ─ ela grita me apontando o dedo ─ NADA
ACONTECEU AQUI!
E
sai do quarto, começo a seguir ela, no inicio com a intenção interrogá-la, mas
então sinto o gosto da noite passada, e acabo no banheiro.
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