domingo, 13 de setembro de 2015

“As aventuras de um tímido, do garanhão, da lésbica, do sensível e de sua amiga gótica” Season 01 Capitulo 27-28-29 A aventura com o Coronel.



- Milena -
─ Cara, eu não gosto de deixar minha casinha! ─ eu falo para Daiane ─ e muito menos deixar que outras pessoas a visitem! ─ estou carregando minhas sacolas de roupas nos braços, andamos pelo corredor em direção ao apartamento de Daiane.
─ Ah, vai ser só por uns dias! ─ a voz de Daiane vem em resposta, abafada por de trás das outras sacolas que ela carrega ─ e não é como se o Marcelo já não tivesse ficado lá por uns dias ─ eu paro subitamente, Daiane bate em mim e deixa cair as roupas ─ que conversa é essa?
─ Longa história! ─ ela fala começando a catar as coisas do chão.
─ Explique! ─ falo, ela suspira.
─ Na páscoa, quando você estava viajando.
─ Como é que é? ─ eu deixo cair as roupas que estou segurando.
─ Ah, dá um desconto, o cara tinha descoberto que a avó tem câncer, ficou muito abalado!
─ Que ficasse abalado em outro lugar! Por isso que quando eu cheguei de viagem a casa estava com um cheiro ruim! Sabe quanto tempo aquele fedor ficou impregnado no ar?
─ Você vem falar isso para mim? ─ ela para de ajuntar as roupas ─ eu moro com o cara!
Um trovão ribomba fazendo o chão tremer,caia um temporal na cidade.
─ Tá bom! ─ falo indiferente ─ mas quero o quarto do Fernando.
─ Sábia escolha minha amiga ─ ela responde.
Ajuntamos as roupas e recomeçamos a andar, ao virar a esquina para o corredor que dá para o apartamento dela ouvimos uma musica que parecia ser clássica.
─ Que diabos é isso? ─ pergunto.
─ Deve ser o Nando ─ ela dá de ombros ─ ele escuta cada musica.
Ao chegarmos no apartamentos e abrirmos a porta uma voz fala do radio.
“ Esta começando agora, a sua voz, a nossa voz... a voz do Brasil...”
─ A voz do Brasil? ─ Daiane pergunta rindo ─ por que isso?
─ O sinal da TV acabo caiu ─ Marcelo fala em uma voz de choro.
─ Nós não conseguimos achar o botão que tirava da radio para o Pen-Drive ─ Marlon continuou ─ você coloca essas coisas eletrônicas com a tecnologia muito avançada! Pra que tanto botão?
─ Cara, era só colocar o Pen-drive na entrada USB que o som reconhece automaticamente! ─ ela responde.
─ AH! ─ os dois respondem em uníssono.
─ Marlon, preciso falar com você, você tem o contato daqueles amigos que seguraram o Marcelo aquele dia? ─ Pergunto para ele.
─ Sim ─ ele responde.
─ Eu já volto não sai daí.
****
- Marlon -
PAM!
Preciso falar com você, você tem o contato daqueles amigos...”
PAM!
“Milena carregada com trouxas de roupas...”
PAM!
“A folhinha do calendário mostra Agosto... Dia dos Pais.”
PA-RAMMMM!
─ Marcelo temos que dar o fora daqui! ─ eu falo depois que a orquestra mental se cala.
─ A cara, o combinado não era nós treinarmos o silencio entre nós? Sem conversas! ─ ele responde olhando para a parede.
─ É sério, vamos? Rápido, é o seu sangue que está em perigo! ─ eu estou aflito, coitado do guri.
─ O que? Por Que? ─ ele me olha agora parece preocupado.
─ Não notou o que se passou aqui? ─ pergunto, ele me olha por dez segundos sem piscar depois faz que não com a cabeça.
─ É dia dos pais! O Coronel Monteiro...
─ AHHH! ─ ele grita apavorado.
****
- Nando -
─ A senhora quer ajuda? ─ pergunto, eu seguro a porta do elevador para uma senhora entrar, ela esta com os braços carregados com sacolas de compras.
─ Ah, não precisa ─ ela declina ─ esses velhos braços já estão acostumados.
─ De jeito nenhum, isso parece estar muito pesado para a senhora ─ falo pegando as sacolas dela, ela não resiste, parece aliviada.
─ Obrigado ─ ela fala ─ nunca te vi por aqui, morador novo?
─ Depende do ponto de vista, me mudei no começo do ano ─ respondo ─ sou Luis Fernando, pode me chamar de Nando!
─ Eu sou Joana ─ ela responde ─ bom saber que temos gente descente morando nesse prédio ─ ela fala, eu rio ─ você tem religião? ─ ela pergunta com a sobrancelha arqueada.
─ É... católico ─ “Acho” eu completo mentalmente ─ mas não sou muito ligado a religião.
─ Ah, menos mal ─ ela parece aliviada ─ pelo menos você não nega nosso senhor, veio da onde? ─ ela pergunta.
─ Do interior ─ respondo ─ a senhora não iria conhecer a cidade, é para lá de onde o vento faz a curva ─ ela ri.
─ Estuda, ou veio a trabalho para cá? ─ “a senhora é bem curiosa não acha?”.
─ Vim para fazer letras, mas trabalho também ─ respondo, a porta do elevador se abre, nós saímos ─ eu estou escrevendo um livro ─ continuo.
─ Mesmo? ─ ela pergunta ─ quando estiver pronto quero ler hein?
─ Acho que a senhora não iria gostar ─ eu encolho os ombros, ela não parece do tipo que curte fantasia, noto que ela se retrai, e fica tensa.
─ Nando! ─ Marlon e Marcelo vem correndo pelo corredor ─ precisamos falar com você.
─ O que você faz com ela? ─ Marlon pergunta olhando para Joana com o cenho franzido ─ a senhora se esquece que não vivemos nos tempos bíblicos? Escravidão é proibida ─ Joana vai responder algo, mas se cala.
─ Só estou a ajudando ─ eu intervenho ─ já venho falar com vocês ─ falo para os dois e continuo andando.
─ De onde conhece esses dois? ─ Joana pergunta ríspida.
─ Um é meu primo, o mais extravagante é só um amigo ─ respondo.
─Hm ─ ela murmura ─ você parecia ser alguém tão decente ─ ela suspira desanimada.
─ Mas eu sou! ─ falo na defensiva.
─ Bom, acho bom não andar muito com eles ─ ela olha por cima dos ombros na direção dos dois ─ Seu primo é um tarado e o outro é... ─ ela faz uma pausa e cospe a palavra em um sussurro ─ Gay!
─ Ai esta uma coisa que eu não entendo ─ falo ─ Se ser Gay é um pecado tão grande, por que Jesus quando andou por ai nunca fez nada contra eles? Pelo contrario se cercou de homens? Atitude muito suspeita ao meu ver ─ ela fez uma careta, mas não encontrou as palavras pare responder ─ e na bíblia não diz que o único que pode julgar os outros é Deus?
─ Sim ─ ela responde decidida.
─ Então por que é que a senhora julga o rapaz ali só por que ele tem uma opção sexual diferente? ─ ela sorriu.
─ Não se pode ir contra a palavra ─ ela falou afavelmente ─ O pastor diz, ele vai para o inferno ─ parou então para abrir a porta ─ muito obrigada pela ajuda, vou colocar seu nome nas minhas orações, para que você não seja pego nas armadilhas dos demônios deles. 
Eu fiquei olhando ela fechar a porta, sem entender nada.
****
- Milena -
─ Caraca! ─ eu murmuro ao entrar ─ já pensou se uma faísca cai aqui dentro? O fogo se alastra pelo prédio inteiro, ninguém mais apaga.
Ao entrar no quarto de Fernando a porta se emperra em algo que depois de entrar no quarto soubemos que era uma pilha de revista de histórias em quadrinhos, o quarto inteiro estava cheio de pilhas e mais pilhas de revistas e livros. O quarto não era grande, havia uma cama de casal rodeada pelas pilhas e um armário multi-uso.
─ Ele vai abrir uma loja ou coisa do tipo? ─ perguntei, Daiane olhava aquelas pilhas com espanto como se também as visse pela primeira vez.
─ Nossa, de onde surgiu tudo isso? ─ perguntou Daiane.
─ E eu é que vou saber? Você não viu ele contrabandeando isso tudo para cá?
─ Não ─ ela responde ─ bom você vai ter que se virar por aqui Mi, por que não vamos ter como tirar tudo isso.
─ Onde coloco minhas coisas então? ─ pergunto ela joga a trouxa que levava em cima da cama. ─ no guarda roupa, é só tempo de nós tirarmos as coisas dele... ─ ela para de falar ao abrir as portas, não havia roupas apenas mais livros.
─ Eita ─ ela franze a testa ─ onde é que ele guarda as coisas dele?
Olho ao redor e vejo jogado em um canto um mochilão, ao abrir tenho a resposta.
─ Bom, pelo menos já estão prontas para a viagem ─ falo.
─ E pelo jeito as tuas vão ter que ir para o armário do Marcelo.
─ De jeito nenhum ─ eu grito ─ vai ser por pouco tempo, se ele conseguiu viver quase oito meses com as roupas em uma mochila eu sobrevivo por alguns dias ─ Ela desaba na cama inquieta ─ Ta bom, se você quer tanto eu coloco minhas coisas no quarto do Marcelo, estou precisando de novas mesmo, depois eu queimo tudo.
─ Não, não é isso! ─ ela sussurra, eu sento ao lado dela.
─Não? Agora eu fiquei confusa, o que é então? ─ ela me olha nervosa, morde o lábio inferior.
─ Isso é segredo, posso confiar em ti? ─ ela pergunta, e anuo em concordância, ela olha para a cama e fala ─ eu dormi com o Nando.
***
- Marlon -
─ Ah, até que em fim resolveu se juntar aos hereges? ─ pergunto, Nando vem vindo do corredor.
─ O que vocês querem? ─ ele pergunta indo passando por nós indo em direção ao apartamento.
─ Não, não ─ eu saio correndo e tomo a frente impedindo a passagem dele ─ é melhor o senhor não se aproximar daquele apartamento.
─ Por que? O que esta acontecendo? ─ ele pergunta preocupado.
─ Aqui não, me siga ─ eu os conduzo até o elevador, depois descemos um andar, eu saio do elevador e fico parado no corredor, Fernando e Marcelo se juntam a mim ─ Aqui, é mais seguro.
─ Hã? ─ ele pergunta confuso ─ de quem estamos nos escondendo?
─ Da Ane cara! ─ Marcelo responde.
─ O que? Por que?
Eu e Marcelo nos entreolhamos depois eu olho para Fernando.
─ O pai dela vai vir á visitar, ela está aos catos de um namorado. ─ respondo.
─ Heim? ─ ele para e pensa por um momento ─por que? Pensei que os pais da Ane soubessem das preferências dela, tipo você até me disse que a mãe dela não gostava dela por causa disso ─ ele fala olhando para Marcelo.
─ A mãe sabia ─ eu respondo ─ mas o pai não, acho que pela reação que a mãe dela teve ao descobrir, a Ane nunca teve coragem de contar para o pai, o cara é um pesadelo mas ela o ama, acho que não agüentaria se ele a desprezasse.
─ Nossa que triste ─ ele fala ─ mas o que isso tem a ver comigo?
─ Não está meio obvio? ─ Marcelo pergunta, Nando não responde ─ eu que seria a escolha obvia já fingi ser uma vez ─ ele olha para mim ─ acredite se quiser mas nosso amigo aqui, também já.
─ Ela me pediu para encontrar um amigo meu para isso, mas de jeito nenhum vou mandar um amigo para o abate ─ eu falo, sinto uma fisgada na ponta do dedo, só então reparo que estou roendo as unhas.
─ Sobrou você ─ Marcelo aponta para Fernando ─ Boa noite! ─ ele sorri para duas moradoras que passam por nós no corredor, as meninas sorriem e seguem cochichando.
─ Que seja ─ Nando da de ombros ─ acho que mesmo eu sendo o ultimo, ela não pediria isso, ela esta estranha comigo depois do meu aniversario.
─ No desespero parceiro ─ Marcelo fala encolhendo os ombros.
─ E por que motivo ela está estranha? ─ pergunto ─ ela não me falou nada ─ Nando fica sem jeito.
─ Se ela não te falou é por que ela não quer que você fique sabendo ─ ele sussurra.
─ Ah de jeito nenhum ─ Marcelo se irrita ─ apontou atira, está na cara que você esta escondendo algo, desembucha.
***
- Milena -
─ Eca! ─ eu levanto da cama, estou em choque claro, mas o nojo é maior ─ nesta cama? Vocês dois... espere ─ paro pensar por um segundo ─ dormiram ou outras coisas? ─ ela fica em silencio por um tempo depois esconde o rosto com as mãos.
─ Eu não lembro ─ ela fala.
─ Ah! Já perguntou para ele? ─ pergunto.
─ Não ─ ela me olha assustada ─ e não creio que ajudaria muita coisa, ele não parecia estar em melhor estado do que eu.
─ Cara, temos que começar a cortar o álcool destas festas ─ sussurro.
─ É só isso? ─ ela pergunta ─ só isso que tem a me dizer?
─ É ué, o que mais posso dizer? Quer que eu pergunte por detalhes para ver se te ajudo a lembrar de alguma coisa?
─ Claro que você não tem nada para me dizer ─ ela murmura zangada ─ o Marlon saberia o que dizer, ele sempre sabe, mais por outro lado, não sabe guardar segredo, por que você não troca de lugar com ele, só por hoje? ─ ela implora.
─ Está bem ─ eu pigarreio ─ vamos tentar, com o que você está preocupada? Não usaram proteção? Está com a pílula em dia...?
─ O que? Eu já disse, não lembro, mas não acho possível que isso tenha acontecido.
─ Então o que é? ─ franzo a testa ─ me ajude para eu poder te ajudar... ─ ela abriu a boca para responder ─ não, espere e onde é que fica a bruna nisto tudo? ─ ela abre as mãos para frente como se disse-se “esse é o ponto”.
─ Eu sinto que devo contar, mas tenho medo ─ ela responde ─ gosto muito dela.
─ A questão é, o que você sente a respeito do Fernando? ─ pergunto, ela faz uma careta.
─ Que tipo de pergunta é essa? ─ ela parece ofendida ─ eu o amo... ─ uma pausa constrangedora ─ quero dizer não deste jeito, ele é um irmão que eu nunca tive ─ ela se explica, eu dou de ombros.
─ Então fala com ela hora ─ respondo cheia de certeza ─ um relacionamento precisa de honestidade, ela vai gostar se ficar sabendo por você, e afinal não á com o que ela se preocupar, não é verdade? Quero dizer ele é homem.
                                                               ***
- Marlon -
─ É que... ─ Nando faz uma pausa, eu estou do lado direito Marcelo na esquerda encostamos ele na parede ─ nada de mais, nós dormimos juntos.
─ O QUE?! ─ perguntamos em uníssono.
─ Babado! ─ murmuro ─ e eu pensando que eu era o melhor amigo dela e ela me esconde uma coisa destas.
─ E como é que foi? ─ Marcelo pergunta sorrindo malicioso.
─ Não foi ─ Nando fica vermelho ─ não lembro... nós só dormimos, no estado que estávamos não creio que teria algo para lembrar mesmo.
─ Hum, foi o que pensei ─ Marcelo fala.
─ Mas é sério ─ eu corto o assunto ─ você vai passar uns tempos comigo, eu te protejo dela!
─ O que? Morar contigo? Ta de brincadeira? ─ ele franze a testa.
─ É sério cara, aceita é uma proposta generosa ─ Marcelo fala com a mão no ombro de Nando.
─ Não acredito ─ Nando começa retirando a mão do primo do ombro ─ ela não vai me pedir isso ─ fala relutante, então sorri e continua ─ e mesmo que me peça não á com o que me preocupar, eu sou do tipo de pessoa que faz sucesso com os pais! As filhas não gostam, mas os pais...
─ Não, não, não ─ começo a murmurar ─ ele não está vendo o perigo ─ olho para Marcelo.
─ Ele acha que da conta! ─ Marcelo sorri em deboche, depois empurra Fernando para a parede com o braço e engrossa a voz ao falar ─ escuta aqui moleque, O Coronel Monteiro vai devorar você no café da manhã, e usar seus ossinhos para palitar os dentes na janta! ─ Fernando se assusta.
─ É verdade ─ concordo com Marcelo.
─ Vocês estão exagerando ─ ele fala desconfiado ─ me provem!
─ Da para acreditar neste cara? ─ Marcelo o larga e olha para mim indignado.
─ Está bem seu Tomé ─ eu falo ─ esta é a minha história.
***
- Milena -
─ Você está certa ─ Daiane levanta da cama ─ é claro que está, honestidade é tudo, e não há mesmo com o que ela se preocupar, vou agora falar com ela.
─ Isto fica feliz em ser útil ─ respondo, ela começa a sair do quarto.
─ Leve a mala do Nando para a sala, por favor, diga a ele que vai ter que achar outro lugar para ficar por uns dias, o Marlon pode te ajudar com isso.
─ Hei, espere ai ─ eu grito, ela já não me ouve ─ droga onde é que eu vou encontrar outro lençol? ─ resmungo para mim mesma.
*******Flash Back 1 Marlon******
TRÊS ANOS ANTES...
─ Ah vamos lá Marlon ─ Daiane me implora ─ vai ser como em uma peça de teatro.
─ Não sei não ─ eu nego ─ a idéia de namorar outra mulher, me é tão estranha.
─ Ah qual é como se você nunca tivesse feito isso antes! Essa semana mesmo você não fez o Bentinho naquela peça? Até onde eu vi a Capitu era uma mulher ─ ela fala.
─ Ain que lindo você realmente prestou atenção na peça! ─ fico emocionado ─ Marcelo dormiu o espetáculo inteiro.
─ Claro que sim, você é meu amigo eu sempre estarei lá para te apoiar ─ ela fala em um muxoxo ─ vai ser só de mintirinha igual, por favor ─ Ela joga sujo tenho que reconhecer ─ porfavorzinho...
─ Está bem! ─ concordo relutante.
─ Que Bom, é só chegar lá domingo para o almoço ─ ela começa a sair do apartamento ─ vai ser legal.
                                    ** Domingo 11h ainda há três anos**
Eu fui ao apartamento de Daiane, o cheiro estava bom, nunca descobri se era ela mesma que cozinhava naquele dia, eu entro, Daiane vai me receber me da a mão e fala nervosa:
─ Você demorou, pensei que tinha desistido.
─ Que é isso ─ eu falo ofendido ─ Friends forever! Amigos devem apoiar amigos.
Nós entramos na cozinha, pensei que iria conhecer o pai dela ali, mas não, a cozinha estava vazia.
─ Ué! Cadê ele? ─ pergunto.
─ Foi no banco ali na frente já deve estar voltando... ─ a porta batendo interrompe a resposta dela, seus olhos se arregalam ─ é ele! ─ ela fala.
─ Querida, cheguei! ─ uma voz masculina soa da sala.
─ Aqui na cozinha ─ Daiane responde ─ lembre-se vai ser como em um teatro! ─ ela sussurra para mim.
Me viro para a porta, então minha barriga se gela como se tivesse chupado gelo, o pai dela entrou na cozinha, ele é um homem que impõem autoridade sabe? Aqueles que quando entram em algum lugar o próprio silencio se cala! Aqueles olhos frios me analisaram de cima a baixo.
─ Pai, quero que você conheça o Marlon, ele é meu namorado ─ Daiane fala em um tom casual.
─ Ah, então resolveu aparecer! ─ ele fala sorrindo, mas um sorriso assustador, a face dele se divide em duas, os lábios se retraem em um sorriso que sugere “prazer em conhecê-lo”, mas os olhos... os olhos continuam sérios um fundo poso negro, mais negro do que qualquer buraco negro no canto mais escuro do universo! As sobrancelhas juntas em um olhar que sugere “vou fazer sua morte ser mais dolorosa do que a de cristo” .
                                    **Alguns minutos depois na sala**
─ Bom, vou deixar os dois sozinhos por um segundo, vou ver se o almoço está pronto! ─ Daiane fala se levantando do sofá.
Foi então que ele se virou seu sorriso havia desaparecido, e ele fez a pergunta...
                                    *** Depois da pergunta***
─ Ah qual é Marlon! ─ Daiane bate na porta do meu apartamento, é tanta força que fico com medo de as dobradiças cederem.
─ Vai embora! ─ eu falo em meio ao choro.
─ Ah cara eu preciso de você! Para onde foi o papo de Friends Forever? Amigos devem apoiar amigos lembra!
─ Não ─ eu grito ─ não quero ser seu amigo mais! Nunca mais fale comigo! Não se aproxime a menos de cinqüenta metros de minha pessoa!
***
- Marlon -
─ É sério, ele é um pesadelo! ─ falo para Fernando, eu estou suando horrores minhas mãos tremem.
─ Calma cara! ─ Marcelo estende um saco de papelão para mim ─ tudo vai ficar bem.
─ Ah! Parem com isso...
─ Shiii ─ Marcelo cala o primo ─ Não se convenceu ainda? ─ ele pergunta ─ ouça a minha história então!
                                    *** Dois anos antes***
─ Só tenta ser menos Marcelo O.K? ─ Daiane me fala estamos no sofá, o porteiro acabara de interfonar dizendo que o pai dela estava subindo.
─ Querida ─ eu começo a falar passando a mão no cabelo e com o meu melhor sorriso ─ isso é impossível, eu sou eu e bem,... só existe eu assim! ─ eu pisco para ela que revira os olhos.
─ Tenta ser menos repulsivo só, beleza? ─ ela responde, eu realmente não entendi o que ela quis dizer.
Batidas na porta, e ela se abre em câmera lenta igual aqueles filmes de terror, e por ela o Coronel Monteiro entra, sem brincadeira, parece que as luzes diminuíram quando ele entrou, todas as sombras do apartamento pareceram se juntar a sombra dele e ele pareceu assustadoramente enorme.
─ Pai ─ Daiane foi correndo abraçar o homem que sorriu.
─ Ola princesa! ─ depois de se abraçarem Daiane olha para mim ─ Ah! Esse deve ser aquele do qual me falou! ─ ele fala, seus olhos param de sorrir e tomam aquela postura assustadora.
─ É o Marcelo pai ─ Daiane concorda, eu me aproximo.
─ Prazer senhor, a Ane me falou muito sobre o senhor! É uma honra conhecê-lo ─ estendo a mão e ele a aperta, eu literalmente consigo ouvir todas as minhas articulações estalarem com o aperto.
─ Vamos ver se este é um pouco mais homem do que o outro! ─ ele me fala, eu rio e penso comigo mesmo “isso não vai ser difícil”.
─ Pai, você prometeu!
─ A querida, mas é verdade!
O almoço pareceu durar uma eternidade, eu tentei agradar ele de todas as maneiras que conhecia, mas o que recebia era uma baforada de respostas acidas. Então a Ane nos deixou só.
─ Ok, rapaz escute aqui! ─ ele se virou para mim, em sua boca agora estava contorcida em um quase rosnado ─ eu não gosto de você! ─ isso foi um Choque, afinal quem não gosta de mim? ─ não é nada pessoal, sabe você esta com a minha filha então é uma regra eu tenho que de odiar, e fazer da sua vida um inferno, então só me responda uma coisa e quem sabe eu o deixo sair daqui andando... ─ me lembro que ele fez uma pergunta, mas eu não me lembro o que foi.
─ Olha aqui, tua filha nem é tão bonita assim! Eu não tenho que passar por isso! ─ eu me lembro de falar depois de ele me interrogar por dez minutos. Eu sai correndo, A Ane me encontrou no corredor.
─ O que aconteceu? ─ ela perguntou.
─ Me desculpe, eu tentei, mas ele... ele é um pesadelo! Eu não consegui! ─ falei calmamente.
***
- Marlon -
─ O que ela me contou, foi um pouco diferente ─ eu falo depois que Marcelo termina ─ ela disse que te encontrou tremendo, e não foi nada calmamente que você disse isso, foi aos berros e enquanto chorava de soluçar.
─ Hum ─ Marcelo pigarreia, aponta o dedo indicador para mim e junta as sobrancelhas ─ isso ela inventou.
─ Que seja ─ falo ─ o fato que é consenso, o pai dela é um pesadelo! Você não pode fazer isso!
─ Ok! ─ Fernando fala vencido ─ vocês me convenceram. Mesmo que ela me peça eu vou dizer não.
***
- Nando -
 Não vejo Daiane pelo resto do dia, depois da pequena intervenção de Marlon e Marcelo no corredor, eu vou para o apartamento e encontro minha mala na sala, Daiane não estava em casa, Milena me falou que ela foi resolver um problema, eu não fico nada satisfeito em saber que ela iria ficar no meu quarto, passei as orientações e ela ficou ciente de que qualquer dano em meus livros iria custar muito caro a ela.
Tive que me arrumar no apartamento de Marlon, o apartamento dele só tinha um quarto, o dele, então tinha duas opções dormir com ele. Ou no colchão na sala, onde haviam correntes de ar vindas de todas as direções, e com o som daquela velharia que ele chamava de geladeira. Então é lógico eu arrumei minha cama na sala.
Era noite quando voltei ao apartamento de Daiane, o pai dela só chegava no sábado, então minha passagem estava liberada por ali. Ao chegar na porta logo vi que algo estava errado.
“...Fiz essa canção para dizer algumas coisas,
cuidado com o destino ele brinca com as pessoas...”
O som está em ultimo volume, eu entro. Encontro Daiane sentada no sofá, ela está de costas para a porta, seus cabelos estão caindo por cima das almofadas, o apartamento estava mergulhado em uma penumbra, mas mesmo assim notei que as pontas dos fios estavam vermelhos.
Aligegigenas? ─ Pergunto abaixando o som, ela se assusta e leva as mãos aos olhos para limpar as lagrimas, ela anui sentando no sofá as mechas vermelhas caem por cima do rosto ─ Pintou o cabelo? ─ pergunto tentando começar uma conversa, geralmente não sou eu quem está nesta posição, não tenho jeito para isso ─ ficou lindo ─ continuo, ela sorri, mas lagrimas ainda cintilam em seus olhos.
─ Sabe ─ ela olha para mim sem graça ─ todo mundo passou por este apartamento hoje, minha ex namorada me viu hoje, e você foi a única pessoa que notou!... Por que? ─ ela franze a testa ─ por que só você repara nestas coisas?
─ Não sei ─ eu falo ─ vi, notei, achei bonito, falei, desculpe estava querendo puxar conversa ─ ela afunda nas almofadas.
─ Não, não precisa ficar assim, só falei, por falar.
─ Eu só vim buscar alguns livros ─ falo virando as costas, mas paro no meio do caminho e volto.
─ Ane ─ eu chamo.
─ Hm? ─ ela responde meio por impulso.
─ Por favor, podemos voltar a ser o que éramos antes? ─ pergunto, ela parece confusa ─ olha, você é a melhor amiga que eu fiz em anos ─ começo, não sei como as palavras não estão saindo todas embaralhadas ─ não quero perder isso, olha não há por que você ficar estranha comigo, nada aconteceu naquela noite, você mesma disse! Por que você está me afastando de ti?
─ Não estou te afastando ─ ela para de falar e começa abanar o rosto como se isso impedisse as lagrimas de caírem, a voz dela fica embargada ─ É que eu faço tudo errado, desculpe não é com você, sou eu!
─ Shii ─ eu a abraço ela começa a soluçar ─ calma, desculpe, eu não queria... droga, quer conversar? O que aconteceu?
Ela fica soluçando por um tempo e então se controla e começa a falar.
─ Não sei, tanta coisa, meu pai esta vindo me visitar, você bem sabe disso ─ ela começa a limpar as lagrimas ─ o Marlon aquele que pensei que era meu amigo, nem para me arrumar um amigo dele para fingir ser meu namorado, e briguei com a Bruna, depois fui encontrar a Natalia no caminho e fiz besteira, de novo.
─ Espere um pouco, você disse que a tua ex te viu hoje, você brigou com a Bruna? Por que? Vocês terminaram? ─ pergunto.
─ Ah! ─ ela desvia o olhar ─ fui seguir um conselho da Milena ─ ela suspira zangada.
─ Bom ─ minha boca começa a falar sozinha ─ quero dizer, quanto a isso não posso fazer nada, mas sobre a outra coisa ─ agora é a vez de meu corpo se mexer sozinho, e se ajoelho em frente a ela e tomo a mão dela a minha ─ Ane, você quer namorar comigo? ─ ela arregala os olhos e prende a respiração ─ Digo, de mentira, já fingimos uma vez, não me custa fazer isso de novo, e bom parece ser importante para você ─ ela para por um momento coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha com a mão livre e sorri.
─ Eu aceito ─ ela responde, só então eu me dou conta do que acabou de acontecer.
─ É ─ eu pigarreio ─ então ta, eu... eu vou indo então ─ gaguejo e saio do apartamento sem os livros.
Quando chego ao apartamento de Marlon e ascendo as luzes a poltrona da sala gira, nem sabia que era uma poltrona giratória e isso me assustou, reprimi um grito quando reconheci que Marlon estava sentado nela com sua cadelinha no colo, ele me olhava fixo e acariciava a cadela.
─ Você fez, não fez? ─ ele pergunta a cadela late para mim como se repetindo a pergunta em cachorrês.
─ Sim ─ eu me jogo no colchão ─ não resisti, ela estava chorando.
─ Você foi avisado que ela joga sujo ─ ele fala, depois suspira ─ bom o funeral é seu ─ Ele gira novamente a poltrona.
Ligo o computador para me distrair, no que o computador reconhece o sina da internet de Marlon minha mãe chama do skype.
─ Alo, mãe ─ atendo a vídeo chamada ─ como vai?
─ Oi, filho, até que em fim consegui falar com você, estou tentando desde o teu aniversario ─ ela fala baixo, e olha para os lados a todo momento como se estivesse se escondendo ─ escute, seu pai não queria que eu te falasse isso ─ ela continua ─ mas temos que falar sobre aquela sua namoradinha.
─ O que? Quem? ─ pergunto confuso.
─ Hora quem, a Daiane! ─ ela responde uma nota mais alto.
─ Ah ─ respondo.
─ Bom, estou preocupada Nando ─ ela volta ao sussurro quase inaudível ─ Não senti verdade nela, estou preocupada que você se machuque...
─ Ah, mãe ─ eu sorrio ─ não á com o que se preocupar ─ eu respondo ─ ela não é minha namorada ─ falo ─ nós estamos fingindo, é um relacionamento de fachada por assim dizer ─ eu sorrio nervoso.
─ Hum, então é pior do que eu esperava ─ ela murmura para si mesma.
─ Por que? ─ pergunto curioso.
─ Isso nunca da certo Nando ─ ela responde ─ você não sabe, mas foi assim que eu e seu pai começamos a namorar ─ ela fala ─ é uma brincadeira perigosa isso, as vezes da certo como aconteceu conosco, mas não creio que ela seja mulher para você filho.
─ Não se preocupe mãe, nós não corremos este risco ─ eu respondo sorrindo em deboche ─ o motivo de nós estarmos fingindo é que ela é Gay ─ falo, minha mãe arqueia as sobrancelhas.
─ Ah! ─ ela gagueja ─ neste caso... JÁ VOU QUERIDO! ─ ela grita como se meu pai estivesse a chamando, coisa que sei que é mentira ─ bom tenho que ir, conversamos mais depois.
A ligação cai.
─ Cruzes ─ Marlon murmura virando a poltrona novamente ─ coitada da sua mulher se um dia você encontrar alguma, sua mãe vai transformar a vida da coitada em um inferno ─ eu dou de ombros.
─ Mãe, é mãe não é verdade?
** Dia dos Pais**
─ Ane você está aqui? ─ pergunto ao entrar no apartamento, são onze da manhã, o apartamento está em silencio. Dou três passos para dentro do apartamento então a porta se bate com violência atrás de mim.
 Viro-me assustado e encontro a imagem de um homem de uns cinqüenta anos, tinha no máximo um metro e meio de altura, careca e com um bigode grosso e grisalho escondendo o lábio.
─ Você deve ser o Fernando ─ ele fala em uma voz fria, reconheço o olhar de “vou fazer sua morte ser mais dolorosa do que a de cristo” no rosto dele.
─ E o senhor deve ser o pai da Ane? ─ pergunto, ele concorda em um rosnado e passa por mim indo em direção ao sofá.
─ Ela não está, deu uma saída, foi com a amiga no mercado ─ ele se joga no sofá e pega o controle da TV, antes de ligar o aparelho ele olha para mim ─ vai sentar? ─ ele resmunga ─ ou congelou ai?
─ Ah! ─ eu tento encontrar as palavras, e digo para minha própria voz não afinar ─ sim, obrigado.
─ Foi propicia essa ausência de minha filha ─ ele começa a falar sento no sofá no lugar de frente a ele, de costas para a porta ─ assim podemos falar, de homem para homem ─ ele deixa o controle ao lado e começa a estalar os dedos ─ entendo que você esteja assustado ─ ele começa ─ afinal você não passa de um frangote ─ nem tenho tempo para ficar ofendido, tenho que me concentrar para manter meus pulmões trabalhando ─ não é nada pessoal, acho que a Daiane faz isso para me castigar, ano após ano ela me aparece com cada tralha ─ ele começa a se queixar ─ bom ta na cara que nós não temos nada em comum ─ ele apoiou os braços nos joelhos e apontou para mim ─ então me responda uma coisa... ─ “é agora! A hora da pergunta” ─ me diga apenas uma coisa que nós podemos ter em comum?
A circulação em meus ouvidos aumenta, tudo fica em silencio, começo a sentir calor e a suar, ele fica me olhando com aquele olhar duro, de repente eu perco a capacidade da fala, então parece que as palavras flutuam em minha frente.
─ Bom... ─ eu começo ─ Esta certo que você ama sua filha ─ outra pausa ─ e quer a felicidade dela ─ ele nem pisca, o olhar fixo em mim ─ esta ai algo que temos em comum, eu amo a Daiane, e faria de tudo para vê-la feliz.
Ele fica sério por um segundo, depois ele sorri, seus olhos deixam aquela postura fria.
─ Rá! ─ ele bate em meu braço, e olha por cima do meu ombro ─ não sei onde você encontrou esse chaveirinho de esqueleto Ane, mas eu gosto dele!
Minha face fica fria, eu olho para trás e Daiane está na porta do apartamento, não acho que ela esteja ali há muito tempo, mas pela sua expressão deve ter ouvido o que não devia.
─ É, espero que estejam com fome ─ ela fala entrando e indo reto para a cozinha.
─ Só falta você dizer que torce para o Coxa ─ ele fala ligando a TV.
─ Acho que vou ter que te decepcionar senhor ─ falo como se estivesse andando em ovos ─ mas como dizem, a mãe escolhe o nome, o pai o time, sou Furacão ─ ele me olha rápido, fica serio por um segundo então sorri.
─ É sério Ane! Parece que você acertou desta vez ─ ele grita depois se vira para a TV novamente ─ se isso é verdade, anote mais um ponto em comum guri.
O almoço passa agradável, parece que o pior já havia passado. Assistimos o jogo, o coronel fica de mau humor com o resultado.
─ Tá louco! Empatar com o esporte! Vai querer ganhar de quem? ─ ele resmunga, constantemente.
Sai logo depois que o jogo acabou e fui para o apartamento de Marlon, quando chego Marcelo e Marlon estavam a minha espera.
─ Então? ─ Marcelo pergunta quando eu entro.
─ Está inteiro? ─ Marlon pergunta aflito vindo em minha direção e apalpando meu corpo.
─ Hei ─ eu reclamo desviando dele ─ está tudo bem! ─ falo para eles ─ parece que minha teoria provou-se verdadeira ─ falo indo me sentar na poltrona, Bete pula no meu colo ─ os pais me adoram! E vocês me assustando, você ─ eu olho para Marcelo ─ me fez pensar que o cara tinha três metros e na verdade tinha a metade disso!
─ O que? ─ os dois perguntaram.
─ Um: até um homem muito pequeno, pode lançar uma sombra enorme e dois: Você se deu bem com ele? ─ Marcelo perguntou desconfiado ─ isto é impossível! Nem eu consegui isso!
─ Bom parece que encontramos algo em que eu sou melhor que você não é? ─ falo, ele balança a cabeça inconformado.
─ Impossível ─ ele grita ─ impossível ─ ele grita novamente saindo do apartamento e batendo a porta.
─ Ele vai precisar de um tempo para se conformar ─ Marlon murmura. Eu sorrio para mim mesmo, tai uma sensação inédita e maravilhosa.
*** Segunda à noite***
Eu subo com Marlon pela escada para não correr o risco de topar com o coronel no elevador, eu espio o corredor para ver se ele está livre, então faço sinal para Marlon passar pela porta do apartamento de Daiane, ele passa correndo, mas para a uns passos da porta, eu logo o alcanço e descubro por que ele parou.
─ Não me de este desgosto Daiane ─ o coronel está gritando ─ você sabe muito bem que não foi à doença que levou a sua mãe, mas foi à depressão! Ela perdeu a vontade de viver, e definhou depois que não pode mais dançar! Não vou aguentar ver você passando por isso! ─ Daiane responde algo que não conseguimos entender.
─ Não devíamos ficar aqui! ─ eu sussurro para Marlon ele anui.
─ Tem razão ─ ele responde ─ mais perto da porta nós ouvimos melhor! ─ ele fala correndo para a porta. Eu resisto o instinto de ir atrás dele de inicio, mas no fim se junto a ele.
─ Acho bom mesmo ─ o coronel continua, não conseguimos ouvir o que Daiane disse, então as vozes ficam mais baixas e não ouvimos mais nada.
─ O que está pegando aqui? ─ Milena pergunta de nossas costas.
─ Hum, nada! ─ Marlon fala ─ o Nando estava me detendo de entrar aqui ─ ele mente ─ me esqueci do coronel ─ ele bate na própria testa ─ valeu cara ─ ele soca meu braço ─ vamos?
***Mais a noite***
─ Cuide bem da minha menina guri ─ o Coronel está de partida eu e Daiane estamos na frente do prédio o taxista está colocando as malas no porta malas ─ eu gostei de ti, mas eu sei usar uma arma, é bom que fique com isso em mente!
─ Pai! ─ Daiane o repreende.
─ Brincadeira menina ─ ele sorri para a filha ─ bom vou indo então!
Ficamos olhando o taxi desaparecer, então subimos para o nosso apartamento, ela faz o trajeto em silencio, entro com ela no apartamento, só então me lembro que Milena está no meu quarto.
─ Bom, eu vou indo! ─ falo indo em direção a saída ─ boa noite.
─ Aonde você vai? ─ Daiane me pergunta.
─ Para a casa do Marlon, a Milena ainda está no meu quarto ─ falo.
─ Não ─ ele murmura ─ Fica ─ eu olho para o sofá e calculo pelo menos ele vai ser mais confortável do que o colchão do chão da casa de Marlon ─ Vem! ─ ela continua.
─ Desculpe?! ─ pergunto assustado ─ onde? É tarde.
─ Não... ─ ela faz uma pausa então continua ─ você mesmo disse, nós somos amigos, não é? ─ eu concordo com a cabeça ─ então vem! Você me protege dos aligegigenas ─ ela pega minha mão e me conduz para os quartos ─ eu confio em você.
─ Está bem ─ sussurro confuso.
*** Mais Tarde ***
Eu acordo no meio da madrugada, estou todo doido dormi o mais longe que pude de Daiane, ou seja grudado na parede, mas ela é do tipo de pessoa que dorme esparramada na cama, ela se atravessa na cama. Primeiro sinto seus pés procurando os meus, um tempo depois seu corpo vem para mais perto de mim, ela está de costas para mim, sua respiração é suave, ela dorme profundamente.
Êxito por um tempo, mas então a abraço.
Durmo sentindo o perfume doce de seus cabelos, meu coração ribomba no peito. Momentos depois acordo, no começo me assusto, penso que ela está me afastando, pois sinto o braço dela batendo no meu, eu tiro o braço então reparo que ela ainda dorme, mas seu braço treme. A abraço novamente, agora deslizo minha mão pelo braço dela e seguro sua mão na minha.
O quarto está escuro, mas a luz que vem da fresta da porta e da janela deixam a penumbra suficiente para que eu possa ver o rosto dela.
Algo explode em meu ombro, vejo uma fumaça vermelha subindo dele e vejo um mini Marcelo empoleirado ali.
─ Beija! ─ ele fala, consigo ver aquele sorriso malicioso no mini rosto ─ Você, quer sei disso, ela também quer, você sabe disso.
Começo a fechar os olhos e me aproximar do rosto dela.
─ PARA! PARA! PARA TUTO! ─ outra explosão desta vez uma fumaça Pink abro os olhos e desta vez um mini Marlon está se empurrando com o mini Marcelo ─ ela confia em você! ─ diz o mini Marlon.
─ Cala a boca bicha, ele ta quase lá! ─ mini Marcelo grita.
─ Não ele vai estragar tudo ─ mini Marlon responde.
─ Vão embora ─ murmuro para os dois.
─ Lembre-se que ela confia em ti... ─ mini Marlon fala, mas se desintegra quando Marcelo o cutuca com um tridente vermelho.
─ Vai fundo tigrão! ─ ele fala, mas em seguida também explode.
Eu beijo o pescoço de Daiane, então me recosto no travesseiro e durmo.


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